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Michel Debrun

COMENTÁRIO

Michel Debrun

EUSTÁQUIO GOMES

A presença de intelectuais do porte de Marcelo Dascal, Scott Kelso e Pim Haselager num colóquio que leva o nome de Michel Debrun (foto acima), e que se realiza esta semana na Unicamp, é uma primeira e necessária homenagem ao filósofo e sociólogo francês que em 1957 aportou no Brasil para não mais sair.

Debrun pertenceu àquela linhagem de intelectuais franceses que, como Lévi-Strauss, Roger Bastide e Blaise Crendrars, dedicou parte considerável de sua vida ao esforço de compreender e explicar o Brasil e os brasileiros. No caso de Debrun, essa busca de compreensão começou na década de 50, quando, recém-vindo da França, incorporou-se ao grupo de ideólogos do ISEB e estendeu sua indagação por quarenta anos, fixando-se sobretudo na questão da identidade brasileira, até seu falecimento em 1997.

Em seus últimos anos, Debrun – que foi contemporâneo de Sartre na École Normal Superieure – vinha se interessando pelo processo de globalização das economias e pelo modo como o Brasil se inseria na corrente dessa transformação. Em sua última entrevista, concedida ao jornal Correio Popular, de Campinas, Debrun afirmou que o trunfo brasileiro estava possivelmente na manutenção da linha “antropofágica” que, partindo de Oswald de Andrade, passava por Gilberto Freyre e alcançava Darcy Ribeiro.

“O Brasil tem uma capacidade fantástica de deglutir, rearranjar ou mesmo neutralizar tudo o que vem de fora, mesmo que de início possa parecer um recipiente passivo, como no caso das tábuas da lei do FMI. Na verdade o Brasil faz como fazia o general Kutusov, que em 1812 permitiu que Napoleão avançasse pelas estepes russas para em seguida apanhá-lo na armadilha do inverno e da fome”, disse Debrun na época.

O que disse Debrun fora de suas magníficas aulas na Unicamp coube numa pequena e densa obra que inclui os livros Ideologia e Realidade (1959), O fato político (1962), A conciliação e outras estratégias (1983) e Auto-organização e estudos interdisciplinates (1997). A outra homenagem que se lhe poderia prestar, e já é tempo para isso, seria a publicação de seus inéditos – que os há, por certo.

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