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......ANO XV -Nº 161 - Abril 2001

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A novela dos ‘sarados’
Pesquisa mostra como adolescentes aprendem a paquerar e namorar pela TV

ADRIANA MIRANDA

novela brasileira dita a moda, o comportamento e, paixão das donas-de-casa há décadas, conquista até machões de carteirinha. A média de pontos no Ibope reflete esse fascínio. Agora, uma pesquisa realizada na Unicamp vem inserir um dado novo sobre os telespectadores: parcela significativa dos adolescentes se vale da ficção para aprender a paquerar, conquistar e namorar na vida real. Em sua tese de doutorado O Adolescente e a TV: O Caso da Telenovela Malhação, a pedagoga Maria Inez Masaro Alves concluiu que, diante da ausência dos pais no lar e a pouca participação da escola no processo de formação pessoal, a televisão acaba cumprindo papel de agente socializador e modelador do jovem de hoje.

Em relação ao vestuário, por exemplo, os jovens estão a cada dia mais parecidos, inspirados nos personagens da telinha. “O tempo que encontram livre, eles passam em frente à televisão. O texto imagético serve como uma modelação. Se o adolescente não sabe o que deve fazer, por falta de uma orientação, vai encontrar na televisão um espelho para sua vida. Vai partir da imagem para desempenhar os seus papéis, agindo de acordo com a novela. O que é positivo na trama, ele tenta reproduzir; o que é negativo, tenta negar”, aponta a pesquisadora.

O grande poder da mídia televisiva, entretanto, revela-se de forma subliminar em questões mais profundas e polêmicas que envolvem preconceitos e valores. É como uma tortura chinesa. “É o gotejamento, o depósito invisível, mas contínuo, de cognições que vão se acumulando através das imagens representadas, repassadas e repetidas”, destaca Maria Inez na conclusão da tese defendida no ano passado. A tese foi apresentada ao Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e orientada pela professora Ana Maria Meregalli Goldani.

A escolha de Malhação, exibida pela Rede Globo há cinco anos (com exceção dos finais de tarde de sábados e domingos), foi proposital. A novela é destinada essencialmente aos adolescentes e estima-se que 1,6 milhão deles estejam em casa com os televisores ligados no horário de exibição.
Na pesquisa foram entrevistados mais de 400 adolescentes, em cidades com menos de 10 mil habitantes (caso de Santo Antônio da Posse) e com mais de 100 mil habitantes (Americana) e com quase um milhão de habitantes (Campinas). Todos assistiam à novela, estudavam em escolas públicas ou particulares, tinham idade variando entre 13 e 18 anos, e em média 9,6 anos de estudos. A amostragem de domicílios feita pelo IBGE, em 1997, aponta 20,7 milhões de adolescentes dentro dessa faixa etária no Brasil.

Passada a fase de levantamento, a pesquisadora centrou-se em seis grupos focais, cada qual com cinco a doze integrantes cursando a 8ª série do ensino fundamental. Na primeira etapa foram ouvidos estudantes também do ensino médio. Com os grupos foram trabalhadas cenas retiradas de Malhação no período de março de 1998 a outubro de 1999.

As meninas dominam – Segundo Maria Inez, a pesquisa indica que as meninas reinam absolutas nos jogos amorosos, na vida real e na ficção. “A mulher, no universo pesquisado, é um sujeito que se revela claramente no verbo futurar, como emitido por uma das adolescentes pesquisadas”, diz. A imagem da mulher liberada, emancipada, autônoma, dona de suas vontades, é justamente a que se faz presente nas cenas da novela.

A pesquisadora acrescenta que o namoro, na ficção e na realidade, não é mais entendido como um momento de compromisso romântico e apaixonado, onde o conhecimento mútuo prepara e constrói a idéia do casamento. “Visto através da novela e dos discursos dos adolescentes pesquisados, o namoro agora representa uma aproximação mais física e íntima, com compromisso de fidelidade e de transas”, ressalta.

A inclusão de temas como a Aids e o uso da camisinha é positiva, segundo Maria Inez, pois faz com que os jovens reflitam sobre o problema das doenças sexualmente transmissíveis e passem a usar preservativos. Pelos discursos ouvidos dos adolescentes constatou-se que essa população tem informação suficiente sobre os métodos contraceptivos e que a gravidez é “vacilo” ou “opção”. Na novela, como na vida real, o corpo é o centro do mundo dos adolescentes. Meninos e meninas com corpos ‘sarados’ são presença constante em Malhação. “O corpo é apresentado de forma menos contida, demonstrando que o sexo faz parte de um corpo que deve ser usufruído e não negado”, comenta.

Homossexualismo – A opinião dos alunos das escolas particulares difere daqueles que freqüentam as unidades públicas quanto às relações de gênero. “Quando se trata do papel do homem e da mulher, os estudantes de escola pública são mais tradicionais”, compara a pesquisadora. Mas, na questão do homossexualismo, aqueles de escolas particulares demonstraram maior preconceito.
“Apesar da visível presença de homossexuais nos mais diversos espaços da sociedade, celebrou-se um pacto, entre o espectador e o texto imagético, na tentativa de negar esta existência. Nesse sentido, pode-se considerar que Malhação reforça o preconceito contra os homossexuais”, comenta Maria Inez. Na novela, os personagens homossexuais saem de cena, nunca integram o elenco fixo.

Os personagens da tevê servem como modelo para os adolescentes em vários aspectos, mas o mesmo não ocorre com relação à virgindade. Maria Inez observa que a novela continua apresentando a virgem como exemplo da idoneidade feminina. Ela é a figura sedutora e o objeto de desejo, valores que na verdade não mais permeiam as cabeças de grande parte dos adolescentes.

 

 

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