Edição nº 650

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 21 de março de 2016 a 03 de abril de 2016 – ANO 2016 – Nº 650

Planejamento Estratégico da Unicamp 2016-2020


ARTIGO

Por Teresa Dib Zambon Atvars e Alvaro Penteado Crósta


Contexto

Planejamento estratégico é um instrumento de gestão utilizado pelas melhores universidades do mundo para orientar as decisões acadêmicas, administrativas e de investimentos. A Unicamp começou discussões sobre a metodologia de planejamento estratégico como mecanismo de tomada de decisão no início dos anos 2000. Em 2004 conseguiu organizar um documento mais sistematizado, o chamado Planes II, que foi apresentado e aprovado pelo Conselho Universitário (Deliberação Consu 405/04). Naquele documento, explicitou-se a identidade da Unicamp através da sua missão, dos princípios e valores a serem respeitados e da visão de futuro à época. Definiu-se naquela ocasião cinco áreas estratégicas (Ensino, Pesquisa, Extensão e Cooperação Técnica-Científica e Cultural, Administração e Qualidade de Vida).

O conceito de planejamento estratégico como método de gestão foi sendo paulatinamente incorporado à cultura institucional, embora não houvesse ainda uma definição clara sobre que mecanismos a serem aplicados nas tomadas de decisão para que as ações estratégicas necessárias ao desenvolvimento da Unicamp tivessem o impacto desejado, com medidas objetivas do impacto produzido. Para isto ainda são necessárias mudanças nos mecanismos de gestão do processo de planejamento estratégico e na forma como são tomadas as decisões estratégicas. Assim mesmo, muitas iniciativas tomadas geraram resultados, embora não tenham sido documentadas as correlações de causa e feito. Para citar alguns exemplos, há iniciativas realizadas no passado, no âmbito da Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário (PRDU) e seus órgãos subordinados, que podem ser avaliadas e dimensionadas como muito importantes para o desenvolvimento da Unicamp. Alguns destes exemplos são as ações corretivas, visando à acessibilidade em muitos prédios, as ações de formação de funcionários em gestão estratégica; as ações implantadas pelo Cecom, etc. Há também muitas ações tomadas no âmbito das unidades acadêmicas, que aperfeiçoaram, por exemplo, os mecanismos de contratação de docentes. Portanto, vincular planejamento e ações institucionais é um ponto muito importante para o desenvolvimento da Universidade.

No processo de elaboração do Planes 2016-202, buscou-se aperfeiçoar a identidade institucional, redefinindo-se a Missão da Unicamp como sendo a de: “Criar e disseminar o conhecimento científico tecnológico cultural e artístico em todos os campos do saber por meio do ensino, da pesquisa, e da extensão. Formar profissionais capazes de inovar e buscar soluções aos desafios da sociedade contemporânea com vistas ao exercício pleno da cidadania.”

Redefiniu-se também a nossa Visão de Futuro: “A Unicamp é uma universidade pública de liderança e referência internacional em todas as áreas do conhecimento, promotora do desenvolvimento sustentável e comprometida com os anseios da sociedade. ”

Explicitaram-se também os princípios que deixam clara a posição plural e de respeito às liberdades individual e intelectual que a Unicamp sempre praticou e pelas quais todos os segmentos da comunidade devem se guiar:

• Autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial;

• Compromisso com a excelência;

• Conduta ética com estrita observância aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência;

• Gratuidade no ensino público;

• Inclusão e acolhimento;

• Indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão;

• Inserção e responsabilidade social;

• Liberdade intelectual;

• Pluralismo de ideias e concepções pedagógicas;

• Respeito à dignidade da pessoa e aos seus direitos fundamentais, proscrevendo o tratamento desigual por preconceito de qualquer natureza;

• Respeito à diversidade das áreas do conhecimento;

• Valorização do ser humano.

