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SEU ESPAÇO

Bandeiras

Caro professor Mohamed Habib:
Lendo a última edição do Jornal da Unicamp, fiquei extremamente decepcionado e indignado pelo conteúdo do material sustentado pelo senhor e por essa entidade de ensino.

Decepcionado porque fui seu aluno e conheço seus princípios de homem que prega a paz, a compreensão entre os povos, a justiça e o bem-estar. E, sinceramente, esse material divulgado pelo jornal de dezembro de 2001 faz o trabalho oposto. Estigmatiza os israelenses, o exército israelense, o conflito e, além de não esclarecer, levanta bandeiras radicais que trazem o conflito do Oriente Médio para cá, onde as comunidades muçulmanas, sionistas, judaicas, sempre conviveram bem e se respeitaram, sendo isso um exemplo.

Como o senhor mesmo ensina, não existe o mal absoluto, e polarizar o contexto como foi feito nessa reportagem e no evento “Os direitos do povo palestino” gera, no mínimo, indignação. Mesmo porque não houve um único palestrante para poder falar sobre o lado israelense e sionista.
Um bom princípio para se fazer justiça e se esclarecer qualquer coisa é ouvir os dois lados, e não querer impor uma verdade absoluta. Acredito que não é propósito da Unicamp, da Cori (Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais) e muito menos do senhor, gerar divergências, polarizar opiniões ou até mesmo divulgar fatos fantasiosos.
Acredito numa sociedade voltada para uma cultura de paz e, se esse é o nosso empenho, porque não fazemos um grande evento, mas dessa vez com palestrantes dos dois lados e uma grande festa promovendo a paz entre todos os povos. Esse é o nosso objetivo, fazer um mundo melhor.
Fica a sugestão e o anseio de se conseguir entendimento entre os homens. Um grande abraço e votos de harmonia e paz para todos nós.

Rubens Sonntag


N.R. – O Jornal da Unicamp tentou ouvir dois professores especializados da USP, da comunidade judaica, sem obter respostas a tempo de publicação na mesma edição de dezembro. Na página 14 deste número trazemos um artigo de Peter Demant, PhD da Universidade de Amsterdã e professor visitante no Departamento de História da USP, e que foi pesquisador do Instituto Truman dos Estudos da Paz; na página 15, uma carta de Medad Medina, cônsul geral de Israel em São Paulo.

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Cerco

Parabéns aos editores pela abordagem da questão palestina. É fundamental romper o cerco da grande imprensa brasileira, ignorante dos fatos ou aliada de interesses ilegítimos.

Wilmar R. D’Angelis
IEL/Unicamp

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Mais mortes

Acabaram de matar uma jovem a tiros. Foi a quarta morte de israelenses nos últimos dois dias (início de janeiro/2002). Aconteceu na hora em que deixávamos o cemitério nos funerais de outra vítima. Jornalista tem seus momentos de ser humano. Vínhamos chorando de tristeza. Eram funerais de conhecido íntimo, bom papo, inteligente e culto, judeu americano de 70 anos, arquiteto. Ele fazia trabalhos para os palestinos em Belém e Beth Jala havia vinte anos. Era querido em ambos os locais palestinos e movimentava-se despreocupadamente. Eram amigos.

Ainda ontem conversávamos sobre esta terrível situação em que se matam uns aos outros como animais primitivos. Ele, como nós e uns amigos palestinos sentados e bebericando um café superforte, com nana, uma erva que dá um gosto adocicado. Era no bazar de Jerusalém quase vazio. Não há turistas desde 11 de setembro. Eles não foram aos funerais. Mundo cão. Hoje, tentaremos controlar nosso texto. Estamos com muita raiva. Houve época em que viajávamos despreocupados por todos os cantos. Íamos comer magnífica comida árabe em restaurantes familiares do interior palestino. Sabem fazer peixe em Gaza como num histórico restaurante de Natal, no Rio Grande do Norte. Vinha direto do mar precedido de uma salada de alface fresca estalando, tomate, óleo limpinho de oliva, limão. Agora não dá. É perigoso mesmo quando se vai acompanhado de um guia.

Há um ódio incontrolável. O nosso amigo foi raptado quando carregava seu carro de gasolina como fazia havia 20 anos. Contam-nos que a Polícia palestina viu. Nada fez. Pegaram-no à pancada, levaram-no para um matinho e acabaram de matá-lo a chute e tiros. A jovem morta pouco depois tinha 30 anos. Já se foram outros conhecidos da mesma maneira. Dizemos conhecidos, pois amigo tem de ser de muitos anos, como os que ficaram em casa, no Brasil.

Já vimos o pior nesta vida. Mil passageiros de trem suburbano do Rio transformados em toquinhos de carvão preto, depois de choque com carro de combustível. Gente morrer a facão nas ruas de Bogotá com um índio carregando dezenas de papéis higiênicos pensando que deles se fazia sopa, índio morrendo de cuspir sangue depois de uma semana de contato com brancos, colega inglês se inclinando para tirar fotos de tropas sírias que avançavam e dele sobrar, em segundos, um tronco sem cabeça. Mas companheiro de 70 anos, esmagado! Meu Deus! Isto aqui não terá fim.

