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Morre o homem, nasce o mito
Cientistas e autoridades
   lamentam perda
Sucessão: administração no
   centro do debate
Principais pontos do programa
Dicas e normas para a escolha
 


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Os três candidatos que concorrem à sucessão do reitor Carlos Henrique de Brito Cruz opinam sobre autonomia universitária, planejamento estratégico, orçamento e avaliação institucional

A administração
no centro do debate


Nesta segunda e última edição especial dedicada à escolha do novo reitor, os três candidatos que concorrem à sucessão expõem suas idéias sobre questões administrativas. O engenheiro mecânico Celso Arruda, o engenheiro de eletrônica Edson Moschim e o engenheiro de alimentos José Tadeu Jorge, por meio de oito questões formuladas pelo Jornal da Unicamp, opinam sobre os desafios administrativos do próximo quadriênio. Figuram na pauta do debate, entre outros temas, a consolidação da autonomia da Universidade, o planejamento estratégico, a avaliação institucional, a política de recursos humanos e o orçamento. O primeiro turno das eleições está marcado para os dias 16 e 17 deste mês.

Quais serão os grandes desafios administrativos da Unicamp nos próximos quatro anos?

Celso Arruda - Nossa proposta de trabalho se restringe a um ano de atuação na condição de reitor, porém não deixaremos de expor as dificuldades que possivelmente se apresentarão neste e nos próximos anos. Garantir a autonomia da Unicamp em todos os sentidos, e nas esferas federais e estaduais. Equacionar a situação macroeconômica da nossa receita para evitar o colapso financeiro que todos os gráficos desenham, e permitir maior e melhor desempenho em todas as áreas da Unicamp. Implementar os planos de ação contidos no programa ora em execução, que foi debatido, aprovado e eleito pela comunidade acadêmica. Não podemos correr o risco de, neste quarto ano de gestão, ficarem adormecidas as mais difíceis realizações previstas para este período.

Edson Moschim -Na minha opinião, os pontos que deverão ser um desafio para a administração são: 1) avaliação do impacto que a futura reforma universitária, do atual governo federal, poderá ter na autonomia universitária das universidades paulistas. Ainda não sabemos como será esta reforma, pois temos até o final deste mês para contribuir, mas o engessamento derivado do anteprojeto atual, com relação à autonomia universitária, tem provocado certa inquietação na comunidade acadêmica; 2) avaliação do Plano Diretor para o desenvolvimento do Ensino Superior Público do Estado de São Paulo, plano este que está sendo proposto pelo governo do Estado de São Paulo e que mexe realmente com a autonomia universitária das universidades paulistas em vários níveis. Um documento sobre as diretrizes gerais para o plano de ação já se encontra disponível a todos; 3) outro desafio, particularmente para nós da Unicamp, será no campo financeiro, sobretudo no que diz respeito à questão do equacionamento da nossa atual cota-parte do ICMS com a folha de pagamento dos servidores ativos e aposentados.

A reforma tributária anunciada pelo governo federal poderá trazer um impacto – negativo ou positivo – na arrecadação do ICMS. Uma simulação feita pelo Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) mostrou que o Estado de São Paulo perderá R$ 1,63 bilhão de ICMS, pelo novo modelo de tributação das exportações, proposto pelo Ministério da Fazenda; e, finalmente, 4) a questão da previdência. Todas as vezes que nossos governantes mexem nessa ferida, triplica o número de professores aposentados num único golpe. Isso gera uma preocupação constante, porque temos que repor o quadro de professores e temos uma única folha de pagamento. Ainda bem que é única; caso contrário, qual o cenário que se descortina para os aposentados?

