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Um Museu de Ciências
em Campinas

Sábado, dia 9 de agosto, se realizará no auditório da Biblioteca Central uma exposição de experiências sobre museus de ciências. O evento contará com a participação de Jorge Wagensberg, Diretor do Museu de la Ciència de Barcelona (Espanha), Jorge Padilla, Diretor do Centro de Ciências Explora (México) e Peter Giles, Presidente do The Tech Museum of Innovation, San Jose (EUA). Antecedendo a este evento, aberto ao público em geral, se realizará um encontro para um público mais restrito, discutindo uma série de questões sobre museus e centros de ciências (detalhes sobre o evento podem ser acessados na página www.preac.unicamp.br/mc).

Ambos os eventos marcam o final de uma etapa de um grupo de trabalho instituído pela Reitoria da Unicamp em janeiro deste ano, para estudar a possibilidade de implantação de um museu de ciências em Campinas, como uma iniciativa da Unicamp, que buscará estabelecer uma parceria com outras instituições de pesquisa da cidade, além da Prefeitura Municipal.

Como todo museu, aqueles dedicados às ciências contam com exposições permanentes e temporárias, neste caso visando gerar junto aos visitantes estímulos a favor do conhecimento e do método científico. Quando articuladas em torno de grandes temas, estas possibilitam abordar com naturalidade não apenas conceitos e fenômenos ligados às ciências exatas e tecnológicas, mas também questões focadas pelas ciências sociais e humanas.

Os museus de ciência modernos são fortemente marcados pela interatividade do visitante com as exposições. A interatividade manual com os artefatos não se restringe ao mero acionamento de botões e alavancas, mas antes de tudo a possibilidade do visitante manipular os elementos e experimentos expostos, observando a reação da própria natureza a esta manipulação. Partindo desta interatividade quase que lúdica, e possibilitando aos visitantes uma ampla multiplicidade de atuação, as exposições provocam o que se costuma chamar de interatividade mental, a prática da inteligibilidade da ciência, distinguir o essencial do acessório. Sem necessariamente fornecer respostas, as exposições provocam perguntas e inquietação, sentimento motor de toda investigação científica.
Mas nem só de experiências vive um museu de ciências. Seu impacto pode gerar a credibilidade necessária para toda uma gama de atividades que se inserem naturalmente neste contexto.

Destacamos em primeiro lugar um amplo leque de atividades educativas, que podem abranger oficinas, cursos e laboratórios para todas as idades, principalmente para jovens e crianças. Neste sentido, um museu em Campinas pode se constituir quase que um prolongamento das escolas, colocando em contato permanente a comunidade universitária, professores e estudantes, com a comunidade escolar, alunos e professores. As atividades educacionais podem ser uma espécie de contraponto da exposição, permitindo aos participantes encontrar respostas a perguntas suscitadas pelas exposições. Considerando as inúmeras carências de nosso sistema escolar, este tipo de atividade pode ter grande impacto na formação de jovens alunos, nossos futuros estudantes.

Diversas atividades que já vêm sendo desenvolvidas na Universidade, como cursos de extensão e formação continuada de professores, podem encontrar no museu de ciências um ambiente rico e estimulante para abrigá-las.

Através de uma biblioteca-videoteca-brinquedoteca de divulgação científica, o museu pode preencher uma grande lacuna de nossa cidade, proporcionando um espaço de convívio social e lazer inteligente e estimulante.

Por último, mas não menos importante, um museu de ciência pode ser um canal de comunicação permanente entre a comunidade científica e a sociedade mais ampla. Além das óbvias possibilidades de divulgarmos um amplo espectro de pesquisas desenvolvidas na universidade, o museu de ciências é um local adequado para instituirmos, através de debates e conferências, um verdadeiro diálogo com a sociedade mais ampla acerca de questões relacionadas ao desenvolvimento científico, seu impacto na sociedade, no meio ambiente, na nossa concepção de mundo.

Sobre o museu de Campinas, trabalhamos com a idéia de construí-lo no Parque Portugal, no Taquaral, onde hoje funciona o Museu Dinâmico de Ciências de Campinas. O grupo de trabalho imagina prevê a construção de uma sede com cerca de dez mil metros quadrados, que possa abrigar tanto uma ampla área de exposições como o setor educacional, áreas de convívio e de serviços e dependências administrativas.

Obviamente, trata-se de uma obra vultosa e complexa que exigirá muitos recursos. As leis de incentivo fiscal à cultura permitirem que a maior parte dos recursos para o financiamento da obra sejam captados junto à iniciativa privada e a sociedade em geral, restando à universidade contribuições residuais. Já no que se refere aos recursos intelectuais, estes sim ficarão em grande parte sob nossa responsabilidade e não tenhamos dúvidas: a complexidade deste projeto exigirá a participação de muitos e permitirá a colaboração de todos os interessados.

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Marcelo Firer é professor do Instituto de Matemática,
Estatística e Computação Científica

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