| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 366 - 6 a 12 de agosto de 2007
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Ficção: Eduardo Guimarães
 


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Resultados de estudos desenvolvidos na FOP
abrem perspectivas para novas abordagens terapêuticas

Pesquisa associa
DTMs
a fatores genéticos

MANUEL ALVES FILHO

A cirurgiã dentista Maria Isabela Guimarães Campos, autora da tese: maior conhecimento sobre os mecanismos envolvidos no desenvolvimento das alterações articulares (Foto: Divulgação)Fatores genéticos podem contribuir para o desenvolvimento de Desordens Temporomandibulares (DTMs), como são tecnicamente chamadas as alterações que afetam as articulações e os músculos da mastigação. A hipótese é defendida na tese de doutorado da cirurgiã dentista Maria Isabela Guimarães Campos, apresentada recentemente na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP).  De acordo com a pesquisadora, seus estudos indicaram que determinados pacientes apresentam uma pré-disposição genética que, associada a outros componentes, como a perda de dentes, a ausência de próteses e o bruxismo, tende a tornar a doença mais severa, caracterizada pela presença de quadro inflamatório e de dor. Os resultados da pesquisa ainda precisam ser aprofundados, mas abrem perspectivas para novas abordagens terapêuticas das DTMs.

Pré-disposição tende a tornar doença mais severa

 Orientada pelo professor Sérgio Roberto Peres Line, Isabela teve seu interesse despertado pelo tema ainda por ocasião do mestrado. Ela conta que desconfiava que fatores genéticos pudessem contribuir para o desenvolvimento das DTMs. Para tentar provar sua hipótese, a cirurgiã dentista investigou inicialmente 92 pacientes que apresentavam alterações degenerativas na articulação temporomandibular. Todos foram submetidos a exames de ressonância magnética, que constataram os problemas. A maioria das pessoas desse grupo-teste queixava-se de dores. Para estabelecer um parâmetro de comparação, a pesquisadora também tomou para análise 102 voluntários, que declararam não ter qualquer sintoma ligado às DTMs.

 Em seguida, Isabela estudou o DNA tanto dos indivíduos do grupo-teste quanto do grupo-controle, para saber se entre os integrantes do primeiro ou do segundo haveria a influência de um determinado polimorfismo genético que pudesse estar associado ao desenvolvimento das DTMs. “As células epiteliais analisadas para essa finalidade foram coletadas por meio de bochecho realizado pelos voluntários que participaram da pesquisa”, explica a cirurgiã dentista, que atualmente integra o quadro de docentes da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Os resultados das investigações demonstraram que o pressuposto da pesquisadora estava correto.

 De acordo com Isabela, foi possível identificar que os pacientes com DTMs apresentavam, com uma freqüência muito superior à dos demais, um genótipo específico de um polimorfismo genético da interleucina 1-beta (IL-1B). A IL-1B, segundo ela, é um mediador inflamatório que contribui para o desencadeamento de dores intensas em indivíduos que têm alterações degenerativas temporomandibulares. “Ou seja, tudo leva a crer que as pessoas que apresentam esse perfil genético têm maior predisposição ao desenvolvimento de inflamações e dores mais intensas. O risco disso acontecer com esses indivíduos chega a ser até seis vezes superior do que com os demais”, afirma. A pesquisadora adverte, porém, que o componente genético é apenas um dos aspectos da doença. “As DTMs normalmente aparecem associadas a fatores locais, como a perda de dentes ou o uso incorreto de próteses, e até mesmo a fatores de ordem psicológica, como o estresse”, acrescenta.

 Embora assinale que os resultados da sua pesquisa careçam de maior aprofundamento, a cirurgiã dentista admite que eles abrem novas perspectivas para o tratamento das Desordens Temporomandibulares. “Assim que conseguirmos traçar um perfil genético mais completo dos pacientes que apresentam DTMs, penso que será possível propor tratamentos mais eficazes e individualizados. A identificação de fatores genéticos fornecerá um maior conhecimento sobre os mecanismos envolvidos no desenvolvimento das alterações articulares e no desencadeamento das respostas dolorosas. Desta forma, poderão ser estabelecidas bases científicas que proporcionem em vez de tratamentos paliativos, terapias teciduais capazes de reverter o processo patológico”, prevê. Isabela diz que pretende dar seguimento aos seus estudos na UFBA, mantendo a colaboração com os pesquisadores da FOP. Atualmente, as DTMs são tratadas por meio de fisioterapia, administração de medicamentos, reabilitação odontológica e, em casos mais sérios, cirurgias.

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