José Tadeu Jorge -Os desafios começam pelas prioridades acadêmicas, que num dado momento se transformam em questões administrativas, e continuam nos desafios intrinsecamente de gestão. Por exemplo, algumas de nossas prioridades passam pelo aprimoramento dos cursos de graduação e pela melhoria de sua infra-estrutura, pelo esforço por mais bolsas de pós-graduação, pelo estímulo às atividades de extensão, pela intensificação do vínculo ensino-pesquisa, por uma política cultural mais integrada e pela implantação definitiva de nosso modelo de planejamento estratégico, em estreita relação com a avaliação institucional e com o processo de expansão da Universidade. No plano puramente administrativo, eu diria que um grande e instigante desafio será o de planejar o orçamento estabelecendo e explicitando a relação entre avaliação, planejamento e expansão, com a necessária racionalização organizacional das operações administrativas e técnicas.

Como a sua administração vai enfrentar esses desafios?

Celso Arruda - Restaurando o ânimo na Unicamp, mantendo exatamente a mesma equipe de docentes nos cargos administrativos, exceção feita à coordenação do DGRH. Dentro do entendimento que tais docentes estão trabalhando para o sucesso da Unicamp. Valorizando a já consolidada estrutura administrativa e o alto grau de profissionalismo alcançado nesta Universidade. Utilizando para execução da plena gestão do programa ora em vigência, os meios e recursos administrativos gerenciais modernos e eficientes, alcançados nesse passado recente. Fortalecendo a autonomia ao buscar a transformação do decreto de vinculação orçamentária em lei estadual. Nessa mesma oportunidade, lutando pela justa correção do percentual destinado à Unicamp, face à baixa faixa etária do nosso quadro de servidores, docentes e não-docentes, à época do decreto da autonomia.

Edson Moschim -Primeiramente, precisamos estar atentos a esses movimentos. Com relação à reforma universitária federal, estaremos contribuindo para o texto final e colocando o exemplo das universidades públicas paulistas como um modelo de referência. Isto é possível fazer, sem cair na tentação de entrar na fogueira das vaidades. Temos cacife para isto.

Com relação à reforma estadual, se assim posso dizer, estamos já envolvidos com ela através de grupos de trabalho. Portanto, qualquer solução tomada passará pelos órgãos das universidades públicas paulistas. Com relação ao imposto ICMS, é preciso aguardar as novas regras e avaliar de fato seu impacto na cota-parte das universidades. E, finalmente, com relação à previdência, precisamos desenvolver mecanismos que nos possibilitem manter o equilíbrio entre a folha de pagamento e uma universidade gratuita e de qualidade.

José Tadeu Jorge -Os temas acadêmicos, longe de serem abstratos, exigem um grande esforço das unidades, das câmaras, do Consu e da administração central. Freqüentemente requerem obras físicas novas, a remodelação de instalações, o reequipamento de laboratórios e de salas de aula etc. Temos um plano de obras em andamento e um planejamento estratégico cuja implantação é uma das grandes metas em perspectiva; outra será aperfeiçoar a qualificação orçamentária de acordo com critérios de qualidade. Para isso, implantar a gestão estratégica revendo a cada passo as estratégias e prioridades da Universidade é absolutamente essencial. Outras prioridades, algumas ditadas pelo cenário externo, vão exigir da administração uma grande atenção e muito empenho. Por exemplo, a constituição do fundo previdenciário do Estado é um capítulo da reforma da Previdência ainda não escrito. Como só os entes federados (União, estados e municípios) podem constituir fundos de pensão e aposentadoria, a perspectiva é de que as universidades públicas fiquem no âmbito dos fundos estaduais. A Unicamp estará muito presente nessa discussão e vai defender ali os interesses de nossa comunidade.

A autonomia foi uma conquista importante e parece haver consenso sobre a necessidade de preservá-la. Em sua opinião, a autonomia da Unicamp, assim como das demais universidades públicas paulistas, já está consolidada? Ela ainda corre riscos?

Celso Arruda - Sim, corre os riscos citados nas respostas anteriores. Ou seja, vínculo político frágil, isso por se tratar de decreto governamental e não de uma lei, e compromisso de percentual de ICMS inferior à realidade atualmente praticada. Acrescido das dificuldades de se repor o quadro de servidores docentes e não-docentes face à baixa média da faixa etária na época do decreto da autonomia.

