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Estudo desenvolvido por pesquisador da FOP revela
que tempo de recuperação pode até dobrar

Pacientes que usam drogas estão mais
sujeitos a complicações pós-operatórias

CÉSAR MAIA

O cirurgião-dentista Eduardo Serena: “As complicações podem acarretar uma série de custos adicionais”  (Foto: Divulgação)Pacientes que fazem uso de drogas – álcool, fumo, cocaína e maconha, entre outras – são mais suscetíveis a complicações pós-operatórias, ocasionando, com isso, até o dobro do tempo para recuperação, além da possibilidade de realização de nova cirurgia. O foco do estudo, realizado pelo cirurgião-dentista Eduardo Serena, pesquisador da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), foram as cirurgias de fraturas mandibulares, que necessitam de internação em centro cirúrgico e anestesia geral para serem tratadas. O trabalho, no entanto, serve de alerta para os tratamentos de recuperação de pacientes em outras situações, cuja intervenção cirúrgica é necessária.

Estudo serve de alerta para outros procedimentos

A pesquisa, orientada pelo professor Luis Augusto Passeri, da Área de Cirurgia da FOP, recebeu o prêmio de melhor trabalho, na categoria pôster, no Congresso Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, realizado em Santa Catarina, em agosto último. Trata-se de uma das reuniões científicas mais importantes da área.

Para fundamentar sua pesquisa, Eduardo Serena analisou 472 casos de cirurgia de fratura mandibular, no período de 1999 a 2004, realizadas em hospitais das cidades de Piracicaba, Limeira e Rio Claro. O estudo apontou que os usuários de drogas injetáveis ou endovenosas apresentaram a maior porcentagem de complicações depois do procedimento – 37% dos casos. Os pacientes submetidos à cirurgia que faziam uso crônico de bebidas alcoólicas e que sofreram complicações constituíram um universo de 17%, e os indivíduos que usavam drogas não-endovenosas, como maconha, cocaína e crack, somaram 16% do grupo estudado.

Para facilitar as análises, Serena separou os casos em cinco grupos diferentes: daqueles que não possuíam nenhum tipo de vício; os fumantes; os usuários crônicos de bebidas alcoólicas; e os usuários de drogas endovenosas e não-endovenosas. De todos os grupos, o cirurgião chama a atenção também para a principal complicação pós-operatória, ou seja, 58% dos casos estariam relacionados a infecções.

Um dos aspectos a serem considerados, segundo o pesquisador, seria o alto custo para os procedimentos cirúrgicos deste porte. “As complicações pós-operatórias podem acarretar uma série de custos adicionais que oneram o Sistema Único de Saúde, órgão que paga os procedimentos ao hospital”, explica. Se a recuperação em condições normais de um paciente dura em média 45 dias, com as complicações, este período pode até dobrar, chegando a tratamentos que duram até três meses.

“Além das alterações sistêmicas no organismo, causadas pelo uso de drogas, os pacientes dependentes, em geral, não seguem adequadamente o tratamento pós-cirúrgico. Por conta da dependência, eles possuem alterações no sistema nervoso e o vício não permite que obedeçam as orientações de tratamento. Com tudo isso, a vulnerabilidade de desenvolver complicações aumenta significativamente”, esclarece Serena.

A recomendação do cirurgião é dar maior atenção à terapêutica adotada para este tipo de paciente para se evitar problemas nos primeiros 15 dias depois da operação – tempo em que as complicações podem surgir. O indivíduo que segue as indicações, como dieta líquida e pastosa e a ingestão de medicamentos nos horários determinados, tem grandes chances de não precisar retornar ao hospital. “A pesquisa ajudou a entender não só a importância dos procedimentos pré e pós-operatórios, como serve também de alerta para orientações específicas para os pacientes dependentes de drogas”, avalia o pesquisador.

Um resultado a ser considerado em estudos posteriores, segundo o pesquisador, foi a principal causa de cirurgia de fratura mandibular entre os usuários de substâncias psicoativas. “A maioria dos casos consistia em fratura por agressão física. Entre os pacientes sem nenhum tipo de vício, o problema maior foram os acidentes automobilísticos”.

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