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Testes comprovam eficácia de adição de "combustível ecológico" ao óleo diesel

Biodiesel reduz emissão de poluentes


MANUEL ALVES FILHO


Teste realizado para a dissertação de mestrado de André Valente Bueno, defendida junto à Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp, reiterou a eficácia da adição do biodiesel ao óleo diesel como medida de redução da emissão de poluentes por parte de veículos automotores. No ensaio, que reproduziu as condições de operação no trânsito, Bueno usou um motor convencional de picape instalado em uma bancada dinamométrica, abastecido com uma mistura contendo 20% do primeiro combustível e 80% do segundo. Os experimentos comprovaram que a utilização do biodiesel nessa proporção não comprometeu o funcionamento do motor.

De acordo com o autor da dissertação, a literatura registra vários estudos envolvendo a queima e a liberação de energia pelo biodiesel, realizados em países da Europa e Estados Unidos. Lá, entretanto, o combustível é produzido a partir de uma mistura do metanol com o óleo de canola ou de soja. No Brasil, explica Bueno, torna-se interessante a produção do biodiesel a partir do etanol (álcool etílico) e do óleo de soja. "Foi isso que serviu de inspiração para o nosso trabalho. Queríamos checar o desempenho quanto à queima do nosso biodiesel em um motor diesel moderno e de injeção direta, uma vez que há poucos dados disponíveis a este respeito", diz.

Ao longo dos ensaios, o autor da dissertação verificou que a mistura utilizada, denominada B20, reduz em até 3% a energia liberada pela queima do combustível tanto em alta quanto em baixa carga. Em condições de carga parcial, há um aumento dos mesmos 3% da energia liberada. Ou seja, a adição do "combustível ecológico" ao diesel causa um pequeno prejuízo na performance do motor nas duas primeiras situações, mas compensa na terceira. "De maneira geral, pode-se dizer que o uso do biodiesel não compromete o funcionamento do motor", afirma.

O maior ganho proporcionado pela adição do biodiesel, conforme Bueno, está na redução das emissões de poluentes produzidas pelos veículos. O seu uso como aditivo do diesel pode reduzir substancialmente a emissão de material particulado (fuligem) e de dióxido de carbono (CO2), sendo que o percentual de redução deste último depende da condição de operação e do motor no qual a mistura é empregada. Além disso, o biodiesel é um combustível renovável, ao contrário do diesel, produzido a partir do petróleo.

A utilização do biodiesel, no entanto, não apresenta apenas vantagens. Nos testes realizados por Bueno, constatou-se que o produto amplia a geração de óxidos de nitrogênio, que também são gases poluentes. "É, por assim dizer, o preço que temos que pagar pelo uso do biodiesel. Mas esse problema pode ser corrigido de diversas maneiras. Uma delas é a instalação de catalisador no veículo. Uma outra estratégia, já empregada por algumas montadoras de veículos, é a recirculação dos gases de escape", esclarece.

O autor do trabalho conta que na Europa, mais especificamente na Alemanha, o biodiesel é vendido normalmente nos postos de combustível. Lá, o motorista pode misturá-lo ao diesel na proporção que desejar. "Se o consumidor quiser, pode abastecer seu carro apenas com o biodiesel", diz. No Brasil, esse "combustível ecológico" ainda não é usado em larga escala. Para que isso aconteça, na opinião do pesquisador, o governo precisará adotar uma política energética que privilegie as fontes renováveis.

Nesse caso, segundo Bueno, o mais lógico é promover uma mistura pequena inicialmente, algo como a adição de apenas 0,25% de biodiesel ao diesel. Com o tempo, esse percentual poderia ser ampliado gradativamente. A dissertação de Bueno, que contou com financiamento da Fapesp e do CNPq, foi elaborada por meio de intercâmbio entre a Unicamp e a Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná. Os testes foram realizados no laboratório da instituição paranaense. Os professores Luiz Fernando Milanez e José Antônio Velásquez foram, respectivamente, o orientador e o co-orientador do trabalho.

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