Edson Moschim -A Universidade Estadual de Campinas e as demais universidades estaduais paulistas conquistaram a autonomia de gestão e financeira a partir de 1989. Foi um ganho precioso. Foi também um risco. Não sabíamos como seria do futuro do Brasil. Hoje, passados quase 16 anos, constatamos que a opção foi acertada. Entretanto, foi preciso muita luta para nos convencermos disso. Esta é a diferença entre a autonomia das universidades públicas paulistas e a autonomia que o governo federal pretende implantar nas universidades públicas federais, através da reforma universitária. Como nossa autonomia foi adquirida com um trabalho árduo mas construtivo, tenho certeza de que sempre a prezaremos, lutando para consolidar cada vez mais essa conquista.

Acho que a autonomia das universidades públicas paulistas será consumada quando um docente desconhecido assumir a reitoria. Esse voto de confiança dado pela comunidade será a confirmação da autonomia universitária.

José Tadeu Jorge -O consenso em torno da autonomia existe não apenas nas universidades, mas também no governo e na própria sociedade. Os indicadores de qualidade demonstram o acerto da outorga da autonomia em 1989. Basta comparar os números daquele ano com os de 2004. Houve uma grande expansão em todos os indicadores, sobretudo os acadêmicos, com um notável aumento da produtividade. Por exemplo, os cursos de graduação saltaram de 34 para 57, os programas de pós-graduação de 73 para 120, o número de vagas na graduação dobrou desde então e o número de alunos matriculados na graduação e na pós praticamente triplicou. Entretanto, se a prática da autonomia financeira demonstrou estar consolidada, seu estatuto legal, não. Continua ainda na forma de um decreto, renovável ano a ano pela Assembléia Legislativa do Estado. Uma forte prioridade das estaduais segue sendo, portanto, a de defender a transformação desses decretos em dispositivo constitucional, para que a autonomia tenha garantias de durabilidade e não seja ameaçada por oscilações políticas mais adiante.


“É preciso equacionar a situação macroeconômica da nossa receita para evitar o colapso financeiro que todos os gráficos desenham, e permitir maior e melhor desempenho em todas as áreas da Unicamp. Implementar os planos de ação contidos no programa ora em execução, que foi debatido, aprovado e eleito pela comunidade acadêmica. Não podemos correr o risco de, neste quarto ano de gestão, ficarem adormecidas as mais difíceis realizações previstas para este período”

Celso Arruda


“Na questão da previdência, todas as vezes que nossos governantes mexem nessa ferida, triplica o número de professores aposentados num único golpe. Isso gera uma preocupação constante, porque temos que repor o quadro de professores e temos uma única folha de pagamento. Ainda bem que é única; caso contrário, qual o cenário que se descortina para os aposentados?

Edson Moschim


“Algumas de nossas prioridades passam pelo aprimoramento dos cursos de graduação e pela melhoria de sua infra-estrutura, pelo esforço por mais bolsas de pós-graduação, pelo estímulo às atividades de extensão, pela intensificação do vínculo ensino-pesquisa, por uma política cultural mais integrada e pela implantação definitiva de nosso modelo de planejamento estratégico, em estreita relação com a avaliação institucional e com o processo de expansão da Universidade”

José Tadeu Jorge


Reunião do Planes realizada no Conselho Universitário em fevereiro de 2003: candidatos garantem que programa de planejamento estratégico terá continuidade



A partir de 2002 implantou-se o Planes, o planejamento estratégico da Unicamp.
O sr. daria continuidade a esse projeto?


Celso Arruda - O planejamento estratégico na Unicamp foi iniciado em 2000, com o nome de Planejamento Estratégico Institucional (PEI) e foi um dos marcos da gestão anterior. Não é possível pensar no futuro de uma instituição, como a Unicamp sem um planejamento estratégico, o qual deve vir associado a um plano diretor conforme proposto no programa ANIMUS UNICAMP. Dar continuidade a tal projeto está intimamente ligado ao que chamamos de mandato-tampão.

