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Estudo comprova benefícios da hidroginástica para gestantes
Quando Jesus Cristo é o protagonista nas telas
Engenheiro mostra o papel da qualificação na construção civil
No rastro do peixe-papagaio

Sérgio Cavalcante e Erica Passos Baciuk: exercícios atenuam desconfortos (Foto: Antoninho Perri)Estudo comprova benefícios da hidroginástica para gestantes

Os momentos que antecedem o parto são repletos de cuidados por parte das gestantes. A equipe de profissionais do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism) recomenda um cuidado a mais: fazer hidroginástica. O acompanhamento foi realizado em 78 grávidas, divididas em dois grupos, desde o início da gestação até o nascimento do bebê. A conclusão foi a de que as mulheres que realizaram atividades físicas na água se mostraram mais preparadas para suportar a dor durante o trabalho de parto.

“Das que realizaram o parto normal, 65% do grupo sedentário solicitaram analgésicos, e apenas 27% do grupo da hidro pediram analgesia”, detalha a fisioterapeuta Erica Passos Baciuk, autora de tese de doutorado sobre o assunto defendida na Faculdade de Ciências Médicas (FCM).

Para que não houvesse interferência nos resultados, todas as mulheres participantes do trabalho de pesquisa eram sedentárias. Um dos grupos, com 34 mulheres, fez hidroginástica durante cerca de seis meses por 50 minutos; o outro, composto de 37 gestantes, realizou apenas os testes de capacidade cardiovascular sem interferir na programação normal de pré-natal. “A dúvida presente na literatura era se a prática de atividade física na gestação por mulheres que não praticavam nenhum exercício interferiria de alguma forma na saúde da mãe ou do feto”, explica o professor de Educação Física Sérgio Cavalcante. Segundo ele, os estudos comprovaram que os exercícios não só melhoram o desempenho no parto como também aliviam os desconfortos durante a gravidez pelo aumento do peso corporal e as dores lombares.

 Além de Erica e Cavalcante, outros três trabalhos integram o grupo de pesquisa, coordenado pelo professor Guilherme Cecatti. Duas dissertações de mestrado em andamento estudam a qualidade de vida das gestantes e sua relação com exercício físico – de Ana Vallim –, e a avaliação da freqüência cardíaca fetal antes e após exercício físico moderado em água – em estudo feito por Carla Silveira. Outra pesquisa, já apresentada por Márcia Dertkigil, estudou a influência da imersão da gestante em água, durante a hidroginástica, sobre o volume do líquido amniótico.


Quando Jesus Cristo é o protagonista nas telas

O historiador Luiz Vadico: análise apurada de filmes sobre Jesus Cristo (Foto: Antoninho Perri)A conspiração política dos judeus para matar Jesus Cristo aparece de forma enfática – e manipulada – no filme Golgotha, dirigido pelo francês Julien Divivier, em 1935. Na obra, os judeus observam indiferentes às atrocidades – as crianças atiram pedras e as mulheres desmaiam como se sentissem prazer pelo quadro. “A mensagem do filme é claramente um estímulo ao anti-semitismo. Na França daquele período despontavam alguns movimentos contra os judeus; o filme tenta criar uma imagem cruel da raça”, explica o historiador Luiz Vadico. O pesquisador analisou dezenas de filmes sobre a vida de Jesus Cristo para formular a tese de doutorado “A imagem do ícone – cristologia através do cinema. Um estudo sobre a adaptação cinematográfica da vida de Jesus Cristo”, defendida no Departamento de Multimeios do Instituto de Artes (IA) da Unicamp.

Orientado pelo professor Marcius Freire, Vadico realizou um trabalho inédito no Brasil ao examinar a produção cinematográfica do período que vai de 1895 a 2004, levando em consideração a percepção de outros críticos e o momento histórico da produção. Ele calcula que foram 21 os principais filmes com a temática envolvendo a vida de Cristo. “A minha pergunta era se o cinema teria desenvolvido incidental ou acidentalmente a cristologia ou as imagens e títulos que cercam a pessoa de Jesus”, questiona. Sua análise resultou em três volumes com 900 páginas, contendo questões detalhadas sobre cada filme.

Segundo o historiador, em muitos filmes as falas não condizem com o contexto em que se desenrolam os acontecimentos. Em Jesus Cristo Superstar (1973), de Norman Jewison, as situações se opõem às descrições da Bíblia e de fatos históricos. “Traz uma imagem de adolescente rebelde, irritadiço, que não fazia caridade, tinha defeitos morais e mais se parecia com o anti-cristo. Essa foi a mensagem passada”, analisa. Um filme mais recente, A Paixão de Cristo, dirigido por Mel Gibson, que foi visto por milhões de pessoas em vários países, também não escapou da crítica do historiador. Na avaliação de Vadico, que também é escritor, o filme exagera no flagelo e é marcado pela utilização da tradição medieval. “Foi a primeira vez, por exemplo, que Jesus evitou conversar com o diabo. Na verdade, Jesus sempre contesta a figura maligna, mas não dá as costas e o ignora”, avalia.


