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Pesquisa conclui que
uso do salto alto é benéfico

ANTONIO ROBERTO FAVA

O cirurgião vascular João Potério Filho observa teste na esteira: medição da compressão das veiasPesquisas iniciadas há dois anos pelo professor e cirurgião vascular João Potério Filho, do Departamento de Cirurgia Vascular do Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp, mostram que o uso do salto alto reduz a pressão nas veias das pernas e tem grande poder terapêutico. Potério e sua equipe desenvolveram um novo método, denominado "Estudo de Marcha", por meio do qual pessoas com ou sem histórico de varizes e dores nas pernas, caminham sobre uma esteira que registra a pressão interna das veias.

Trata-se de um método que não usa agulha, apenas manguitos de ar colocados sobre a perna da paciente e conectados ao computador. A compressão nas veias é medida antes e depois de cada teste, no qual as mulheres, usando saltos de 7 cm e 10 cm, caminham durante um minuto na esteira. Depois, descalças, repetem os testes. Com o salto, segundo explicações do médico, o pé balança lateralmente, os músculos funcionam de forma adequada, e a pressão nas veias, conseqüentemente, é significativamente menor.

O professor João Potério observa que o uso do salto alto proporciona maior contração muscular, o que aumenta em até 30% a eficiência do bombeamento do sangue. Esse movimento, que ocorre por ação direta da contração muscular das pernas atuando sobre as veias, faz com que o sangue retorne para o coração com maior pressão, não permitindo a sua volta por ação das válvulas. Dessa forma, enquanto a pessoa anda, ocorrerá o bombeamento e a pressão nas veias das pernas permanece muito baixa, diminuindo a chance de aparecer qualquer edema (infiltração de líquido semelhante ao soro sanguíneo).

Os pesquisadores concluíram que o salto alto dos sapatos corrige certos defeitos como o pé chato, o genuvarum (deformação do membro inferior caracterizada por um desvio para fora da perna, com saliência do joelho para dentro), assim como o conhecido joanete. "Verificamos ainda que as pessoas, permanecendo com o calcanhar mais elevado, conseguem pressionar os pés para frente de forma a diminuir a pressão nas veias e, ao final do dia, podem ficar sem dor ou edema", explica o professor.

Potério salienta que quando uma pessoa usa sapatos de salto alto automaticamente assume uma postura diferente e, com isso, acaba corrigindo possíveis defeitos ortopédicos, uma vez que é obrigada a contrair os músculos da perna com mais força. A coluna lombar, ao nível das costas, é que vai absorver essa diferença, de modo a ficar ereta.

Bombeamento - As varizes, um defeito genético, atingem mais de 70% das pessoas e podem representar problemas sérios de saúde quando provocam edema. Quando isso acontece, invariavelmente, há a necessidade de tratamento. Varizes são veias cujas paredes são fracas e que, com o tempo, se dilatam. Nem todas apresentam qualquer aumento visível.

Verifica-se que em algumas pessoas não se observa a presença de varizes. No entanto, o edema pode ocorrer no final do dia. "É quando a pessoa começa a se queixar de ter as pernas pesadas ou "cansadas"; pode até procurar por tratamento médico sem que haja melhora. Normalmente, são pessoas com deformidades na parte óssea das pernas e pés e, por isso, o bombeamento do sangue não é eficiente", conclui o médico.

O crescimento das varizes pode ser conseqüência do uso prolongado de estrógenos, hormônios usados para tratamentos de reposição ou na forma de anticoncepcionais. Outro fator que produz o crescimento de varizes, é a pressão aumentada dentro da veia, que ao longo do tempo pode ficar definitivamente dilatada. Esse caso normalmente ocorre em pessoas que permanecem em pé e paradas por longo tempo durante o dia. Potério explica que quando as pessoas se movimentam, a pressão no interior das veias das pernas diminui de modo considerável devido ao bombeamento feito pelos músculos dos membros. Esse bombeamento denomina-se "bomba de retorno venoso".

Isso ocorre porque o coração está situado no tórax e o sangue arterial que vai para as pernas tem que voltar ao coração para circular novamente, através das veias.

"Se essa bomba falhar, irá provocar um acúmulo de sangue nas veias das pernas, aumentando a pressão", destaca o médico. Segundo ele, o bombeamento do sangue ocorre por ação direta da contração da musculatura das pernas, atuando sobre as veias que, por possuírem válvulas, encaminham o sangue sempre para o coração e não permitem o retorno. "Dessa forma, a pessoa que tem o hábito de andar possibilita um bombeamento mais eficaz, e a pressão nas veias das pernas tende a permanecer baixa, diminuindo muito a chance de aparecer um edema", ressalta Potério.

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