Edson Moschim -Acho que o Planes, Planejamento Estratégico, em implantação na Unicamp desde 2002, é uma coisa positiva e sadia para fortalecermos uma instituição social como é a Unicamp. É importante para um sistema produtivo, como a universidade, ter estratégias para se avaliar, se organizar, se planejar, e se redirecionar seu foco sempre, caso necessário. Pensar no futuro é importante. Como prega a direção do STU (Sindicato de Trabalhadores da Unicamp), o Planes deve ser um instrumento para pensar a universidade com participação democrática, inclusive da comunidade externa. Caso eleito reitor, ampliarei o Planes para todas as áreas de ação que consolidem a institucionalização, a autonomia, a transparência e a excelência universitárias.

José Tadeu Jorge - O Planejamento Estratégico é uma prioridade desde 2002 e continuará sendo pelos anos seguintes, pois é um processo em construção contínua e a rigor não se conclui. Até aqui, o Planes cumpriu rigorosamente um calendário que culminou, no fim de 2004, com o processo de avaliação interna nas unidades. Consolidado antes o processo de avaliação institucional dos centros e núcleos interdisciplinares de pesquisa, deu-se início também à avaliação dos órgãos da administração pelos usuários. Essa iniciativa procurou estabelecer na Unicamp uma prática pouco usual nos órgãos da administração pública, que é a de ouvir a comunidade para, a partir daí, definir estratégias de gestão.

Como resultado da avaliação institucional e do planejamento estratégico, já foi possível estabelecer para o orçamento de 2005 rubricas vinculadas, mais um passo dentro do processo de qualificação orçamentária. A próxima gestão deverá estabelecer e explicitar a relação entre avaliação/planejamento e expansão, com a necessária racionalização organizacional das operações administrativas e técnicas. A implantação das ações fixadas no Planes será uma das grandes metas para o quadriênio que se segue. Outra será aperfeiçoar a qualificação orçamentária de acordo com critérios de qualidade.

O Consu aprovou um projeto de avaliação institucional cujo calendário está em curso. O sr. o manteria? Considera a avaliação importante?

Celso Arruda - Sim. A avaliação é sempre bem-vinda, especialmente quando envolve opiniões de críticos externos, porém conhecedores dos valores acadêmicos, e enquanto se caracterizarem como legítimos representantes da sociedade que mantém a Unicamp.

Edson Moschim - É importante manter este calendário. Não podemos mexer em time que está ganhando, a não ser que estejam todos cansados. Acho importante a avaliação institucional. Ela nos dá informações de como está a saúde da universidade. Ela mostra os gargalos da instituição, o que está certo e que está errado. Ela nos oferece parâmetros para seu melhoramento, se necessário. A avaliação continuada significa o olhar em direção a uma universidade justa sob todos os pontos de vista, inclusive o social.

José Tadeu Jorge - Sem a menor dúvida. Estou certo de que o planejamento estratégico começa a fazer parte da cultura da Unicamp e será um de seus marcos de excelência, assim como historicamente já o são a qualidade de seu ensino e a densidade de sua pesquisa. É um programa com ações e princípios, metas e calendário. Contudo não é um processo estanque. Ele permite rever as estratégias e prioridades da Universidade. E, ao longo do tempo, definirá indicadores que lhe permitirão ser continuamente qualificado.

Em termos gerais, qual será sua política de recursos humanos?

Celso Arruda - Aquela que contempla a atualização técnica, científica, cultural e artística permanente de cada um de nós.

