| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 342 - 30 de outubro a 12 de novembro de 2006
Leia nesta edição
Capa
Inovação e experiência
Saber e royalties
Incamp
Pré-incubação
Inovação regional
Parcerias viabilizadas ?
Público parceiro
Inova 1
Inova 2
Painel da semana
Teses
Unicamp na mídia
Portal no JU
Livro da semana
Divulgar a ciência
Financiar a cultura
 

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Apenas dois dos produtos licenciados deverão
gerar US$ 6 milhões por ano à Universidade

Unicamp é fonte de
saber e de royalties

Pesquisadora manuseia pigmento branco para tintas à base de água: US$ 4,5 milhões em royalties (Foto: Antoninho Perri)Até o final da década, a Unicamp deverá entrar para o seleto clube mundial das universidades que alcançam a marca de US$ 10 milhões em royalties por ano. A meta pode ser ousada mas está longe de ser fantasiosa. Só com os licenciamentos de dois produtos, firmados em 2005, a expectativa é chegar aos US$ 6 milhões anuais. O Biphor, pigmento branco para tintas à base de água, licenciado pela multinacional Bunge, deverá gerar US$ 4,5 milhões por ano a partir de 2009, enquanto o Aglycon Soy, fitoterápico para reposição hormonal, cuja licença de uso foi concedida à empresa paranaense Steviafarma, poderá render R$ 1 milhão em royalties a partir de 2008. E os números não param por aí. Também em 2005, foram firmados outros 12 contratos de licenciamento, além de 41 convênios para transferência de tecnologia.

Este desempenho não teria sido possível sem uma estrutura dedicada a transformar conhecimento em riqueza. Em três anos de atividades, a Agência de Inovação (Inova), a primeira do gênero no país, coleciona indicadores capazes de inserir a Unicamp na ranking mundial das universidades com maior índice de patentes e licenciamentos. Os dados, reunidos no recém-elaborado Relatório da Inova, são expressivos. Nos anos de 2004 e 2005, o valor total dos convênios e termos aditivos estabelecendo parcerias para transferência de tecnologia chegou a R$ 16 milhões. No mesmo período foram depositadas 116 patentes, das quais quatro foram concedidas e 40 licenciadas. Foram registrados, ainda, 21 programas de computador e criadas oito empresas na Incubadora da Unicamp (Incamp).

Roberto Lotufo, diretor da Inova: resultados acima das expectativas Os contratos de licenciamento de tecnologia abrangem licenciamentos de patentes e licenciamentos de know-how. São contratos de longo prazo que prevêem a remuneração da Unicamp por meio de royalties, calculados como uma porcentagem dos resultados financeiros gerados pela exploração econômica das tecnologias licenciadas. Em 2005, dos 12 contratos de licenciamento firmados, três corresponderam a know-how e os demais à concessão de uso de 18 patentes.

À frente da Agência desde março de 2004, o professor Roberto Lotufo, titular da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), acredita que os resultados alcançados superaram as expectativas. Num país desprovido de uma cultura voltada para a inovação tecnológica, o maior desafio, segundo ele, foi transformar o número elevado de patentes – no momento da criação, eram 276 depositadas e 49 concedidas, as mais antigas de 1989 – em inovação. Para enfrentar e vencer esse desafio, a Inova deveria demonstrar à sociedade que o conhecimento científico-tecnológico agregado às patentes significa oportunidades reais de geração de riqueza, e não apenas um exercício acadêmico dos pesquisadores da Universidade.

Os resultados começaram a aparecer logo no ano seguinte à criação da Inova. Em nove meses de trabalho, a equipe fechou nove contratos de licenciamento envolvendo 22 patentes. Os números de 2005 comprovaram que aquele desempenho não era pontual: foram licenciadas mais 18 patentes em 12 contratos. Esses números, vistos em conjunto com outros indicadores, comprovam o sucesso estratégico da Universidade, que optou pela criação da Agência antes mesmo da aprovação da Lei de Inovação. Sancionada em dezembro de 2004, a medida governamental preconiza nas instituições públicas de pesquisa a instalação de núcleos de apoio à transferência de tecnologia.

Desempenho – Lotufo atribui o bom desempenho da Agência a um conjunto de fatores internos e externos. Em primeiro lugar, segundo ele, deve-se ressaltar a capacidade cientifica da Unicamp, onde atuam aproximadamente 1.800 professores doutores em dedicação exclusiva. Juntos, eles são responsáveis por 10% da pesquisa feita no país. Por outro lado, observa Lotufo, a cultura de inovação esteve presente desde a fundação da Universidade, em 1966. Esse contexto é ilustrado pelo fato de 11% dos professores serem autores de patentes. Além desses dois fatores, há outro relacionado pelo diretor da Inova: a vontade política da Reitoria e da Procuradoria Geral em investir no projeto. Deve-se ainda destacar o fato de que a diretoria, formada por docentes e profissionais com experiência comercial, configura uma equipe bem equilibrada, com a preocupação constante de estimular a inovação no ambiente universitário, sem esquecer os cuidados essenciais para a preservação dos conceitos e valores acadêmicos.

