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Nossas contas, nosso ponto de vista


Entramos em 2000, ano em que tivemos um franco alívio financeiro. Isto se deveu a um aumento substancial na arrecadação do ICMS. Foi também o ano em que ocorreu uma greve, seguida de importante reajuste salarial.

A greve durou 52 dias e também nos ensinou algumas lições. Uma delas é que devemos ter, de maneira muito clara, um balanço explícito entre custeios e salários e que é necessário ter um orçamento transparente e inteligível. Devo dizer que me ressinto pelo fato de que poucos colegas entendem do orçamento da Unicamp e eu gostaria de assinalar que não é difícil conseguir este entendimento.

Ainda em 2000, graças à folga financeira ocorrida, foi possível dar início ao Plano Estratégico Institucional (PEI), orçado em R$ 30,5 milhões numa primeira fase, sendo que conseguimos reservar R$ 21,5 milhões para ações já priorizadas. O PEI corresponde a um significativo avanço na forma de gerenciar a universidade. Além do aspecto democrático de determinar o planejamento da UNICAMP envolvendo, entre outros, seus 23 diretores (que por sua vez exercitam a democracia interna de suas unidades), o PEI constitui um embrião de um planejamento pluri-anual, a ser praticado em futuro próximo, e que deverá incluir necessariamente uma antevisão orçamentária.

Houve também, no ano de 2000, um acerto com o IPESP, que possibilitou o pagamento de cerca de R$ 20 milhões em contribuições atrasadas. Este acerto permitiu uma certa melhoria frente aos nossos impasses com este Instituto de pensão.

Durante esse mesmo ano consolidou-se o acordo com a Secretaria Estadual de Saúde para o gerenciamento do Hospital Estadual de Sumaré. Acho que esta é uma forma de continuarmos prestando um importante serviço social à comunidade da região de Campinas, ao mesmo tempo em que tomamos todo cuidado para que tal prestação de serviço não contamine nosso orçamento. Este trabalho no Hospital Estadual de Sumaré está em marcha e tenho grande satisfação em dizer que ele vai muito bem.

No ano de 2001, que não foi tão brilhante quanto o ano de 2000, procuramos a todo custo chegar a uma situação de equilíbrio. Esta situação de equilíbrio nos remete ao problema sobre o qual já me referi, das dificuldades com despesas fixas e receitas variáveis. Tenho insistido nisto, sobretudo junto à Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP), que hoje é uma comissão ampliada, composta com um número maior de membros do CONSU, de que deveríamos pensar em algo como a constituição de uma “poupança”. Eu penso que isso é indispensável para que tenhamos uma compensação para os desajustes pelos quais o ICMS passa.

Ainda durante o ano de 2001 ocorreu o programa denominado de “CT-Infra”, que decorre de um fundo setorial do MCT gerenciado pela FINEP, no qual logramos a aprovação de R$ 3,75 milhões. Também em 2001, iniciou-se a implantação do Plano de Carreira, Vencimentos e Salários (PCVS) dos funcionários e consolidamos a atuação da Agência de Formação Profissional da Unicamp (AFPU).

Gostaria de fazer uma reflexão sobre alguns pontos. O primeiro deles é quanto ao problema de custeio: embora a duras penas, estamos conseguindo conter o custeio em valores aproximadamente constantes. No Quadro 1 mostramos os gastos de custeio e capital entre 1997 a 2002, em valores nominais e em valores reais (corrigidos pelo IGP), sendo os dados de 2002 uma previsão que pode vir a não se concretizar. Podemos verificar que há uma queda acentuada do custeio em 1999, ano em que tivemos seriíssimas dificuldades. Não estão incluídos, nos valores de 2000 e 2001, os pagamentos feitos ao IPESP e que figuram no nosso orçamento como gastos de custeios, bem como o montante reservado para o Plano Estratégico Institucional (PEI).

Ainda no ano de 2001, buscando o equilíbrio, conseguimos enfim chegar a uma política que perseguíamos há algum tempo. Isso foi traduzido numa economia (a) em energia elétrica, através da sua compra numa voltagem mais alta; (b) em água, dando seqüência à política de perfuração de poços e à negociação de um problema pendente junto à SANASA; e (c) em cuidados para gastar melhor no que concerne gêneros alimentícios para nossos restaurantes.

Chamamos a atenção para um problema que a Universidade vai arrastar durante muitos anos, que é o de sentenças judiciais. Existe um fluxo permanente de questões judiciais na Universidade, as quais surtem efeitos cerca de cinco a sete anos depois de deflagradas e que levam a situações bastante difíceis. Os senhores podem seguir, no Quadro 2, os gastos, em valores nominais e reais, com sentenças judiciais no período de 1997 a 2002 e que constituem uma parcela dos gastos com custeio e capital apresentados no Quadro 1. Isso corresponde a precatórios, sobre os quais não há mais apelações. Podemos observar que nos anos de 2000 e 2002 ocorreram picos bastante elevados em relação a precatórios de sentenças judiciais, e que nos levam a dificuldades orçamentárias óbvias. Este é um problema que necessita ser resolvido.

As questões trabalhistas requerem um tratamento cuidadoso e isso tem sido levado com muito rigor através da DGRH e do setor de Segurança e Medicina do Trabalho. Resolver estas questões implicará em gastos que se estenderão durante alguns anos. Acho porém que esses gastos são inadiáveis e intocáveis, pois é óbvio o caráter prioritário da melhoria das condições de trabalho em relação a gastos com processos judiciais longos e repetitivos. Penso que isto deve merecer muita atenção daqueles que continuarão dirigindo a Unicamp.

