| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 337 - 18 a 24 de setembro de 2006
Leia nesta edição
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Cotuca e Cotil estão, desde seu nascimento,
entre as melhores escolas técnicas da região

Colégios técnicos já estavam na
gênese do projeto de Zeferino Vaz


Cotuca oferece 14 cursos técnicos e três especializações técnicas, atendendo atualmente a 1.900 alunos do ensino médio (Fotos: Arquivo/Antoninho Perri/Neldo Cantanti) Cotuca oferece 14 cursos técnicos e três especializações técnicas, atendendo atualmente a 1.900 alunos do ensino médio (Fotos: Arquivo/Antoninho Perri/Neldo Cantanti)

Alunos em frente ao Cotuca em 1970: curso inicial foi de Máquinas e Motores Logo após o lançamento da pedra fundamental que marcaria a instalação do campus da Unicamp, em outubro de 1966, Zeferino Vaz manifestou a intenção de expandir seu projeto. De alguma forma, era preciso olhar também para os estudantes que ainda não haviam chegado ao nível universitário, preparando-os desde cedo para o mercado de trabalho. “Não podemos nos limitar à formação de generais; também precisamos formar sargentos”, costumava dizer. A saída foi adotar o modelo das escolas técnicas, conjugando o ensino formal aos cursos profissionalizantes. Em menos de um ano, duas unidades seriam inauguradas: o Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) e o Colégio Técnico de Limeira (Cotil).

Modelo alia ensino formal com formação profissional dos jovens

Armando José Geraldo, atual diretor: formação profissional de alto nívelO Cotuca começou a funcionar em 1967, mas sua história está conectada a fatos que remontam à Campinas do início do século 20. Na época, o comerciante Bento Quirino dos Santos, abolicionista e republicano, deixou em testamento a quantia de mil réis para fundação de um instituto de ensino profissional. Logo após a sua morte, em 1914, amigos constituíram a Associação Profissional Bento Quirino, que tratou da construção do edifício. O arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, que havia anos estava envolvido com o ensino profissionalizante do Liceu e da Poli em São Paulo, encarregou-se da obra, concluída em abril de 1918. O instituto tinha o objetivo de formar artesãos, carpinteiros, marceneiros e serralheiros. Em 1927, a administração passou para o governo do Estado. Em 1965, chegou a chamar-se Ginásio Industrial Estadual e, em 1967, foi incorporado à Unicamp, recebendo o nome Cotuca.

A fachada do prédio construído por Ramos de Azevedo, hoje: estilo conservado como patrimônio históricoTombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), o prédio construído por Ramos de Azevedo põe o Cotuca em destaque. Localizado à rua Culto à Ciência, no centro de Campinas, está dividido em dois grandes blocos paralelos: de um lado, as salas de aula com um grande salão de festas e, do outro, os oficinas e laboratórios. Mas é com o corpo docente, o modelo pedagógico e o conteúdo programático que o Colégio conquistou fama e respeito. São 14 cursos técnicos e três especializações técnicas, que atendem a 1.900 alunos do ensino médio. “Nosso objetivo é proporcionar ao aluno uma formação profissional de alto nível, com sólida base de educação geral”, diz o atual diretor, Armando José Geraldo.

O Cotuca iniciou suas atividades com os cursos de Máquinas e Motores, Eletrotécnica e Alimentos, no período diurno. Em 1971, passou a oferecer o curso Técnico em Enfermagem, inicialmente nas dependências da Santa Casa de Misericórdia e na Maternidade de Campinas e, posteriormente, no prédio do próprio colégio. Em 1973, criou o curso de Processamento de Dados, objetivando a preparação de mão-de-obra qualificada na área de informática. Em 1978, visando atender um grande segmento de jovens e adultos trabalhadores, portadores de diploma de 2º grau, passou a oferecer cursos técnicos de Mecânica e Eletrotécnica, na modalidade de Qualificação Profissional nível 4, ambos no período noturno. Em 1991, o curso de Eletrotécnica passou por uma profunda revisão curricular, motivada pelo rápido avanço da indústria de eletrônica na região de Campinas, formando Técnicos em Eletroeletrônica.