Inovação do Planes 2016-2020

O Planejamento Estratégico da Unicamp de 2016-2020 avança em relação às revisões anteriores uma vez que é fortemente vinculado ao de avaliação institucional das unidades acadêmicas da Unicamp (unidades de ensino e pesquisa, colégios técnicos e centros e núcleos interdisciplinares de pesquisa). Os diagnósticos resultantes das avaliações institucionais internas e das avaliações externas dessas unidades posicionaram os gestores ante os desafios mais relevantes. Desta forma, o resultado da Avaliação Institucional 2009-2013 e os projetos propostos pelas unidades acadêmicas foram analisados e sistematizados pelas Pró-Reitorias e Vice-Reitorias Executivas e pautaram a discussão da revisão do planejamento no âmbito da Comissão de Planejamento Estratégico Institucional, Copei, e nas reuniões que se sucederam para a elaboração do texto a ser apresentado ao Conselho Universitário. Desta forma, e de maneira inédita na Unicamp, foi feita a vinculação efetiva entre avaliação e planejamento, como ilustrado no Esquema 1.

Áreas Estratégicas/ Estratégias Corporativas/ Programas

O Planes 2016-2020 estabeleceu quatro áreas estratégicas: Ensino, Pesquisa, Extensão e Gestão, que se desdobram em 13 estratégias corporativas, para promover as mudanças necessárias e atingir os objetivos institucionais. O Esquema 2 ilustra a inter-relação entre Áreas Estratégicas e Estratégias Corporativas. As estratégias corporativas contêm programas prioritários que serão implantados por meio de projetos a serem propostos pela administração (Pró-Reitorias e Vice-Reitorias), a partir de demandas discutidas com a comunidade ou com a administração central.

 A lógica do processo está ilustrada no Esquema 3, no qual, no topo, está a visão de futuro a ser alcançada e, na base, os projetos vinculados aos programas e às estratégias corporativas. Detalhes do planejamento e dos programas estratégicos podem ser acessados em https://www.prdu.unicamp.br/news/planes-2016-2020. Projetos bem-definidos e realizados com sucesso devem impactar positivamente as atividades acadêmicas e de gestão. Mensurá-los é uma das tarefas que precisamos ainda implantar, desenvolvendo para isto indicadores adequados.

Diretrizes e Prioridades

Ao serem definidos os programas prioritários, a Copei e os participantes que ajudaram a elaborar o Planes 2016-2020 discutiram algumas diretrizes gerais e definiram prioridades que devem orientar a elaboração e a seleção dos projetos a serem executados, como por exemplo:

• Flexibilização curricular e o uso de metodologias proativas para aprimorar o processo de ensino-aprendizagem;

• Internacionalização das atividades-fim e meio da Unicamp:

• Virtualização da Universidade, em todas as áreas de atuação;

• Profunda reformulação da gestão universitária e o comprometimento dos dirigentes dos órgãos administrativos com as mudanças que são prementes;

• Qualificação da gestão de quadros de pessoal (docentes, pesquisadores e funcionários) e a criação de mecanismos de identificação e de reconhecimento de talentos; 

• Explicitação do conceito de sustentabilidade do campus em todas as suas dimensões, como um processo central na vida da Unicamp;

• Estabelecimento de processos de comunicação como uma estratégia para as atividades principais da Universidade, introduzindo o conceito de “accountability”;

• Garantia de que os processos de inclusão, de permanência e de respeito à diversidade sejam permanentemente pautados;

• Garantia à sustentabilidade financeira da Unicamp, pois dela depende a continuidade da autonomia conquistada por meio do Decreto nº 52.255, de 30 de julho de 1989. 

Desta forma, o Planes 2016-2020 compõe a etapa que define os programas prioritários a serem implantados pela Unicamp e as diretrizes gerais a serem adotadas por todas as unidades/órgãos, com vistas ao cumprimento da missão da Unicamp. Estes foram aprovados pelo Conselho Universitário da Unicamp, em dezembro de 2015 (Deliberação Consu-571/15 de 15/12/2015), por proposta da Comissão de Planejamento Institucional da Unicamp. Dos resultados das implantações dos projetos e dos seus resultados, das avaliações dos seus impactos, decorrerá o novo ciclo de avaliação institucional do período 2014-2018.