Gostaria de enfatizar certas situações, fazendo algumas recomendações, ainda que muitas delas sejam absolutamente claras para muitos. A primeira é com relação a cursos novos; acho que os cursos que abrimos mais recentemente na Unicamp devem merecer uma atenção especial, porque estão sendo implantados ao lado de cursos antigos, de muito boa qualidade. Portanto, o zelo pela implantação de cursos novos tem que ser muito grande para que eles não nasçam inferiorizados.

Um setor que me parece estar em pleno crescimento é a extensão; aí, são necessários avanços e é preciso ter mais presente as nossas responsabilidades sociais. Quero crer que as nossas responsabilidades não são apenas com as pessoas que aqui entram como alunos através dos nossos processos de seleção, mas é com a sociedade como um todo, e a extensão é o locus privilegiado onde podemos fazer isso.

Na área hospitalar, quero crer que devem ser feitos esforços sinceros na direção de uma autonomia gradativa.
Como palavras finais, quero mencionar também a recuperação financeira ocorrida neste quadriênio, e como ela se refletiu nas folhas de pagamento.

No Quadro 3, nós podemos seguir os quatro anos que vão de 1994 a 1997 nos quais houve um comprometimento crescente com a folha de pagamento em relação aos Recursos do Tesouro do Estado e que culminou com a situação de comprometimento de 95,6% em 1998, o maior de toda a nossa história. Ao longo dos quatro anos que vão de 1998 a 2001, foi possível reduzir este comprometimento. Penso que, com todas as imponderabilidades que existem sobre os próximos doze meses, o comprometimento de 87% da folha salarial para o ano de 2002 corresponde a uma situação muito mais fácil de ser manejada do que aquela que encontrei em 1998.

Gostaria também de assinalar que no ano de 2001, feitas as correções através do IPC-FIPE, que é o nosso índice oficial de correção de salários, nós tivemos o maior salário anual da era autonomia. Peço a atenção para o gráfico em patamares que está traçado com uma cor mais escura no Gráfico 1; este mostra os salários anuais desde a autonomia. Quando foi implantada a autonomia orçamentária em 1989, tínhamos um índice salarial anual que correspondia a 96% do salário do mês de janeiro de 1989. O salário anual declinou até 1991, quando houve pequena retomada durante alguns anos e nova queda em 1994; daí em diante houve uma política de recuperação salarial, que tem sido razoavelmente seguida pela Unicamp, sendo que no ano de 2001 alcançamos praticamente o nível salarial anual de 1989, com uma pequena vantagem.

Do ponto de vista das nossas atividades-fim, acredito que estamos numa posição acadêmica invejável, o que é demonstrado pelas notas de avaliação da graduação, do nosso desempenho na Pós-Graduação, avaliada pela CAPES, do número de teses concluídas, do número de publicações que registramos a cada ano, sendo claro que temos estrutura e recursos humanos para manter esta performance e até mesmo melhorá-la. O Quadro 4 mostra indicadores físicos da evolução da Unicamp entre 1997 e 2001. Não pretendo discuti-los neste momento, entretanto, salta às vistas que nossa Universidade:

a) exibe valores crescentes de indicadores que significam melhor e maior quantidade de serviços prestados à sociedade;

b) deve preocupar-se seriamente com a diminuição de quadros profissionais qualificados, cuja substituição é obstaculizada por um sistema de aposentadoria que apresenta graves problemas estruturais. O enfrentamento e o equacionamento de tais problemas não pode mais ser adiado e constitui responsabilidade do Estado.

Quanto às atividades-meio, não tenho dúvida de que é preciso haver ganhos de eficiência, ganhos estes que já começaram a ocorrer através de investimentos que foram feitos e que nos permitiram economias em relação à água e energia elétrica, por exemplo. É necessário também aprofundar o processo de informatização. Foi levada a cabo uma informatização acentuada na DGRH, e iniciativas semelhantes já estão sendo feitas na Secretaria Geral e na DGA. Temos que aprofundar essa tendência, para termos uma instituição mais administrável, de forma mais moderna e de acordo com o esperado de uma universidade da importância da Unicamp. Estamos também tratando da montagem de um sistema de auditoria interna e investindo na construção de uma estação de tratamento de água e esgoto que vai permitir alguma economia num futuro próximo.

Quanto aos problemas de recursos humanos, eles são fundamentais numa instituição universitária. Não podem ser descuidados por um momento sequer, devendo estar em contínuo aperfeiçoamento, com prevalência ao mérito e ao desempenho. Com estas preocupações em mente, (a) estamos dando início à implantação de uma nova carreira para funcionários técnicos e administrativos e (b) procedemos à criação da AFPU – Agência de Formação Profissional da Unicamp, com resultados já visíveis e com forte potencial de crescimento. Não será demais ressaltar a atenção completa que devem merecer nossos problemas de Segurança e Medicina do Trabalho.

Gostaria de dizer que tenho a consciência bastante tranqüila, pois entrego a Unicamp para o meu sucessor em situação bem melhor do que a recebi, seja do ponto de vista acadêmico, seja do ponto de vista administrativo. São estas as explicações gerais sobre o orçamento que pretendo serem oficiais por parte da Direção da Universidade.

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