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Na luta contra a malária

A descoberta de um remédio para a malária ainda é um dos maiores desafios da ciência. A aluna Fernanda Crivelari Figueiredo, do Laboratório de Química Analítica do Instituto de Química (IQ) da Unicamp, já está engajada nesta luta. Tanto que foi contemplada com o primeiro lugar no IX Congresso Interno de Iniciação Científica, com o trabalho “Determinação de Artemisinina, empregado como medicamento para o tratamento de malária, em Artemísia annua L., utilizando espectroscopia de infravermelho próximo”.

A artemisinina é o princípio ativo da artemísia, planta descoberta na China em 1987 e que já vem sendo empregada no tratamento da febre causada pela malária. O estudo desenvolvido por Fernanda, sob orientação do professor Jarbas José Rodrigues Rohwedder, teve como foco o controle do grau de concentração do princípio ativo por meio de uma nova tecnologia, a espectroscopia de infravermelho próximo – normalmente o controle é feito por cromatografia líquida de alta eficiência, chamada CLAE.

Fernanda explica que o controle da concentração do princípio ativo na planta precisa ser sistemático para se determinar quando é obtida a máxima concentração, de aproximadamente 1,2%. “Passada esta etapa, a concentração começa a diminuir, dando início à floração da artemísia”.

A planta é cultivada na própria Unicamp, pelo CPQBA (Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas), que possui um viveiro com vários estágios de crescimento. Além disso, o CPQBA vem realizando a extração do princípio ativo.

Esta dedicação resulta das estatísticas. A estudante lembra que todos os anos surgem pelo menos 230 milhões de casos no mundo, principalmente nos continentes pobres – África, Ásia e América do Sul. No Brasil são 500 mil ocorrências anuais. O número de mortes em nível mundial é de 2 milhões por ano, índice superior ao da Aids.

Paliativos
Os remédios contra a malária encontrados até agora não passam de paliativos. De acordo com Fernanda, o uso de drogas ou da quimioprofilaxia não é 100% eficaz para prevenção da doença. Por isso, ela considera fundamental a pesquisa e desenvolvimento de novos antimaláricos.

Na conclusão de seu trabalho, vencedor do Congresso de Iniciação Científica, a estudante constatou que, empregando-se os métodos quimiométricos, ocorreu um erro médio de 5% em relação aos valores encontrados através da cromatografia. De acordo com ela, quando comparado ao CLAE , este resultado preliminar demonstra que a espectroscopia traz uma estimativa bastante razoável do teor de artemisinina medida diretamente na planta.

Mas o trabalho ainda não acabou. Os próximos passos da pesquisa são a construção de novos modelos quiométricos a partir dos espectros obtidos e dos dados cromatográficos do CPQBA. Também serão avaliados os diferentes modos de medida empregando espectroscopia e as medidas espectroscópicas para a planta seca, quando deverão ser analisadas as interferências da cela e da umidade relativa a cada amostra.

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Picada de mosca

les foram picados por alguma espécie de mosca”, surpreendeu-se o reitor Hermano Tavares, diante dos 659 trabalhos apresentados no IX Congresso Interno de Iniciação Científica da Unicamp.Trata-se de um número recorde de exposições, envolvendo todas as grandes áreas de conhecimento da Universidade. A maior parte dos trabalhos (303) foi concretizada por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) do CNPq. O programa de Bolsa Pesquisa do SAE (Serviço de Apoio ao Estudante) da Unicamp contemplou 201 trabalhos e a Fapesp, 97.

Outros 64 estudantes apresentaram trabalhos mesmo sem contar com bolsas. “Isto não tirou deles o gosto pela pesquisa, o que nos leva ao desejo de incentivá-los cada vez mais. Infelizmente, a Unicamp ainda oferece um volume de bolsas muito modesto e que precisa crescer”, disse o reitor em seu pronunciamento na abertura do evento.