O professor Yong Park, da FEA: licenciamento de produto na área de fitoterápicosÉ significativo verificar que os autores da maioria das patentes licenciadas pertencem a unidades de excelência acadêmica, aquelas que vêm recebendo as melhores avaliações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) nos seus cursos de pós-graduação. É o caso do grupo liderado pelo professor Fernando Galembeck, do Instituto de Química (IQ), responsável pelo desenvolvimento do pigmento Biphor, licenciado pela Bunge. O IQ lidera o ranking interno de propriedade intelectual, com 46% das patentes requeridas. Do total de licenciamentos concedidos, 18% relacionam-se a trabalhos desenvolvidos pela unidade. O mesmo acontece com o grupo do pesquisador Yong Kun Park, do Laboratório de Bioquímica de Alimentos da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), autor do trabalho que resultou no Aglycon Soy. O produto está situado na área de fitoterápicos, cujos licenciamentos correspondem a 9% do total.

Para 2006, estima-se a efetivação de convênios no setor de energia em cerca de R$ 10 milhões, provenientes de propostas negociadas e encaminhadas em 2005. As propostas foram elaboradas em função da legislação em vigor desde 2004, determinando que as empresas de energia elétrica devem investir 0,75% da receita operacional líquida em P&D. Está previsto, também, um crescimento na efetivação de parcerias na área de tecnologia da informação (TI) com foco especial na Lei de informática. O setor, embora priorizado em 2005, só começou a ser explorado ao final do ano. Os depósitos de patentes, segundo o relatório da Inova, deverão ultrapassar o volume de 70 em 2006.

O desafio – “Esse quadro demonstra que a inovação oriunda da universidade está muito associada à qualidade acadêmica e científica de suas pesquisas”, pondera Lotufo. Demonstra, também, segundo o diretor, o bem sucedido enfrentamento de outro desafio colocado à época da criação da Inova: o aprofundamento da interação universidade-empresa deveria se traduzir em melhores e maiores oportunidades para o desenvolvimento do ensino e da pesquisa. “As atividades da Inova não poderiam se restringir à comercialização de tecnologias”, destaca. “A busca por projetos colaborativos de pesquisa, o incentivo à criação de empresas de alta tecnologia e o esforço de aprimorar o ambiente de inovação na região geram impactos diretos na qualidade do ensino e pesquisa oferecidos pela Universidade”, completa.

O professor Fernando Galembeck, do IQ: unidade líder em propriedade intelectualComo exemplo, o caso do próprio Biphor. A Bunge estima um mercado total de US$ 5 bilhões por ano do pigmento branco. A empresa, que investiu cerca de R$ 1 milhão durante os nove anos de desenvolvimento do produto com a Unicamp, prevê alcançar participação de 10% no mercado em 5 anos. A Unicamp receberá royalties de 1,5% sobre as vendas líquidas do produto, base da estimativa de cerca de US$ 4,5 milhões ao ano. O montante será dividido em partes iguais entre inventores, IQ e Reitoria. Mas o resultado positivo não se resume ao aspecto financeiro. “Esse tipo de parceria melhora as condições de ensino e pesquisa e a qualificação dos pesquisadores, cujo ensino entra no estado da arte em situações reais”, destaca. “Isso vai influenciar na ementa das disciplinas, gerando novas áreas de estudo que passarão a ser desenvolvidas”, ressalta o diretor da Inova.

Roberto Lotufo também chama atenção para outro aspecto: os royalties garantidos até agora não representam uma soma significativa, quando comparados, por exemplo, com a verba orçamentária da Unicamp para pesquisa em 2005, que chega a R$ 200 milhões. Desse total, apenas cerca de R$ 30 milhões representam investimentos oriundos de convênios firmados com empresas interessadas em transferência de tecnologia. A maior parte ainda é proveniente de agências de fomento. Por outro lado, o diretor admite que os royalties representam importante incentivo à equipe do pesquisador autor do trabalho. “É um prêmio pelo esforço realizado”, resume.

Satisfeita com os resultados no presente, a equipe da Inova já definiu os desafios do futuro: aumentar a inserção internacional, a capacidade de comercialização de tecnologias e de criação de empresas start-up e spinoff; alcançar auto-suficiência financeira; e avaliar o impacto da atuação da agência nos indicadores acadêmicos da universidade. Algumas destas metas já estão bem encaminhadas. No que diz respeito à inserção internacional, por exemplo, a Inova tem visitado vários países, entre eles a Coréia do Sul e Os Estados Unidos, a fim de apresentar tecnologias desenvolvidas na Unicamp. “Também estamos estreitando o relacionamento com escritórios no exterior”, revela Lotufo. “Queremos montar uma rede internacional a fim de facilitar as parcerias externas visando a transferência de tecnologia”, conclui.

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