Edição nº 597

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 19 de maio de 2014 a 25 de maio de 2014 – ANO 2014 – Nº 597

Egressos da Unicamp ganham
holofotes da mídia científica


Adilson Motter, que foi aluno de graduação do Instituto Gleb Wataghin (IFGW) e tem mestrado e doutorado pelo Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc), é um dos 30 cientistas de até 40 anos de idade mais promissores da América Latina, no ranking da revista chilena Qué Pasa e do blog bilíngue LatinAmericanScience.org. E Vanessa Testoni, mestre e doutora pela Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), está entre os 10 jovens brasileiros mais inovadores com menos de 35 anos, na primeira edição brasileira do prêmio concedido pela MIT Technology Review, publicação vinculada ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Adilson Motter vem construindo sólida e premiada trajetória nos Estados Unidos e esteve na Unicamp em 2010 para ministrar um colóquio aos alunos do IFGW, quando descreveu ao Jornal da Unicamp o trabalho do grupo de pesquisa que lidera na Northwestern University. “Desde então tive a felicidade de publicar trabalhos influentes e de receber vários prêmios. Em 2011 fui promovido a professor catedrático, que é a posição mais alta nas universidades americanas. No mesmo ano recebi o NSF Career, oferecido pela NSF (Fundação Nacional da Ciência dos EUA). Em 2013, o prêmio Erdös-Rényi da Network Science Society, e também fui eleito Fellow da Sociedade Americana de Física”, informa o pesquisador brasileiro. 

Motter considera sua inclusão no ranking da revista chilena gratificante, primeiro por ser lembrado em um país diferente daquele onde se formou e daquele onde trabalha, sugerindo que sua pesquisa pode ter impacto realmente global. “Um segundo motivo de satisfação é que este reconhecimento pode servir de incentivo para a formação de futuros pesquisadores no Brasil. Da pré-escola ao doutorado, estudei quase que exclusivamente em escola pública. Apesar de todas as adversidades, que não são poucas no caso de estudantes de baixa renda, é possível chegar a uma carreira científica promissora nascendo e estudando no Brasil.” 

Sobre os temas que vem pesquisando, Adilson Motter lembra que em 2010 estava focando as redes de infraestrutura, incluindo as redes elétricas, estudo que tem levado a novos métodos para controlar possíveis cascatas de falhas responsáveis, por exemplo, por provocar apagões. “Ocorre que nossos métodos computacionais se provaram bem mais gerais e úteis para o controle de numerosas outras redes complexas – entre as quais as genéticas, que governam o funcionamento de células do corpo. Falhas nessas redes, a exemplo das causadas por uma mutação, frequentemente levam a doenças como câncer. Aplicar tais métodos para identificar intervenções que sirvam de tratamento é um dos temas mais centrais da minha pesquisa atual.”

 

Jovens inovadores

O prêmio “Inovadores com menos de 35 anos”, que é realizado pelo MIT desde 1999 e agora ganha uma versão brasileira, tem como meta destacar os jovens inovadores cujos trabalhos tragam soluções reais aos desafios mundiais, envolvendo as áreas de biotecnologia, energia, telecomunicações, nanotecnologia e internet. Vanessa Testoni, uma apaixonada por processamento de sinal digital e codificação de vídeo, está entre os 10 vencedores por desenvolver um sistema de segurança para comércio eletrônico, como pesquisadora da Samsung em Campinas. Ela vai receber o prêmio em cerimônia no dia 13 de maio e ainda pode figurar entre os 35 da lista internacional – a iniciativa se estende a Itália, Espanha, sudeste da Ásia e América hispânica. O prêmio tem apoio da Finep e do BBVA, e já teve vencedores como Mark Zuckerberg, do Facebook, e Sergey Brin, do Google.

O professor Max Costa, orientador de Vanessa Testoni no doutorado pela Unicamp, coloca a ex-aluna entre os cientistas que mais entendem de codificação de imagens e de vídeo no mundo, com profundo conhecimento dos aspectos teóricos e de implementação prática dos algoritmos. “É uma das melhores alunas que já tivemos na FEEC. Possui uma formação dupla na graduação, em engenharia elétrica e em ciência da computação (respectivamente na UFPR e PUC-PR), o que lhe dá enorme competência para desenvolver algoritmos matemáticos complexos e também para implementá-los através de programas sofisticados ao computador.”

Max Costa acrescenta que, ao mesmo tempo da pós-graduação na FEEC, Vanessa recebeu bolsa de Felowship da Microsoft Research e passou três estágios de verão nos laboratórios da gigante americana em Redmond, encontrando tempo ainda para fundar o grupo de Mulheres em Engenharia (IEEE – Women in Engineering) da Unicamp e presidi-lo por um ano. “Na sequência, ela fez o pós-doutorado na Universidade da Califórnia (San Diego). Atualmente é pesquisadora do Centro de Pesquisas da Samsung, em Campinas. Este prêmio é altamente merecido e vem reconhecer a competência, produtividade, dedicação e entusiasmo científico de uma das mais proeminentes pesquisadoras brasileiras.”