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Jornal da Unicamp - 17 a 23 de junho de 2002
Agora semanal

Editora instala novo conselho
Maria Alice da Cruz

Ao assumir a Editora da Unicamp, o professor Paulo Elias Allane Franchetti admite ter muito trabalho pela frente. Entre as inovações está a instituição de cursos de capacitação profissional tanto a funcionários da unidade quanto a servidores interessados em aprender as várias atividades que envolvem a produção editorial. “O projeto é abrir para a comunidade, na medida do possível, para que a editora funcione como uma editora-escola”, observa. “A primeira coisa que vamos fazer em termos de recursos humanos é criar curso”, afirma.

A primeira iniciativa tomada pela direção da editora foi a instalação do novo conselho editorial, que tem como presidente o professor Alcir Pécora, do Instituto de Estudos da Linguagem e é composto de cinco docentes de diferentes áreas de ensino. No momento, a nova direção elabora um regimento interno para a editora, no qual se prevê a ampliação do conselho, com a participação de pessoas da comunidade externa da Universidade.

A nova editora traz de volta as coleções, o que faz com que os títulos não sejam publicados isoladamente. Segundo Franchetti, para todas elas serão determinados um piso e um teto, com programações anuais. A tiragem será estabelecida com base na repercussão, na venda dos livros e na necessidade acadêmica de um determinado título.

A expectativa é de que toda a comunidade acadêmica possa se envolver na tarefa de selecionar os livros da editora. A idéia é criar várias comissões editoriais, encarregadas de organizar coleções especiais. Para o ano que vem, o novo diretor pretende também incrementar a publicação de teses produzidas na Universidade. “Poderemos ter uma coleção específica de teses e outros trabalhos de pesquisa básica e aplicada”, revela.

Na opinião de Franchetti, a editora atualmente trabalha de forma improvisada e passiva. Está em seus planos criar um cronograma para que a unidade trabalhe em moldes mais profissionais. Isto, na sua opinião, envolve uma política de marketing mais agressiva de distribuição e divulgação. A primeira atitude para conseguir concretizar esse projeto foi a contratação do coordenador técnico editorial Márcio Nogueira, com vasta experiência na área de produção editorial. Este profissional é hoje responsável pelo treinamento de funcionários e pela criação de estratégias para melhorar o rendimento financeiro da editora e fazer com que os livros sejam conhecidos e o catálogo, mais abrangente. Outra das prioridades é a melhoria da qualidade gráfica dos livros.

Na área de vendas, o diretor negocia a autorização para a emissão de nota fiscal pela Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp), a fim de poder atingir uma rede maior de distribuidores. A idéia é estabelecer um convênio específico para que a fundação assuma o trabalho de vendas. Também está sendo negociado com a professora Helena Jank, que responde pelo Espaço Cultural Casa do Lago, um ambiente que deve servir como uma biblioteca da Editora, onde as publicações poderão ser apreciadas.

Um outro espaço para a difusão dos produtos da Editora deverá ser a área térrea do Ciclo Básico 2, que deverá abrigar um bookstore com café e internet. Estes, entre outros projetos, já ganham a atenção da nova direção da Editora e deverão ser concretizados nos próximos meses.

Filósofo húngaro doa biblioteca à Unicamp
Raquel do Carmo Santos


Na tarde do dia 5 de junho, no auditório do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), pesquisadores e alunos receberam uma das melhores notícias dos últimos tempos: a biblioteca do filósofo húngaro István Meszáros, discípulo direto de George Lukásc, será doada à Unicamp após sua morte. O anúncio foi recebido com aplausos pela comunidade local. De acordo com o professor do IFCH Ricardo Antunes, trata-se de uma “biblioteca magistral” que inclui obras da literatura alemã e húngara. Meszáros, que esteve em turnê pelo país, na semana passada, veio especialmente à Unicamp para o lançamento do livro Para Além do Capital – obra que consumiu mais de duas décadas de suas pesquisas acadêmicas. A publicação contém 1.100 páginas e conta com o selo das editoras da Unicamp e Boitempo. A primeira edição foi lançada na Inglaterra, em 1995, e na seqüência foi editada também nos Estados Unidos, na Índia, na Venezuela, na Grécia e no Irã. No Brasil, o trabalho de tradução foi desenvolvido em cinco anos e reuniu um número expressivo de pesquisadores da Unicamp e de outras universidades brasileiras.

Na opinião de Daniel Singer, que assina o texto da contra capa do livro, “depois do colapso do muro de Berlim e da União Soviética, muitos aderiram a idéia de que não há alternativa ao capitalismo. Eis um livro poderoso que traz mensagem oposta. Para Além do Capital é uma construção cuidadosamente coerente, que nos abre horizontes inteiramente novos”. Já para o professor Ricardo Antunes, organizador do livro e amigo pessoal do pesquisador, “a obra se configura como uma das mais agudas reflexões críticas sobre o capital em suas formas, engrenagens e mecanismos de funcionamento sociometabólico”. Antunes completa ainda no texto de apresentação da obra que Meszáros “empreende uma demolidora crítica ao capital e realiza uma das mais instigantes, provocativas e densas reflexões sobre a sociabilidade contemporânea e a lógica que a preside”.

Durante sua visita à Unicamp o filósofo marxista proferiu a conferência “A teoria econômica e a política para além do capital”. É a terceira vez que o filósofo vem ao Brasil. Em 1983, Meszáros fez uma turnê pelo País participando de uma série de seminários. Em 1996, esteve na Unicamp como convidado especial nos eventos realizados em homenagem a George Lukács. Desta vez, ele participou do lançamento do livro em quatro capitais brasileiras – Florianópolis, Rio de Janeiro, Belém e São Paulo. Por causa do lançamento, o livro está sendo vendido ao preço de R$ 70,00 e informações sobre vendas podem ser obtidas no telefone 3788-1604 ou 3788-7783/7786.

Quem é István Meszáros – Sua produção intelectual é das mais importantes, em que se destacam os livros: Marx: a teoria da alienação; A necessidade do controle social; Produção destrutiva e estado capitalista; A obra de Sartre: busca da liberdade, Filosofia, ideologia e ciência social; O poder da ideologia. É considerado um dos mais originais pensadores marxistas da atualidade. Nasceu em 19 de dezembro de 1930 em Budapeste. Graduou-se em filosofia, em 1954, na Universidade de Budapeste, onde mais tarde, no período que antecedeu à crise húngara de 1956, trabalhou com outro renomado filósofo húngaro, Georg Lukács, no Instituto de Estética. Posteriormente, trabalhou nas Universidades de Turim (Itália), St. Andrews (Escócia), York (Canadá) e, finalmente, na Universidade de Sussex (Inglaterra), onde recebeu, em 1991, o título de professor emérito. Em 1995, foi eleito membro da Academia de Ciências da Hungria.