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16 a 22 de setembro de 2002
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Gallep e o professor Evandro Conforti, seu orientador,  em laboratório da FEEC: invento redireciona o fluxo informativo a uma velocidade cem mil vezes maiorDoutorando ganha
prêmio internacional

Aluno da FEEC, Cristiano Gallep é o primeiro da América Latina a conquistar premiação cobiçada no mundo inteiro

JOSÉ PEDRO MARTINS

Um invento desenvolvido na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp, representando um enorme avanço na competitiva área de comunicações ópticas, acaba de receber um dos mais importantes prêmios concedidos no setor em âmbito mundial. O prêmio será concedido, em um feito inédito na América Latina, ao doutorando Cristiano M. Gallep, aluno desde a Iniciação Científica do professor Evandro Conforti, da FEEC. Gallep vai receber o Prêmio 2002 LEOS Graduate Student Fellowship, no valor de cinco mil dólares. Trata-se da mais alta premiação para estudantes de doutorado da LEOS (Lasers and Electro-Optics Society), uma das sociedades ligadas ao IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers).

O IEEE é uma espécie de "ONU do setor de engenharia elétrica e eletrônica". A instituição reúne nada menos que 377 mil membros individuais, em 150 países. O IEEE é responsável por 30% do que é publicado em literatura especializada em engenharia elétrica e computação no planeta. A LEOS é uma das múltiplas sociedades que compõem o "I três Es", como o Instituto é conhecido.

A distinção ao doutorando Cristiano M.Gallep é concedida anualmente a somente seis doutorandos das Américas, três da Europa e três da Ásia/Oceania. Até o momento, é a primeira vez que o prêmio é concedido a um aluno de país latino-americano. "É um grande reconhecimento à Pós-Graduação da Unicamp", comenta o professor Evandro Conforti, que trabalha no projeto com Gallep há sete anos.

O invento merecedor do Prêmio da LEOS é uma chave de comunicação óptica, que redireciona, em uma velocidade um milhão de vezes maior do que os equipamentos em uso no mercado, o fluxo de informações ópticas nas redes globais. As chaves atuais, em uso comercial, redirecionam as informações ópticas a uma velocidade de 1 décimo de milésimo de segundo. Chaves empregadas em laboratório, à base de amplificadores ópticos a semi-condutor, conseguem redirecionar o fluxo informativo a uma velocidade cem mil vezes maior. A chave desenvolvida na Unicamp, depois de anos de pesquisa, aumenta em dez vezes essa velocidade obtida em laboratório.

"Trata-se de um grande passo para otimizar as redes globais existentes, avançando no sentido da provável automação completa dessas redes no futuro", resume o professor Conforti, cujo pós-doutorado na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, entre 1992 e 1994, forneceu as bases para as futuras pesquisas que seriam realizadas na Unicamp.

O professor também destaca que o sucesso das pesquisas não seria alcançado, sem o apoio das agências governamentais de fomento à ciência e tecnologia, como o CNPq, Finep, Ministério da Ciência e Tecnologia e Fapesp. Estas instituições liberaram os recursos para a compra dos equipamentos de alta precisão utilizados nas pesquisas. São equipamentos normalmente disponíveis nos grandes centros de pesquisa dos Estados Unidos e Europa que recebem forte apoio do segmento empresarial.

No caso da Fapesp, a agência de fomento à pesquisa do governo paulista deu um apoio decisivo aos estudos que resultaram no invento obtido na Unicamp, por meio do seu Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF). É um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) criados pela Fapesp, em várias áreas de investigação. O CEPOF opera reunindo as inteligências e recursos laboratoriais existentes na Unicamp e na USP de São Carlos.

O professor Conforti entende que o invento desenvolvido em Campinas é uma clara demonstração do potencial da Ciência & Tecnologia do Brasil em distintos ramos do conhecimento. É um potencial já reconhecido em escala internacional, por exemplo no caso de seqüenciamento genético de patógenos vegetais, igualmente em função de pesquisas financiadas pela Fapesp.

A agência do governo paulista está financiando o patenteamento da chave de comunicação óptica resultado das pesquisas implementadas em conjunto pelo professor Conforti e pelo doutorando Gallep. O trabalho com os resultados finais da pesquisa foi publicado na "IEEE Photonics Technology Letters" e destacado na edição de agosto de 2002 pela revista de larga circulação "Photonics Spectra".

A solenidade de premiação acontecerá no encontro anual da LEOS, em Glasgow, na Escócia, em novembro. "Foi uma ótima surpresa", afirma Cristiano M. Gallep, comentando a sua reação quando soube do prêmio. Natural de Sorocaba, ele ingressou na engenharia elétrica da Unicamp em 1993. A sua segunda iniciação científica, já sob a orientação do professor Conforti, versou sobre comunicação óptica. O trabalho prosseguiu durante o mestrado e o doutorado, em fase de conclusão.

O currículo de Cristiano é substancioso. Ele registra vários trabalhos científicos publicados em co-autoria, sendo 20 em conferências e quatro em revistas internacionais especializadas. O doutorando pretende prosseguir suas investigações em comunicação óptica e revela ter um interesse especial por outro instigante campo da Ciência, o da Biofotônica. "Me interesso pela expressão luminosa dos seres vivos, em uma tentativa de compreender um pouco mais o misterioso processo vital", complementa Gallep.