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Graduandos a caminho da pós
O Congresso de Iniciação Científica da Unicamp é o principal evento da Graduação, um incentivo ao estudante. Veja os trabalhos premiados na nona edição

Da edificação ao habite-se

JOÃO MAURÍCIO DA ROSA

O estudante Pedro Roberto da Silva Neto, do curso de Tecnologia em Edifícios do Centro Superior de Educação Tecnológica (Ceset) da Unicamp, em Limeira, conhece como poucos a cidade onde estuda. Ele elaborou uma minuciosa pesquisa sobre dois bairros de baixa renda na periferia e constatou que as casas são levantadas sem critério algum e sem qualquer apoio técnico da prefeitura.

Desta forma, as ruas não têm um leito carroçável mínimo, há ausência de áreas verdes e as casas recebem pouca luz solar, não oferecendo conforto algum. O estudo de Pedro Roberto, orientado pelo professor Edison Roberto Poleti, foi apresentado no IX Congresso de Iniciação Científica da Unicamp, nos dias 27 e 28 de setembro, e acabou ficando em segundo lugar como o painel mais objetivo, claro e de melhor qualidade visual.

As pesquisas foram realizadas entre agosto de 2000 e julho de 2001, nos bairros Nova Conquista e Ernesto Kulh. O trabalho compreende, além dos modelos de habitação, a composição familiar por residência e por metro quadrado. A conclusão é de que o poder público em Limeira não possui um sistema de gestão que atenda as áreas de ocupação do município.

Por esta razão, Pedro desenvolveu, paralelamente à pesquisa, um modelo para aprovação e acompanhamento técnico nas obras já existentes, antes e durante a construção. A meta, segundo ele, é estabelecer uma parceria entre Universidade, Associação de Engenheiros e Arquitetos e Prefeitura para encurtar a trajetória entre a edificação e sua regularização, o chamado “habite-se”.

O estudante encontrou condições irregulares em 86% das habitações visitadas. Entre as irregularidades, avanço dos recuos laterais e de frente; frente mínima superior ou inferior; terrenos desmembrados; número de habitantes por metro quadrado superior em vários lotes; avanço de construção nos passeios mínimos permitidos; avanço de construção nos alinhamentos do terreno; dimensões superiores ou inferiores nos leitos carroçáveis devido ao não alinhamento predial.

Na pesquisa, 56% das residências apresentaram casos de insolação, devido à má locação da construção no terreno, não levando em consideração os cuidados mínimos para um bom aproveitamento da luz do dia. Nas construções de baixa renda, são características as áreas de iluminação dos cômodos menores que 1/5; e, aliado a isso, observam-se extensas paredes recebendo todo o sol da tarde, configurando assim desconforto térmico no ambiente. Residências em terrenos desmembrados ou casas geminadas apresentam pouca ventilação, pois estão em desacordo com relação aos recuos de frente e laterais mínimos.

Ocupação
A taxa de ocupação por construção, nos casos estudados, compreendeu 80% da área construída no terreno, ultrapassando os limites permitidos. Foram esses os dados encontrados: 2% das residências tendo acima de 12 habitantes/m² de construção; 5% de 8 a 12 habitantes/m²; 11% de 6 a 8 habitantes/m²; 34% de 4 a 6 habitantes/m²; e 48% de 1 a 4 habitantes/m² de área construída.

Os passeios encontram-se totalmente fora das normas, notando-se, em 66% dos casos estudados, avanço de mais da metade do passeio; em 22%, avanço da metade do passeio; em 12%, avanço de todo o passeio. Além de avançarem a construção, os moradores executaram as calçadas como bem entenderam, levando a passeios totalmente fora dos padrões.

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Auto-construção de moradias

Notando a crescente prática da auto-construção de moradias, predominantemente praticada pela população de baixa renda, Daniel da Rocha Corrêa Silva, aluno da Faculdade de Engenharia Civil (FEC) da Unicamp, desenvolveu uma home page e um CD-ROM com orientações para o segmento. O trabalho, intitulado “Mecanismos de orientação para auto-construtores”, foi o terceiro na classificação dos melhores do IX Congresso Interno de Iniciação Científica.