Edson Moschim -A política de RH da atual reitoria é boa e, caso eleito reitor, daremos continuidade a ela. Precisamos deixar bem-definidos os perfis de evolução da carreira dos funcionários, tanto na horizontal como na vertical. Caso eleito reitor, minha política de recursos humanos será uma política aberta e participativa, onde as questões cruciais serão discutidas com todos os atores interessados, mantendo uma sintonia entre os representados e representantes. Iremos encontrar uma maneira de esse processo ficar mais transparente a toda comunidade da Unicamp.
Com relação aos funcionários, irei propor o preenchimento, através de concurso, das vagas disponíveis que acharmos necessárias para a operação da universidade. Com relação ao quadro de professores, tentarei convencer meus pares a adotarem somente o concurso público como porta de entrada na carreira docente.

José Tadeu Jorge - O programa Bons tempos assumiu a política de Recursos Humanos como uma de suas grandes estratégias para a evolução qualitativa da instituição. Foram realizadas várias ações no âmbito do aperfeiçoamento profissional, reestruturando-se para isso a Agência de Formação Profissional e criando-se cursos específicos para os diferentes níveis funcionais. Ao mesmo tempo resgatou-se o compromisso de implantar uma nova carreira funcional, com critérios e procedimentos adequados, respeitando-se as trajetórias de cada funcionário e certificando-se os órgãos de cada segmento com programas de revisão de competências.

A gestão Unicamp sempre melhor dará seqüência a esse processo, qualificando-o e ampliando-o. A carreira de funcionários tem hoje 85% de adesão. O próximo passo em relação à carreira será o seu fortalecimento através da avaliação de desempenho. Em paralelo avançaremos no processo de qualificação profissional, completando o tripé da valorização dos servidores da Unicamp.


“A avaliação é sempre bem-vinda, especialmente quando envolve opiniões de críticos externos, porém conhecedores dos valores acadêmicos, e enquanto se caracterizarem como legítimos representantes da sociedade que mantém a Unicamp”

Celso Arruda


“Acho importante a avaliação institucional. Ela nos dá informações de como está a saúde da universidade. Ela mostra os gargalos da instituição, o que está certo e que está errado. Ela nos oferece parâmetros para seu melhoramento, se necessário”

Edson Moschim


“Estou certo de que o planejamento estratégico começa a fazer parte da cultura da Unicamp e será um de seus marcos de excelência, assim como historicamente já o são a qualidade de seu ensino e a densidade de sua pesquisa”

José Tadeu Jorge


Funcionários da Diretoria Geral de Administração da Unicamp (DGA): capacitação e política de recursos humanos estão na pauta dos três candidatos

Todos os programas falam em capacitação dos funcionários da Universidade. Qual será sua política nesse sentido?

Celso Arruda - No caso específico dos servidores não-docentes, recorrendo à Agência de Formação Profissional a fim de levantar as demandas, propor os cursos, palestras e treinamentos. Atividades a serem realizadas com recursos previamente destinados para tal finalidade, pelo orçamento aprovado no Conselho Universitário e com verbas extra-orçamentárias oriundas da Extensão.

Edson Moschim -A valorização do funcionário da Unicamp é fundamental para termos um bom ambiente de trabalho. Acho que quando alguém está feliz com o salário, trabalha com amor, dá valor ao que faz. No item 18 do meu programa de gestão, eu coloco esta questão. Acho que a valorização do funcionário deve ser pautada pelas seguintes propriedades: sua formação profissional, sua escolaridade e também – e isto é um item importante – sua experiência profissional.

Caso eleito reitor, irei incentivar todos os funcionários a investirem no seu potencial de trabalho. A política de qualificação e de formação de funcionários será estendida a todos os funcionários. Vamos descobrir e colocar à disposição da Unicamp os valores que cada funcionário tem.

José Tadeu Jorge - A Unicamp avançou muito em termos de qualificação dos servidores, sobretudo depois da integração dessa política com os programas de recursos humanos e ao escopo do Planes. Seu desenvolvimento é um dos pontos altos de nosso programa e o objetivo é estender a toda a Universidade o alcance de seus cursos e programas de capacitação. Esse trabalho deverá contar com a participação de vários de nossos funcionários com experiência técnica e cultural reconhecida. Da mesma forma que as unidades de ensino contam com um corpo docente altamente qualificado, capaz de produzir conhecimento nas várias áreas do saber, a Unicamp dispõe de muitas competências no conjunto de seus funcionários, muitos deles titulados e capazes de produzir conhecimento gerencial, administrativo e técnico. Identificar essas competências, viabilizar a disseminação de seus conhecimentos e envolvê-las no aprimoramento dos demais funcionários é uma das atividades que já foi iniciada no programa anterior e terá continuidade neste.


