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Jornal da Unicamp 180 - Página 4

10 a 21 de julho de 2002
Agora semanal


Tese sugere nova metodologia
para transmissão de dados

Luiz Sugimoto

De repente o telefone celular fica sem sinal, em outro momento a ligação cai. Os sistemas móveis digitais vieram justamente para aumentar a capacidade e qualidade da comunicação de voz, mas assim mesmo oferecem margem para tais problemas, devido ao grande número de usuários. O caos será inevitável quando se intensificar a utilização dos sistemas móveis para a transmissão de dados – Internet, e-mails –, como já ocorre no Japão e Coréia do Sul, caso não haja o devido planejamento. O planejamento obviamente existe, mas é bastante complexo.

O mérito da tese de doutorado defendida pelo professor Omar Carvalho Branquinho – Metodologia de dimensionamento de canais para soft handoff em sistemas CDMA –, está em sugerir para as operadoras uma metodologia simples e de fácil aplicação dentro desse planejamento. A tese foi defendida em novembro de 2001, na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, sob orientação do professor Michel Daoud Yacoub. Para ajudar o leitor a entender o que é soft handoff e CDMA (Code Division Multiple Access), Omar Branquinho contextualiza o seu trabalho.

“A implementação de sistemas móveis digitais, na década de 90, foi um desafio muito grande. Considerando a cronologia da história das comunicações, ela chegou bastante tarde, tanto que ainda hoje existem sistemas analógicos. Na segunda metade da mesma década, entrou uma componente muito forte: a Internet. Ela chegou amparada numa estrutura fixa – residências e empresas – e hoje ninguém vive sem Internet e e-mail”, conta o pesquisador. Os sistemas móveis, naturalmente, tinham de começar a dar conta da transmissão não apenas de voz, mas também de dados.

Branquinho explica que, quando se faz uma comunicação sem fio, um dos grandes problemas está na utilização do espectro eletromagnético, que é um recurso escasso. “O espectro corresponde a uma determinada faixa de freqüência a ser utilizada. É diferente do cabeado, onde podemos implantar quantos cabos quisermos, de acordo com a capacidade solicitada – ou então fibras ópticas”.

A técnica CDMA, oriunda dos militares, era usada principalmente para camuflar comunicações. “Na guerra das Malvinas, a Argentina não conseguia interceptar os ingleses os ingleses se comunidando”, diz Branquinho: “É como se eu pegasse um segmento da sua voz, digitalizasse e embaralhasse totalmente. Se alguém quisesse entendê-la, precisaria ter a chave, o código”.

A vantagem desta tecnologia para a vida civil foi a de possibilitar uma melhor utilização do espectro eletromagnético, como em sistemas celulares digitais. Permitiu, por exemplo, o reuso de freqüência, ou seja: as mesmas células próximas podem utilizar a mesma freqüência, o que é impensável nos sistemas analógicos e outras técnicas digitais. “O CDMA trouxe características excelentes do ponto de vista de ocupação do espectro, maior capacidade e enorme potencial, como por exemplo a evolução dos sistemas móveis em direção à terceira geração, que vai permitir de fato a Internet”, acrescenta Branquinho.

O problema – Mas, quando se obtém novas características, surgem novos problemas. No caso do CDMA, existe a questão do soft handoff, que é a capacidade que o sistema tem de estabelecer comunicação com duas bases ao mesmo tempo, o que traz um problema sério: “O usuário guloso, ao invés de estar falando por um só canal da célula, pode estar utilizando dois, ocupando mais recursos do que o mínimo necessário”.

A tese, resumidamente, leva em consideração a probabilidade de eventos (pessoas conversando) e propõe uma metodologia para dimensionamento. “Definimos, por exemplo, o bloqueio de soft handoff”. A Internet móvel, da mesma forma que na comunicação de voz, vai exigir uma sistemática para o planejamento das células”.