A professora Sílvia Aparecida Mikami Gonçalves Pina, que orientou o aluno no projeto, explica que os auto-construtores terão acesso a uma obra onde se enfatiza os aspectos relacionados ao projeto arquitetônico. Daniel valeu-se de informações coletadas no projeto de pesquisa “Transferência de Inovação Tecnológica na Auto-construção de Moradias – Titam”, em andamento no Departamento de Arquitetura e Construção da FEC.
“Trata-se de uma solução alternativa para a população carente, diante da escassez de recursos e ausência de uma política habitacional efetiva para esse segmento. Como conseqüência, essas construções geralmente apresentam baixa qualidade e não atendem aos aspectos mínimos como conforto térmico, luminosidade, acústico e funcional”, justifica a professora.

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Hidroginástica e menopausa

N Aluna de quarto ano na Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, Luane Margareth Zanchetta teve uma surpresa ao final de um curso de hidroginástica que desenvolveu para 40 voluntárias já vivendo o período da menopausa. As mulheres, recrutadas para serem submetidas a uma investigação científica, estenderam uma faixa em homenagem ao talento da estudante: “Obrigada por nos mostrar o caminho, a juventude estará sempre dentro de nós”, dizia a inscrição, referindo-se ao trabalho de Luane e que lhe rendeu o quinto lugar no IX Congresso de Iniciação Científica.

O trabalho é intitulado “Como a hidroginástica pode influenciar na melhora do condicionamento físico em mulheres na menopausa”. O interesse de Luane foi despertado nas aulas de educação física, em relatos e na literatura. Cursando o perío-do noturno, ela dá aulas em academias e trabalhou por dois anos com hidroginástica no projeto de extensão “Aprender a Nadar”, da FEF, onde avaliava a composição corporal dos praticantes.

“Nas academias, as alunas relatavam as melhoras em seus organismos na execução de tarefas corriqueiras. Também pude constatar as melhoras visualmente”, explica. Luane decidiu, então, levar em frente seu projeto, pois também notou a alta demanda de mulheres com mais de 40 anos que procuram academias, muitas atendendo a recomendação médica. “Uma das dificuldades que enfrentei foi achar bibliografia com embasamento científico sobre o assunto”.

A idéia de associar a atividade de hidroginástica com mulheres na menopausa, veio da necessidade de Luane em envolver a atividade física com a área de saúde e a gerontologia. Sua orientadora, a professora Vera Aparecida Madruga Forti, já havia desenvolvido tese na Unicamp, em 1999, com base em um projeto de condicionamento físico aeróbio destinado ao público com menopausa. “Nesta época eu já desejava levar esse trabalho para a comunidade externa à Universidade, buscando comprovar a eficácia da atividade física na prevenção de fatores de risco”.

De acordo com Luane, a literatura aponta que a regularidade na atividade pode ser responsável pela redução em até 50% do declínio fisiológico no envelhecimento, pois trás benefícios para o sistema cardiovascular. “As doenças desse sistema são uma das principais causas de mortalidade feminina pós-menopausa, porque essas pessoas não têm mais a proteção do hormônio estrógeno”.

Bateria de testes
Luane Zanchetta iniciou seus estudos com um grupo de 40 voluntárias, mas algumas foram desistindo no percurso e, ao final de 16 semanas, com freqüência semanal de 3 sessões de hidroginástica, concluiu avaliações em 28 delas aplicando-lhes três testes: determinação de massa corporal, índice de massa corporal, percentual e massa de gordura corporal, massa corporal magra; flexibilidade de coluna inferior, elevação de ombro e extensão do tronco; teste de cooper de 2,4 mil metros-tempo, volume máximo de oxigênio, freqüência cardíaca de repouso após esforço e após um minuto.

Para que tantos testes? Luane informa que existem quatro variáveis da aptidão física relacionadas à saúde: capacidade cardiorespiratória, flexibilidade, força e composição corporal. “Dentre essas, nossa pesquisa constatou melhoras com significância estatística em todas, menos na variá-vel de força, que não foi avaliada porque a hidroginástica não utiliza sobrecargas ou pesos”.

Porém, a estudante lembra que é possível suspeitar que há ganho de força devido ao aumento da massa corporal magra. Entre as 28 voluntárias avaliadas estava a mãe da aluna. “Além das variáveis constatadas, foi notável a melhora na disposição e na conscientização da importância da atividade física na vida cotidiana de tais mulheres”, argumenta

 

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