Hermano Tavares vê o Congresso de Iniciação Científica como um acontecimento importantíssimo para professores e graduandos, onde se justifica o esforço despendido pela população paulista para manter a instituição. “A Unicamp, sendo universidade pública, tem o dever de se expor. Este é um momento em que mostramos, com maior clareza para a sociedade, a qualidade dos profissionais que estamos gerando”.

Lamentando que os problemas do país permitam às universidades públicas absorver apenas a nata dos estudantes que terminam o curso secundário, o reitor afirmou que este seleto grupo deve retribuir os privilégios “usando-os de forma a produzir tudo o que sua capacidade permite”. Tavares destacou, ainda, a preocupação da Universidade com a formação cidadã de seus alunos: “Além de formar profissionais de boa qualidade, temos de formar pessoas que se responsabilizem pela condição futura deste país”.

Parceria – Angelo Cortelazzo, pró-reitor de Graduação, destacou a parceria com a Pró-Reitoria de Pesquisa na organização do IX Congresso Interno de Iniciação Científica. Ele acredita que, mantido o ritmo atual de crescimento, o evento deverá ganhar nova formatação a partir do ano que vem, talvez em duas etapas.
Cortelazzo ressalta que esta proposta de trabalhar os alunos para a iniciação científica é o que diferencia a Unicamp de outras universidades e faz com que sua graduação seja considerada uma das melhores do Brasil. “Por isso, vejo o Congresso como o momento mais importante da graduação. Fica claro que podemos nos orgulhar de pertencer ao quadro docente, discente e de funcionários desta instituição”, declarou.

Confirmando-se a mudança no formato, ela será a terceira. A segunda foi aplicada neste ano e é apontada como a causa do número recorde de participantes nesta nona versão, na opinião de Ivan Chambouleyron, pró-reitor de Pesquisa. Ao contrário dos anos anteriores, quando os trabalhos eram apresentados em locais diferentes, de acordo com a especialidade, em 2001 foram agrupados em um mesmo espaço, no Ginásio Multidisplinar. “Isso permitiu aos alunos um olhar sobre toda a produção de iniciação científica da Unicamp. Eles tiveram oportunidade de apreciar trabalhos tão interessantes quanto os seus”.

Avaliação
O professor observa que antes os estudantes expunham seus trabalhos em salas, para poucas pessoas, e agora tiveram públicos de todas as especialidades. “Mais de mil pessoas circularam pelo ginásio. Tivemos artes, música, orquestra sinfônica”. O mais importantes, lembra Chambouleyron, é que alunos sem a obrigação de participar fizeram questão de mostrar sua produção ao lado dos bolsistas. “Este conjunto de trabalhos será avaliado pelo CNPq, o que deverá propiciar novos fomentos, além de críticas para aperfeiçoar a qualidade do Congresso”.

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Controle de adoçantes

O quarto colocado do IX Congresso Interno de Iniciação Científica da Unicamp é aluno do Instituto de Química (IQ) e pesquisa a espectroscopia no infravermelho próximo (NIR). Leandro Mattos Silva, orientado pelo professor Célio Pasquini, concorreu com um projeto visando a determinação de esteviosídeo em produtos comerciais usados como adoçantes dietéticos, no caso um adoçante natural.

Pasquini informa que a técnica empregada por Leandro foi a espectroscopia de refletância na região do infravermelho próximo. “Esta técnica permite a determinação rápida do teor do esteviosídeo diretamente na amostra, sem pré-tratamento. Ela pode ser utilizada no controle de qualidade do adoçante comercial em substituição à técnica cromatográfica, que tem custo mais alto e uma operação mais complicada e demorada”, explica o professor.

Célio Pasquini lembra que a execução do projeto permitiu ao aluno tomar contato com uma técnica moderna de Análise Química – muito utilizada na indústria – e com as técnicas de tratamento estatístico de dados multivariados, o que contribuiu muito para sua formação geral.

 

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