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Jornal da Unicamp 179 - Página 8

1 a 7 de julho de 2002
Agora semanal


ADA, uma sala inteligente

Isabel Gardenal

No século 19, Anna Byron e seu marido, o poeta inglês Lord Byron, tiveram uma filha. A menina, Ada (Lady Lovelace), tornou-se uma mulher memorável no campo matemático, tanto que hoje é tida como precursora do conceito de programação de computadores denominado Analytical Machine.

Uma homenagem a Ada, com um projeto que leva o mesmo nome, é o ponto alto da Expo 2002, iniciada em maio em Neuchatel, Suíça. Uma das maiores exposições da Europa Ocidental, o evento mostrará, até 20 de outubro, os avanços tecnológicos dos últimos 30 anos, periodicidade com que se repete o encontro naquele país.

O Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (Nics) da Unicamp é signatário nessa proposta, emprestando sua vasta experiência em sound design, uma parceria com o Instituto de Neuroinformática (INI) da ETHZ, Suíça. Ao todo, 30 pesquisadores de diversas partes do mundo, coordenados pelo professor Paul Verschure, integram a equipe da ADA, que inclui o professor Jônatas Manzoli, responsável pelo Nics, e o aluno do Instituto de Computação da Unicamp Márcio de Oliveira Costa, estagiário no INI desde o ano passado.

Depois do Roboser, Sapatos Interativos, Rabisco, Vox Populi e outros software, o Nics, nas palavras de Manzoli, é co-partícipe na consolidação de um sonho que cria uma interface entre os séculos 19 e 21, hoje transformado em instalação permanente.

Inteligência computacional - A ADA é uma sala considerada inteligente e projetada com sensores controlados por computadores que interagem com os visitantes a partir de redes neurais artificiais. Estas redes recebem estímulos externos para fazer, em tempo real, as leituras dos sensores, transformando a expressão de movimento das pessoas em sons e luzes. Manzoli explica que a música ouvida é resultado de software produzido pelo Nics, com base na teoria matemática dos Functores, que relaciona informação derivada das estruturas do movimento do público com o domínio sonoro.

Mas a ADA passa a ganhar vida quando o público adentra uma sala de 500 m2, dividida em seis espaços: túnel de condicionamento (que indica as funções da sala), interação, observação, brainarium (onde se observam os circuitos neurais e se coletam os dados), explanatorium (sala de projeção de vídeo sobre a ADA) e área de controle.

O tipo de piso é sensível à pressão; as câmeras, aos movimentos; e os microfones, aos estímulos sonoros – simulando o tato, a visão e a audição. O chão é uma colméia de acrílico resistente e, dependendo da velocidade e do peso das pessoas, muda de cor e produz sons que serão reunidos em CD compilado pelo Nics.

O projeto ADA cria artificialmente a retina ocular e a cóclea (caracol, situado no ouvido). Dessa interação, o computador capta o movimento e ouve as reações do público, alterando a música programada.

Para a ADA funcionar, são necessários 27 computadores de 1,5 GHz operando ao mesmo tempo em cluster Linux, ligados em rede pelo protocolo TCPIP, o mesmo de comunicação da Internet. "Pesquisas como esta deverão criar, no futuro, simulação computacional de modelos animais. Além disso, o estudo de algumas funções do cérebro poderão contar com os avanços da neuroinformática", prevê Manzoli.

Historiador é premiado em festival de cinema

O historiador e contista Luiz Antonio Vadico, aluno do 2º ano de doutorado em Multimeios, é um dos vencedores do 7º Festival Brasileiro de Cinema Universitário - categoria Contribuição Artística - com o vídeo Cheia de Vida, inspirado num conto da escritora Clarice Lispector (1926-1977). Organizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e Centro Cultural Banco do Brasil, a premiação contemplou a produção de Vadico pela "criatividade e ousadia na interpretação do universo de Clarice Lispector", retratado no conto A procura de uma dignidade, inserido no livro Onde estivestes de noite? (1974).