A Polícia explica que o número de atentados aumentou muito. Volta a ser perigoso. A morte não escolhe lados. Morrem do lado palestino. Há muitas mulheres de preto na zona de Arafat com fotos de jovens com tipo de galã. Promessas extintas. A gente que se fixou na região tem nervos de aço. Agora mesmo escutamos a rádio da Síria. A Brigada al Aksa, do Fatah, cujo comando vive em Damasco, deu ordem de ataque. Fez apelo a todas as organizações palestinas de luta – o Hamas, a Jihad, a Frente Popular de Libertação da Palestina que matou o ministro israelense – para que coordenem um ou mais golpes violentos contra os judeus. E não se pode esquecer o que ontem enfatizamos no caso do Hizbalá, que não sentimos ter sido entendido ou repercutido aí, no Brasil. Ele fala em matar judeus, o que difere de israelenses. Os judeus estão em todos os cantos.

Ea maioria destas organizações, como revelou seríssimo trabalho de repórter do Zero Hora, está por aí. E o golpe vem. É inevitável.
É um pequeno mundo de grandes tragédias. Sharon, o chefe do governo de Israel, novamente ontem chamou o mundo de Arafat de “império da mentira”. Não gostamos de adjetivos. Mas não são raras as oportunidades em que confrontamos o que se diz com o que acontece e uma coisa nada tem a ver com a outra. No início desta guerra daqui lembramos que a primeira vítima é sempre a verdade. Sempre acontece. A mentira é arma de guerra.

As notícias envenenadas pelo preconceito do jornalista podem ser lidas e vistas diariamente. Uma das primeiras lições que recebemos num tablóide americano, no qual trabalhamos, foi de que “se não morre nenhuma mulher bonita, a primeira que morre é bonita”. Então, tínhamos disfarçadas idades matosalêmicas, as gorduras leviantânicas, alegando a impossibilidade de obter foto. E a cidade se emocionava.

Aqui tais extremos são desnecessários. Bastam coisas como esta: “dois jovens foram mortos pelas tropas do lado xis que invadiram o bairro tal; horas antes haviam sido mortos dez indivíduos numa explosão de uma bomba deixada pelo lado xis...”. Faz-se de dez menos do que dois. E dá para explicar. Esta não é uma guerra comum. Nelas combatem povos milenares. Disputam terras, ideologias, crenças. Urge muita disciplina para não tomar lados. No caso da televisão, as equipes são de gente local. As imagens são editadas. Os judeus torcem para o seu lado. Os palestinos para o deles. Quando se vê multidões nunca se pode ter certeza se são cem ou mil. A câmera não tem problema em fazer o milagre da redução ou da multiplicação. Em 14 diferentes tipos de guerra, não aprendemos o bastante para surfar nesta. E a situação é tão complexa, com tantas possíveis saídas, que não dá para prever vencedores.

Nahum Sirotsky
Correspondente do Portal IG em Israel

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Sem Universidade

Agradecemos pela matéria publicada (“Os sem-universidade”, Unicamp Fatos de agosto/2001). Estamos enviando este e-mail devido à aprovação, na madrugada do dia 27 para o dia 28 de dezembro/2001, pela Câmara Municipal de São Paulo, do projeto para criação da Universidade Popular da Cidade e de Cidadania, na condição de universidade aberta, direcionada aos direitos à cidade, à cidadania e aos direitos humanos.

Este projeto de lei deve ser agora sancionado pela prefeita Marta Suplicy.
O MSU (Movimento dos Sem Universidade) apresentou a proposta em abril de 2001, ao presidente da Comissão de Educação da CMSP, vereador Adalberto Angelo Custódio. Na época, integrantes do MSU estavam simbolicamente vestidos de beca e de presidiário, em referência à universidade do crime que impera frente à falta de perspectiva de futuro imposta hoje para a juventude, que cai na criminalidade e lota os presídios. Nós queremos que haja mais universidades de vida, de perspectiva e de futuro.

O papel da imprensa se faz fundamental neste momento, para que a população tome conhecimento do problema (só da Fuvest ficaram mais de 100 mil vestibulandos de fora) e para que a prefeita possa ser sensibilizada no sentido de implementar o quantos antes a universidade.
O acesso à Universidade Popular será feito sem vestibular, através de sorteio ou escolha pública, realizado pelo Conselho Municipal de Educação.

Marta Palmeira
Da Coordenação de Comunicação do MSU

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Exemplar

Ganhei de alunas que estiveram aí na Unicamp, no Encontro Nacional Universitário (MST), alguns exemplares deste jornal. O jornal não está bom. Está ótimo. Gostaria de recebê-lo, mas no expediente não há informações sobre como fazer a assinatura.

Agostinho José Soares
Professor aposentado da UFES e assessor do MST
Carapina (ES
)

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