O Cotil deslanchou em 1973 e criou o curso de Enfermagem O avanço tecnológico também motivou, em 1993, a criação do curso Técnico em Plásticos. O objetivo era atender às demandas das indústrias de artefatos de plásticos e embalagens. Ainda em 1993 foi implantada a habilitação em Equipamentos Médico-Hospitalares. A partir de 1997, o curso de Processamento de Dados, agora denominado de Informática, passou a ser oferecido também no período noturno. Ao mesmo tempo, o surgimento de um grande número de indústrias de telecomunicações na região de Campinas motivou a criação do curso Técnico em Telecomunicações.

Aluno no Laboratório de Mecânica: boa chance de empregoEm 2001 foi implantada uma nova habilitação técnica, Técnico em Segurança do Trabalho. Foi também criada uma especialização de nível técnico, Gestão pela Qualidade e Produtividade, para possuidores de diploma técnico. No ano de 2002 criou-se a especialização de nível técnico em Projetos Mecânicos Assistidos por Computador. Em 2003 teve início o curso Técnico Ambiental com ênfase em Gestão, além da especialização de nível técnico em Materiais Metálicos. Atualmente, o Cotuca conta com mais de 300 empresas conveniadas, para encaminhamento de estagiários.

Em Limeira – Embora com a mesma configuração educacional, o Cotil seguiu trajetória diferente do Cotuca. Em 1967, para instalar o colégio em Limeira, Zeferino contou com o apoio do professor Manuel da Silva, então diretor do Ginásio Estadual Industrial Trajano Camargo. Um ano antes, o fundador da Unicamp já havia recorrido ao mesmo professor para elaborar o anteprojeto da Faculdade de Engenharia Civil. Silva não só aceitou o convite para ser o primeiro diretor do colégio técnico como disponibilizou quatro salas de aula no Trajano Camargo para abrigar as primeiras turmas do Cotil.

A cerimônia de inauguração“O Zeferino era um homem muito dinâmico, de muita visão, e acabava empolgando todo mundo”, recorda Silva. Instalado oficialmente em abril de 1967, o Cotil iniciou suas atividades com os cursos de Máquinas e Motores, Edificações e Estradas. Enquanto o diretor coordenava as aulas, Zeferino articulava um espaço para construir o prédio próprio do colégio. O objetivo foi alcançado no início da década de 1970, quando a família Ometo doou uma área de 27 mil metros quadrados para a construção das novas instalações. “Era um imenso pasto, cheio de capim barba-de-bode”, afirma Silva.

Cotil no novo tempo: 1.500 alunos em seis cursos de habilitação profissionalCom a inauguração do novo prédio em 1973, o Cotil deslanchou. Criou-se o curso de Enfermagem e alterou-se a denominação do curso de Máquinas e Motores para Mecânica. Em 1991 foi autorizado o curso de Agrimensura, em substituição ao curso de Estradas, com início em 1992. No mesmo ano criou-se o curso de Processamento de Dados, mais tarde denominado de Informática e, em 1994, o curso de Qualidade e Produtividade, o primeiro da América Latina. Atualmente, com 1,5 mil alunos, a instituição oferece habilitações profissionais em Geomática, Construção Civil, Enfermagem, Mecânica, Informática e Qualidade e Produtividade.

Manuel da Silva, primeiro diretor: “Zeferino tinha muita visão”“Nosso objetivo é proporcionar ao educando a formação necessária para o desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-realização, preparação para o trabalho e exercício consciente da cidadania”, afirma o Paulo Saran: “Empresas carecem de técnicos” atual diretor, Paulo Sergio Saran. Para alcançar essas metas, Zeferino preocupou-se em buscar profissionais gabaritados. Gente como Álvares Gracioli, à época diretor da Rocco Indústria de Máquinas, e Celestino Mikami, engenheiro mecânico que atuava metalúrgica Fumagalli. “Como foi o primeiro colégio da cidade com estas características, o Cotil passou a ser uma espécie de grife para os estudantes”, comenta Silva.

Para Paulo Saran, o ensino técnico possui papel estratégico no processo de desenvolvimento nacional. “As empresas têm uma carência muito grande de profissionais técnicos”, destaca. Segundo ele, esse contexto aumenta as chances de emprego para estudantes que optam por cursos de formação profissional. “É uma experiência importante, que pode definir o futuro desses jovens”.

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