Vadico concorreu com outros 46 trabalhos, cinco dos quais do Departamento de Multimeios do Instituto de Artes (IA) da Unicamp. De acordo com o estudante, a transcriação do conto de Clarice tem, no vídeo - com duração de seis minutos - o propósito de assumir a diferença que há entre os dois veículos - literatura e cinema - e buscar uma forma de superá-los.

"Ou seja, procurei levar para a tela com a mesma intensidade emocional que o texto tem no universo quase mágico de Clarice. Cheia de Vida narra momentos da vida da personagem Jorge B. Xavier como se estivesse perdida, sozinha e confusa, enquanto caminha por labirintos e subterrâneos do Estádio do Maracan", diz o estudante.

O filme mostra uma sucessão de imagens que se contrapõem, numa visão subjetiva, com outras de uma mulher sentada num enorme cubo, por meio do qual pode se observar personagens quando jovem e com idade avançada.

Há um corte nas cenas que, no fim, segundo Vadico, levada pelo desespero, enquanto caminha pelas esquinas que visualiza, entorpecida pela angústia que vive por mundos aparentemente diferentes, a mulher, agora em idade avançada, emite um estridente grito de angústia e desânimo.

"Da história de Clarice Lispector, foco a angústia e o desejo de uma mulher na terceira idade, ao mesmo tempo em que tento criar algo novo, de modo a preservar o que existe de mais característico no conto".

Clarice Lispector, brasileira de origem ucraniana, criou uma literatura com linguagem revolucionária própria. É um dos grandes nomes da segunda fase do modernismo. Vem da Ucrânia para o Brasil recém-nascida e é levada pela família para o Recife. Escreve o primeiro livro, Perto do Coração Selvagem, aos 17 anos. Em obras como A Maçã no Escuro (1961), A Paixão Segundo GH (1964) e a Hora da Estrela, por exemplo, Clarice explora a subjetividade, o fluxo da consciência e rompe com o enredo factual.

Além de roteirista, Vadico cuidou da direção, da edição e respondeu ainda pelo cenário para a produção do vídeo. A personagem central da trama foi interpretada pelas atrizes Bárbara Tonge e Bia Frade, e as câmeras foram operadas por Alessandra Lima e Alessandra Brun – esta, aluna de mestrado de Multimeios. (A.R.F.)

Unicamp na Imprensa

Época

"Monica Serra sobe ao palco", destaca a revista semanal, que mostrou a estréia nos palanques da esposa de José Serra, candidato do PSDB à presidência da República. Ex-bailarina, Mônica está na Unicamp desde 1982, como o marido, que se licenciou no Instituto de Economia.

Correio Popular

Laudo solicitado pela Prefeitura de Campinas e realizado pela Central Analítica do Instituto de Química demonstrou que o cascalho utilizado no bairro Campo Grande, em Campinas, não era tóxico, como se presumia. O produto usado na pavimentação não oferece riscos à saúde, constatou o laudo da Universidade.

Folha de S.Paulo

"Professor da Unicamp recusa vaga como vice de Garotinho", anunciou o jornal em sua edição de 18 de junho. A informação se referia ao economista Luciano Coutinho, do Instituto de Economia, que alegou razões pessoais para não sair como candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pelo ex-governador do Rio de Janeiro. Em 1989 Coutinho havia sido assessor econômico de Ulysses Guimarães, do PMDB.

TV Cultura

A pesquisa sobre o riso continua rendendo espaço na mídia para a psicobióloga Sílvia Cardoso, pesquisadora do Núcleo de Informática Biomédica. Entre outros ela foi entrevistada nas últimas semanas pela TV Cultura, GloboNews, TV Século 21 e pela Revista Metrópole.

Correio Popular

O jornal destacou a programação realizada pelo Instituto de Artes no dia 20 de junho, quando foi comemorado antecipadamente o centenário de Carlos Drummond de Andrade, que acontece em outubro. A pré-estréia do filme "Poeta de sete faces", de Paulo Thiago e um debate entre o autor e professores da Unicamp marcou a data.