Engenheiro mostra o papel da
qualificação na construção civil

O engenheiro civil Aparecido Fujimoto: educação como “arte suprema” (Foto: Neldo Cantanti)Os“A Educação é uma arte suprema em todas as atividades”. A partir desta definição, Aparecido Fujimoto decidiu elucidar um pouco mais o universo da qualificação profissional na construção civil. Atuante na área acadêmica como professor, é engenheiro civil, físico e empresário do setor há mais de trinta anos. Ele visitou 28 empresas e entrevistou diretores, gerentes de departamentos de RH, representantes de entidades da categoria e funcionários para consolidar seu trabalho de doutoramento “Treinamento e Educação: qualificação profissional da construção civil”, orientada pelo professor Vladimir Antonio Paulon, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo.

Seu envolvimento no assunto permitiu defender a tese de que o foco principal de uma empresa deve ser as pessoas, ou seja, a abordagem humanística deve ser priorizada. “São as pessoas educadas permanentemente que fazem as empresas e instituições e, por isso, elas devem ser tratadas de forma especial”, analisa. Ele acredita que o treinamento baseado na educação permanente permite o bom desempenho na produtividade. “É fundamental, além de confiar nas pessoas e em suas capacidades, procurar reconhecer e valorizar o potencial intrínseco de cada uma delas”, esclarece.

Para o engenheiro, a sala de aula para os momentos de aprendizagem técnica, e sua interdependência, cria um ambiente diferente do usual. “O funcionário se sente valorizado e, nas reuniões, minimizam-se momentos que ocorrem, como medo, ansiedade, angústia e sofrimento em decorrência da árdua atividade nos processos construtivos”.

A pesquisa constatou que as empresas que promovem treinamentos baseados na educação apresentam graus de satisfação com o comportamento e desempenho profissional. Os funcionários, por sua vez, também demonstram eficiência e eficácia, além do orgulho daquilo que lhes são confiados. Fujimoto tem consciência de que a consolidação desse modelo é um processo lento. Um exemplo é o tempo consumido desde as primeiras letras até a conclusão do ensino superior. “São 16 anos ou mais de dedicação. Costumo comparar com a tartaruga. É lenta, mas segura”, avalia.


No rastro do peixe-papagaio

A bióloga Roberta Martini Bonaldo: mergulhos no arquipélago pernambucano de Fernando de Noronha  (Foto: Neldo Cantanti)Os dentes fundidos em placas e a coloração extraordinária traduzem o porquê do nome popular dos peixes-papagaio. Da família Scaridae, são 10 espécies que ocorrem nos recifes brasileiros, sendo a maior delas extinta. Os peixes-papagaio são herbívoros e possuem um papel fundamental no controle do crescimento das algas marinhas. Por isso, estudar o comportamento e a atividade alimentar destes peixes é essencial para a bióloga Roberta Martini Bonaldo. Anualmente, ela se desloca para Fernando de Noronha, em Pernambuco, para mergulhar fundo e caracterizar a alimentação de três espécies existentes no local. Por enquanto, suas investigações renderam a dissertação de mestrado “Atividade de forrageamento de três espécies sintópicas de Sparisoma (Perciformes: Scaridae) no arquipélago de Fernando de Noronha, Pernambuco”, apresentada no Instituto de Biologia.

As mandíbulas fortes dos peixes-papagaio fazem com que eles sejam capazes de retirar algas – seu principal alimento – de rochas e corais. Durante a alimentação, esses peixes acabam ingerindo também porções de rochas e corais, que são trituradas durante a digestão, e eliminadas em forma de grãos de areia nos recifes, contribuindo, assim, para a formação de sedimento no fundo do mar. “Este é um fator importante para o ambiente marinho. Além disso, as algas têm altas taxas de crescimento e sem a existência dos peixes herbívoros não haveria controle da expansão das algas nos recifes. Assim, muitos pesquisadores acreditam que, sem esses peixes, os recifes não poderiam existir como são hoje”, explica Roberta. Uma outra curiosidade sobre os peixes-papagaio é que eles podem mudar de cor e sexo quando adultos.

(Foto: Reprodução)Orientada pelo professor Ivan Sazima e financiada pela Capes, Roberta estudou também associações alimentares entre os peixes-papagaio e outros organismos marinhos. Ao se alimentarem, eles perturbam o substrato, expondo partículas de alimento. Essa perturbação chama a atenção de outros organismos, principalmente peixes carnívoros, que passam a seguir os peixes-papagaio durante sua alimentação. Além disso, os peixes-papagaio também participam da simbiose de limpeza, na qual peixes e camarões limpadores retiram parasitas e tecido danificado dos peixes-papagaio. Roberta descobriu que o peixe, nas fases adultas (inicial e terminal), diferem quanto à freqüência com que se associam a espécies limpadoras e seguidoras, mostrando que mesmo peixes de mesma espécie podem ter diferentes papéis em uma comunidade.

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