Edição nº 670

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 26 de setembro de 2016 a 02 de outubro de 2016 – ANO 2016 – Nº 670

Ensino superior em países de língua
portuguesa é tema de fórum internacional

Organizado pela Associação Forges em parceria
com a Unicamp, evento ocorre em novembro

Professores, pós-graduandos, graduandos, gestores e autoridades públicas que discutem a educação superior estarão reunidos na 6ª Conferência Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa (Forges), que acontece pela primeira vez na Unicamp. O reitor da Universidade, professor José Tadeu Jorge, abre o evento no dia 28 de novembro, às 9 horas, no Centro de Convenções da Universidade, para um debate qualificado e abrangente. Veja a programação completa.

O objetivo é refletir sobre a missão da educação superior no desenvolvimento de regiões e de países que têm o português como língua oficial. Esse evento é organizado pela Associação Forges, em parceria com a Unicamp, e vários outros apoiadores do Brasil e do exterior. Nessa edição, o tema é “Para quê(m) servem as universidades e os institutos de ensino superior? Balanços, proposições e desafios acerca do seu papel no século XXI”.

Participam da abertura da sexta conferência a professora Luísa Cerdeira, presidente da Associação Forges (Portugal); a professora da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) Milena Pavan Serafim, que organiza o evento na Unicamp; e representantes dos governos dos países participantes. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas no site do evento (www.bit.do/forges ou www.aforges.net). São esperadas cerca de 300 pessoas para esse evento anual. O encerramento acontece no dia 30 de novembro.

A organizadora salienta que há dois motivos para a Unicamp sediar esse encontro. O primeiro é que o Brasil, segundo ela, tem um modelo de educação pública que assume um protagonismo na América Latina e nos países de língua portuguesa. O segundo tem a ver com sua forte liderança, por meio das universidades estaduais paulistas que assumem a dianteira nos rankings (na produção de conhecimento, na gestão e na inserção de alunos na academia), mas também por meio das agências de fomento, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Milena Pavan Serafim, que também é assessora da Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário (PRDU), conta que essa conferência está ligada à Associação Forges, uma entidade sem fins lucrativos que surgiu em 2010 como uma rede que promove estudos, investigações e debates em gestão universitária e políticas de ensino superior de países lusófonos. A Forges tem atualmente 210 associados.

“Devemos atrair grande público, pois essa não é apenas uma conferência acadêmica. Ela tem em vista também o diálogo com os tomadores de decisão dos países que formam a rede. Virão ministros, presidentes de instituições, embaixadores, entre outras autoridades”, informa a docente. Por isso, estão sendo propostos debates, um balanço da conjuntura e do papel social da universidade e dos institutos de ensino superior.

“A autonomia universitária poderá ser o ponto de partida para as discussões”, destaca Milena. “Isso porque ela é fundamental para que sejam criadas minimamente condições de caminhar numa perspectiva do que entendemos o que é a universidade e como ela deve se desenvolver no ensino, na pesquisa e na extensão.”

Por outro lado, a docente reconhece que a autonomia não significa necessariamente soberania. “É preciso respeitar a quem servimos. O dinheiro é público, mas, mesmo tendo autonomia para usá-lo para diversos fins, é preciso prestar contas do que fazemos. Então as expressões ‘para quê’ e ‘para quem’ serve, delineadas na temática, vão muito além da reflexão do que é produzido e sua ligação com o mercado de trabalho. Devemos buscar inclusive apoio numa atuação mais cidadã e empreendedora”, sugere.

Debate público
Foram programados para o evento duas conferências e três painéis, todos com a participação de especialistas renomados, e 14 sessões paralelas, que reunirão membros da comunidade acadêmica. A ideia é estabelecer um diálogo com todos. 

A conferência inaugural, revela Milena, será proferida no dia 28, às 11 horas, pelo professor José Barata-Moura, ex-reitor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Portugal). Ele falará sobre a “Missão da universidade”. A segunda conferência ficará a cargo do professor titular aposentado da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, José Dias Sobrinho, que encerrará todas as atividades no dia 30, às 11 horas, fazendo um apanhado geral do evento.

Além das conferências, serão realizados três painéis com as presenças de representantes de Portugal, Moçambique, Angola, Brasil, Macau, Índia, Cabo Verde e China, para abordar suas temáticas com as agências de fomento. Está confirmada a presença do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

O primeiro painel vai abordar os múltiplos desafios da reafirmação e renovação da missão das instituições de ensino superior. “Muitas vezes temos até claras as missões no ensino, na pesquisa e na extensão. Reconhecemos a sua indissociabilidade. Contudo, temos que sair dessa perspectiva endógena de pensar que ela serve mais para nós, para perceber qual é o desafio dessas missões, com transbordamento para a sociedade”, frisa Milena.

Jorge Bento, professor aposentado da Universidade do Porto (Portugal), será o moderador desse primeiro painel, que ainda terá como palestrantes Valdemar Sguissardi, professor titular da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); António Branco, reitor da Universidade do Algarve (Portugal); e Ana Mondjana, vice-reitora da Universidade Mondlane (Moçambique).

O segundo painel é sobre “Os contributos do ensino superior face aos novos desafios societais”. “A sociedade está cada vez mais complexa e é preciso saber se a interação da produção do conhecimento está adequada a esses desafios”, realça a organizadora do evento.

Esse painel terá como moderador Luiz Dourado, professor titular da Universidade de Goiás, e como palestrantes Pedro Miguel Dominguinhos, presidente do Instituto Politécnico de Setúbal (Portugal); Aurobindo Xavier, presidente da Sociedade Lusófona de Goa (Índia); e Aurélia Almeida, coordenadora da Escola de Administração Pública do Instituto Politécnico de Macau (Macau).

O terceiro painel discutirá a “Sustentabilidade, inovação e internacionalização na educação superior”. “O ensino superior sofre influência da globalização, e suas instituições precisam se preparar para a internacionalização. Precisam fazer avançar suas competências em inovação no contexto global, parcerias, redes cooperativas”, diz Milena. “Com a reunião de diferentes competências que conhecem bem a dinâmica de suas universidades e questões de gestão, o tema tende a avançar.”

O professor Joaquim Ramos Carvalho, vice-reitor da Universidade de Coimbra (Portugal), será o moderador desse painel. Participam dele Maria do Rosário Sambo, reitora da Universidade Agostinho Neto (Angola); Paulino Fortes, ex-reitor da Universidade Pública de Cabo Verde; e Luiz Roberto Liza Curi, presidente do Inep.

A expectativa dos trabalhos, comenta a organizadora, é muito grande, sobretudo porque a sexta conferência praticamente finalizará as comemorações dos 50 anos da Unicamp (iniciadas em outubro de 2015). Também a expectativa estrangeira com relação à Unicamp é muito elevada, uma vez que esta instituição se constitui modelo para outras – é a segunda mais destacada da América Latina entre as 50 mais jovens.

Milena acredita que a principal atitude nesse momento é apontar para a sociedade o quanto a universidade contribui com ela, apesar da descrença e da desmoralização que o ensino superior tem vivido. “O nosso desafio será mostrar que a universidade pública está profundamente comprometida com a sociedade”, sustenta a assessora da PRDU.