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Pesquisa aponta queda nos
casos de parasitoses intestinais

MANUEL ALVES FILHO

A professora Angélica Maria Bicudo Zeferino, orientadora da pesquisa, e o aluno Felipe Monte Cardoso: problema de saúde públicaA prevalência de parasitoses intestinais na população de Campinas apresenta tendência de queda, seguindo um comportamento verificado no Brasil e no Estado de São Paulo. A despeito disso, mantêm-se como um importante problema de saúde pública a ser superado, sobretudo na infância e nas áreas mais pobres da cidade. As conclusões, ainda em caráter preliminar, são de uma pesquisa que está sendo realizada por Felipe Monte Cardoso, aluno do 5º ano de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. O estudante analisou 5.926 exames protoparasitológicos referentes a 45 centros de saúde e dois ambulatórios da rede básica do município. A prevalência geral foi de 19,2%, sendo que os parasitas mais freqüentes foram Giardia lamblia (4,02%) e Ascaris lumbricoides (2,57%). Em nove unidades de saúde, foi encontrada freqüência acima de 30% de enteroparasitas. Os dados, conforme o autor do trabalho, reforçam a necessidade de continuar pautando essas enfermidades dentro de políticas públicas de saneamento, educação e saúde.

De acordo com a orientadora da pesquisa, a pediatra e professora da FCM, Angélica Maria Bicudo Zeferino, as parasitoses intestinais figuram entre os diagnósticos mais freqüentes no mundo, tanto em adultos quanto em crianças. No Brasil, constituem um importante problema de saúde pública, particularmente nas zonas rurais e nos bolsões de pobreza dos grandes centros urbanos. Esses parasitas podem causar sérias complicações clínicas, como obstrução intestinal, anemia e diarréia, apenas para ficar em alguns exemplos.

No Brasil, todavia, a prevalência dessas afecções tem apresentado tendência de declínio nos últimos anos, principalmente por conta da melhoria das condições de saneamento nas áreas urbanas, o que incluiu a ampliação do abastecimento de água tratada e a expansão das redes coletoras de esgoto. Está relacionada, ainda, com programas voltados à universalização da saúde e educação. A partir dessa realidade, Felipe decidiu investigar como estava o quadro em Campinas, cidade em que 96,98% da população recebe água tratada e 86,43% é atendida por rede de esgoto, conforme dados da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S. A. (Sanasa).

Para desenvolver a pesquisa, o estudante coletou os exames protoparasitológicos realizados no mês de julho de 2002 na rede básica de saúde do município. O período foi escolhido aleatoriamente. Foram analisados 5.926 resultados. Felipe considerou variáveis como sexo e idade. Além disso, agrupou os centros por Distritos de Saúde, calculando a prevalência das parasitoses intestinais tanto por centro quanto por distrito. Entre os exames verificados, 1.553 apresentaram resultados positivos, sendo que 1.136 pacientes tinham pelo menos um parasita.

A prevalência por faixa etária distribuiu-se da seguinte forma: 0 a 1 ano (14,2%), 2 a 5 anos (27,6%), 6 a 11 anos (30,3%) e acima dos 12 anos (25, 3%). Os dez centros de saúde que apresentaram maior ocorrência de parasitoses encontram-se nos bairros São Quirino, União de Bairros, São Domingos, DIC 3, Conceição, Barão Geraldo, Jardim Florence, Jardim Aeroporto, Jardim São José e Parque Aquino. São localidades consideradas pobres ou que abrigam núcleos extremamente carentes, como favelas ou áreas de ocupação. Em relação à prevalência por Distrito de Saúde, o estudo apurou que o da região Leste do município tem um índice de 30,5%. Já os das faixas Noroeste, Norte, Sudoeste e Sul apresentaram, respectivamente, taxas de ocorrência de 26,7%, 23,2%, 24,5% e 25,1%.

Ao comparar os resultados da sua pesquisa com os de outros estudos semelhantes desenvolvidos no Estado de São Paulo, que a exemplo do Brasil tem demonstrado um declínio na prevalência de parasitoses intestinais, Felipe verificou que eles estão dentro da mesma tendência de queda (veja tabela). “Apesar disso, os números indicam que as parasitoses continuam sendo um problema que merece atenção por parte das autoridades locais de saúde. De maneira geral, elas estão associadas a carências socioeconômicas que precisam ser superadas ou pelo menos minimizadas, como falta de saneamento, condições precárias de moradia, difícil acesso a programas de saúde e baixa escolaridade”, afirma o estudante, um futuro pediatra.

De acordo com a professora Angélica, o estudo do seu orientado será apresentado inicialmente no Congresso Interno de Iniciação Científica da Unicamp, que será realizado nos dias 25 e 26 de setembro. Depois, será encaminhado para publicação. “Mas nós também entregaremos a pesquisa à Prefeitura de Campinas, para que ajude eventualmente na formulação de políticas públicas voltadas à erradicação dessas enfermidades. Essa iniciativa reafirma a necessidade das investigações conduzidas na FCM”, diz. O trabalho de Felipe foi co-orientado pelos professores Maria Ângela M. Antonio e André Moreno Morcillo.

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