. Leia nessa edição
Capa
Artigo - Tiro no pé
Universidade & Inovação
Conforme a música
Ressonância Magnética
Reforma: políticas sociais
Reforma: práxis e lógica
Heloísa: resistência
Parque tecnológico
Unicamp na imprensa
Painel da Semana
Oportunidades
Teses da semana
Sociedade: dilemas
O ` dirty paper ´
 

9

Estudo de viabilidade
para implantação de parque
tecnológico sai em 2004
Primeiros levantamentos foram apresentados ao
secretário estadual de Ciência e Tecnologia

CLAYTON LEVY

 

O secretário estadual de Ciência e Tecnologia, João Carlos Meirelles: “A Unicamp será o núcleo duro do sistema”

A Agência de Inovação da Unicamp (Inovacamp) deverá concluir dentro de nove meses o estudo de viabilidade econômica e plano de investimentos para a implantação de um novo parque tecnológico no entorno da universidade. Os primeiros levantamentos do estudo, que conta com a participação de pesquisadores do Núcleo de Estudos Sociais e Urbanos da Unicamp (Nesur), foram apresentados na última quinta-feira ao secretário estadual de Ciência e Tecnologia, João Carlos Meirelles, pelo reitor Carlos Henrique de Brito Cruz. O desenvolvimento do estudo já conta com financiamento no valor de R$ 2,8 milhões. Os recursos virão do governo federal, através da Financiadora de Estudos e Projetos (R$ 1,3 milhão); governo estadual (R$ 1,2 milhão); e administração municipal (R$ 300 mil).

Nessa primeira fase do estudo foram realizadas duas simulações de custos e taxa de retorno. Com uma densidade baixa de ocupação, utilizando-se metade da área para residências e outra metade para indústria e comércio, o valor global do empreendimento ficaria em torno de US$ 1,1 bilhão. Com uma densidade média, sendo 40% para residências e 60% para indústria e comércio, o valor global do empreendimento subiria para US$ 1,6 bilhão.

Os autores do estudo deixaram claro, porém, que se trata apenas de estimativas iniciais. O estudo completo terá nove grandes levantamentos, que incluirão o perfil da área, engenharia financeira para incorporação, aspectos jurídicos e plano urbanísticos, entre outros. O parque está previsto para ocupar uma área de sete milhões de metros quadrados formados por propriedades particulares.
A área, no entorno da Unicamp, também fica próximo de outros centros de pesquisa, como o Laboratório Nacional de Luz Sincrotron (LNLS); Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD); e Núcleo de Bioinformática da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A região também já abriga diversas empresas de base tecnológica, entre elas a ABC Xtal, pioneira na produção de fibra ótica nacional, e a AsGa, maior fabricante de equipamentos para comunicações óticas do país. Além do parque no entorno da Unicamp o governo estadual também está viabilizando estudos para implantação de outros dois parque tecnológicos, um deles em São Carlos e outro em São Paulo. Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida por Meirelles após a apresentação do estudo.


JU – Os três parques a serem instalados no estado têm as mesmas características?
Meirelles – Não. São características específicas porque cada um tem uma vocação peculiar em função do entorno industrial. Nesta etapa estamos tratando exatamente disso. Aqui em Campinas estamos ouvindo a Reitoria da Unicamp para identificarmos essa vocação. Agora entramos na fase de ajustes para verificar a vocação específica dos três parques e a área que irão ocupar no conceito real de parque tecnológico.

JU – Que conceito é esse?
Meirelles - Uma unidade central na qual estaria concentrada a inteligência que será disponibilizada para um conjunto de empresas que se localizariam nessa área com seus centros de pesquisa e desenvolvimento ou com suas linhas de produção. O parque tem um conceito imobiliário, não no sentido vulgar de lotear uma área, mas no sentido de planejar as áreas disponíveis para que as empresas interessadas em instalar-se nesse centro de alta tecnologia possam ser viabilizadas. No caso de Campinas, o centro estaria diretamente ligado ao talento da Unicamp nos setores específicos eleitos para esse parque. A Unicamp já está identificando alguns setores considerados prioritários e, no futuro, surgirão outras demandas que também serão contempladas. É uma nova dinâmica para a colocação do talento da universidade à disposição da produção, que por sua vez se transformará numa enorme fronteira de oportunidades para alunos da própria universidade que, depois de formados, terão condições de engajar-se numa dessas empresas ou fazer o seu próprio empreendimento. A Unicamp funcionará como o núcleo duro do sistema.

JU – O momento econômico é apropriado para esse tipo de empreendimento?
Meirelles – Agora mais do que nunca. No momento em que temos uma estagnação da economia, com recessão em alguns setores, é exatamente o melhor momento para colocarmos o talento da universidade a serviço de novas oportunidades, que se conjugam com empresas importantes no setor tecnológico. As empresas que se instalarão no parque tecnológico têm uma visão de médio e longo prazo e não ficam circunscritas à conjuntura de crise em que vivemos. Isto faz parte de um novo plano de desenvolvimento do estado de São Paulo. Nós precisamos subir um degrau nesse desenvolvimento. O parque tecnológico faz parte desse novo conceito. Colocar o talento para que empresas do setor tecnológico possam incorporar todo esse talento à sua produção e rapidamente gerar uma nova fronteira de trabalho, renda e desenvolvimento, com produtos não só para o mercado interno, mas também para exportações.

JU – A implantação dos parque tecnológicos faz parte da estratégia do governo estadual para aumentar as importações em 50% dentro de cinco anos?
Meirelles – Sim. No ano passado exportamos US$ 20 bilhões e, a partir de uma série de ações iniciadas este ano, esperamos aumentar as exportações em torno de 10% ao ano a partir do ano que vem. Teremos, portanto, a partir de 2004, um aumento efetivo de US 2 bilhões na soma das exportações como decorrência desse novo modelo que inclui arranjos produtivos organizados em pelo menos 30 segmentos mapeados, como calçados, móveis, equipamentos médicos e softwares. São arranjos produtivos que envolvem vários municípios de uma mesma região. Estamos entrando nessas cadeias e verificando quais são os grandes gargalos, que podem estar concentrados na carência de matéria prima, de tecnologia, mão-de-obra ou na gestão das empresas. A idéia é criar um conceito de agregação de valor e habilitação para que esses produtos sejam exportados.

JU – Como está sendo feito esse trabalho com a produção de softwares na região de Campinas?
Meirelles – Estamos organizando. Há um problema cultural na origem de todos esses arranjos. Cada empresário vê o vizinho como um adversário e não como um parceiro. Queremos organizar uma grande parceria. Não é possível a uma empresa com pequena produção ter mercado próprio. Ela terá de associar-se a outras empresas para oferecer os produtos em bloco, ainda que cada uma preserve a sua marca. Temos um grupo na Secretaria de Ciência e Tecnologia trabalhando especificamente com várias empresas de software.

 

SALA DE IMPRENSA - © 1994-2003 Universidade Estadual de Campinas / Assessoria de Imprensa
E-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP