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Tese mostra que atividade extracurricular é importante para formação de universitários

Estudo prova que experiências adicionais resultam
em contribuições para a vida pessoal e acadêmica

MANUEL ALVES FILHO

Trabalho de estudantes no Congresso de Iniciação Científica da Unicamp: atividade não-obrigatória é diferencialAs atividades não-obrigatórias, aquelas que não compõem a grade curricular de um curso, como a participação em empresas juniores e em projetos de iniciação científica, são importantes para o desenvolvimento e a formação global do universitário. A conclusão faz parte da pesquisa realizada para a dissertação de mestrado da psicóloga Camila Alves Fior, apresentada à Faculdade de Educação (FE) da Unicamp. Em seu trabalho, ela entrevistou 16 estudantes matriculados há no mínimo cinco semestres em cursos de graduação da própria Universidade, nas quatro grandes áreas do conhecimento. Todos os alunos destacaram que essas experiências adicionais trouxeram contribuições tanto para a vida pessoal quanto acadêmica. "Os resultados obtidos confirmam dados da literatura, segundo os quais as experiências educacionais ultrapassam os limites da sala de aula e das exigências cirriculares obrigatórias", afirma Camila.

O objetivo da pesquisa, conforme a psicóloga, foi investigar as relações estabelecidas pelos estudantes entre o envolvimento em atividades não-obrigatórias e as mudanças pessoais percebidas. Esse tipo de informação, conforme Camila, é bastante escassa no Brasil. Para os alunos da Unicamp, as atividades obrigatórias e as não-obrigatórias estão de algum modo integradas. A primeira, obviamente, concorre para a melhor formação profissional. Já a segunda constitui um diferencial nessa formação, pois cria laços afetivos e amplia o compromisso com a futura carreira.

A psicóloga Calima Alves Fior: experiências ultrapassam os limites da sala de aulaEntre as experiências não-obrigatórias assinaladas pelos estudantes, aparecem como as mais importantes a participação em projetos de iniciação científica e em empresas juniores, o contato com os próprios pares e com os professores, viagens, atividades de liderança etc. Todas elas, de acordo com os entrevistados, proporcionaram mudanças pessoais positivas. A relação com os colegas, por exemplo, foi citada como um elemento importante para alterações em relação ao humanitarismo, competência interpessoal, habilidades acadêmicas, conhecimentos e complexidade cognitiva. O contato com os docentes, por sua vez, contribuiu para mudanças nos três últimos domínios.

Já as influências institucionais, as atividades de liderança, as acadêmicas e as de trabalho foram associadas pelos estudantes a modificações na complexidade cognitiva, sendo que as três últimas também foram relacionadas a mudanças na competência interpessoal. "As atividades acadêmicas e de trabalho também possibilitaram, segundo os entrevistados, alterações na competência prática, sendo que esta última ainda foi associada a mudanças no humanitarismo", afirma Camila.

Na avaliação da psicóloga, o resultado do estudo concorre para a tese segundo a qual a formação do universitário extrapola os limites da sala de aula, o que significa considerar a vivência dele de modo mais amplo, ainda que isso não seja exigido para a integralização do curso. "Mas essa constatação não implica em sugerir que as atividades não-obrigatórias substituam as obrigatórias. Trata-se, antes de tudo, de uma contribuição para uma reflexão mais apurada sobre a questão. A resposta talvez esteja na definição de currículos mais flexíveis que favoreçam a integração de ambas as experiências, o que poderia contribuir para a formação mais ampla do universitário", analisa Camila.

A psicóloga adverte, porém, que a sua pesquisa teve um caráter estritamente qualitativo. Ela acredita ser necessário o aprofundamento da discussão. Isso poderia ser feito por meio de estudos que avaliem, por exemplo, os eventuais impactos negativos das atividades não-obrigatórias. "É preciso saber, entre outras coisas, se um estudante que se dedica muito a essas atividades tem um rendimento menor do que aquele que não se dedica tanto", explica. A dissertação foi orientada pela professora Elizabeth Nogueira Gomes da Silva Mercuri, da FE.

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