Edição nº 533

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 30 de julho de 2012 a 05 de agosto de 2012 – ANO 2012 – Nº 533

Segurança no circo
é tema de pesquisa

Acidentes não são registrados e ocorrem com frequência; dissertação vai virar livro

Nas bancas
 

Estudo de mestrado realizado por Diego Leandro Ferreira e apresentado na Faculdade de Educação Física (FEF) defende que a segurança no circo deve ser considerada um fator primordial, podendo inclusive ser utilizada como uma das formas de avaliação da qualidade artística das atrações circenses. A pesquisa apontou que muitos acidentes que ocorrem sem notificação e de maneira recorrente e, com algumas ações preventivas, os riscos poderiam ser controlados e, consequentemente, minimizados. “A comunidade circense fica sabendo dos episódios, mas não existe uma investigação e nem há registro adequado. Por isso, os acidentes se repetem com frequência”, lamenta o professor de educação física. 

A pesquisa foi orientada pelo professor Marco Antonio Coelho Bortoleto e, como resultado, está em fase de elaboração um livro com procedimentos práticos para prevenção de acidentes nas atividades circenses. A publicação será financiada pelo Ministério da Cultura, por meio do Prêmio Carequinha de Estímulo ao Circo / Funarte, e a expectativa é que seja editado em português, inglês e espanhol. “O estudo está sendo adaptado para o formato de livro e pretende servir como um manual de diretrizes para a identificação e prevenção de riscos, com os respectivos procedimentos, protocolos e medidas de segurança”, explica.

Durante o mestrado na FEF, Diego Ferreira fez entrevistas com artistas, professores de circo e montadores (riggers), todos com mais de dez anos de experiência na atividade. Além de uma reflexão teórica sobre risco, acidente e segurança, foi realizada uma ampla pesquisa sobre os principais acidentes ocorridos na prática circense, buscando identificar as suas causas e características que permitissem entender o estado do problema. A pesquisa baseou-se fundamentalmente em relatos informais e informações disponíveis na internet, pois não existe nenhum registro oficial, situação provavelmente motivada pela informalidade que ainda recai sobre parte significativa dos profissionais circenses.

Uma das principais propostas do trabalho foi debater a questão entre os profissionais com o objetivo de criar uma “cultura de segurança” no setor. O professor sugere, por exemplo, que nos editais públicos ou privados para financiamentos de espetáculos ou festivais de circo, sejam incorporados os aspectos de segurança como pré-requisito ou parte do projeto. Como resultado, a questão já foi incorporada no edital do Festival Palhaçada que será realizado em agosto, em Goiânia.

Seria interessante, observa ele, que fosse feita obrigatoriamente uma avaliação técnica sobre segurança. “O panorama atual exige que este tipo de providência seja tomada para se garantir uma maior longevidade e qualidade da carreira do artista circense, porém, em geral, os editais priorizam as questões de mérito artístico e nem mencionam o quesito segurança”, declara.

O globo da morte, o trapézio, a cama elástica, entre outras, consistem em atrações grandiosas, mas sempre com risco iminente. São inúmeras as situações em que o “risco de vida” torna a atividade espetacular. Além disso, Ferreira elenca outras situações em que os acidentes também acontecem de forma regular: durante a montagem e desmontagem das estruturas e dos aparelhos. Ferreira lembra ainda que uma das grandes dificuldades é o fato de o circo ser um espetáculo heterogêneo, podendo acontecer na lona, nas ruas, nas praças, em escolas, em academias e nos locais mais diversos. Logo, o controle da segurança se faz ainda mais complexo.

Nos esportes de aventura, área em que Diego Ferreira atua há mais de uma década, as questões de segurança estão muito mais sistematizadas e legisladas, se comparado ao âmbito artístico-circense. Porém, foi sua atuação com atividades circenses, a qual realiza também há muito tempo, que motivou o desenvolvimento da pesquisa. Em sua opinião, é um momento de se unir forças para aprimorar a segurança. “O conhecimento empírico dos artistas circenses é de enorme importância, mas o conhecimento técnico-científico, seja sobre as novas tecnologias ou procedimentos, é fundamental para a promoção de uma arte circense segura”, declara. 

 

  • Publicação

Dissertação: “Segurança no circo: questão de prioridade”
Autor: Diego Leandro Ferreira
Orientador: Marco Antonio Coelho Bortoleto  
Unidade: Faculdade de Educação Física (FEF)

 

Comentários

Comentário: 

Muy meritório el tema, sobre todo cuando existe competencia académica para eso.

jsperezgallardo@gmail.com

Comentário: 

Muito pertinente o Tema, gostaria muito de ter acesso ao livro e poder saber mais sobre a segurança com os aparelhos aéreos. Trabalho a sete anos com tecido acrobático e sempre levo o meu técnico de segurança, felizmente meu trabalho sempre é seguro, prioridade na segurança é tudo, parabénssssssss!!!

carmelaferraz@gmail.com