A Unicamp compromete hoje aproximadamente 90% de seu orçamento com a folha de pagamentos. Como compatibilizar esse comprometimento com a necessidade de manter os salários atualizados?

Celso Arruda - Com o aumento das verbas orçamentárias advindas do novo percentual do ICMS e com um adicional de cunho previdenciário para honrar o pagamento dos aposentados. Buscando tais recursos junto ao governo do Estado para garantir aos servidores da Unicamp, docentes e não docentes, seus proventos, e desonerando o orçamento do compromisso com o pagamento dos aposentados, porém sem criar uma segunda lista para tal fim. Entendendo que o dia em que existirem duas folhas de pagamento distintas, os aposentados sofrerão as conseqüências dessa cruel decisão.

Edson Moschim -O comprometimento de 90% dos recursos financeiros com a folha de pagamento não é o melhor dos mundos. É algo que pensamos ser transitório. Entretanto, o que era para ser transitório vem se prolongando mais que o desejado, acenando inclusive para uma continuidade. Sempre falamos de 85% como uma situação limite e 75% como uma situação ótima.

A regulamentação dos 9,57% na Constituição em forma de lei consolida a autonomia financeira das universidades paulistas. É pouco? Tudo depende da saúde da economia brasileira, principalmente da paulista. Até agora conseguimos sobreviver com isto, mas ainda não comemos o filé mignon. Espero que cheguemos lá. Se a política do atual governo de ir zerando a cota do ICMS para alguns produtos não for perversa e a economia se firmar, com certeza estaremos numa situação privilegiada.
Quando falo em meu programa de gestão de procurar evitar greves salariais e manter salários compatíveis, convoco meus pares e funcionários para que pensemos numa solução conjunta. Minha política é de cooperação e não de competição. Para mim, melhor do que ser vencedor é servir.

José Tadeu Jorge - Com ou sem injunções econômicas, a preservação do poder de compra dos salários e, quando possível, sua recuperação, devem ser claramente colocados como um princípio e um objetivo a ser cumprido. Isso está claro no programa de 2002 e continua a ser um ponto importante no programa Unicamp sempre melhor. Entre maio de 2002 e janeiro de 2005, os salários na Unicamp foram reajustados quatro vezes, totalizando uma atualização salarial de 32,33% contra uma inflação Fipe de 26,32% no período. O poder de compra dos salários foi, portanto, mantido, registrando-se um ganho real de 4,76% mesmo considerando-se o quadro de incertezas e de forte retração econômica de 2003.

As discussões salariais a partir da autonomia de gestão financeira e sobretudo nos últimos anos, com a qualificação do orçamento e a visibilidade orçamentária, tornaram-se muito mais francas e objetivas. A proposta orçamentária é amplamente divulgada e os números são de conhecimento geral, refletindo o comportamento das receitas e despesas da Universidade. De resto, a experiência tem mostrado que dispor de um orçamento com total visibilidade é um instrumento facilitador do diálogo entre as entidades sindicais e a administração universitária. Estar aberto ao diálogo e cumprir acordos estabelecidos em mesa de negociação são outros elementos facilitadores. Esse esforço de diálogo institucional parte do entendimento de que devemos manter em nossos quadros as melhores equipes profissionais em cada área de atuação, pois dessa forma a instituição estará assegurando a qualidade de suas atividades.


“A saída para o comprometimento do orçamento com a folha de pagamento pode ser o aumento das verbas orçamentárias advindas do novo percentual do ICMS e um adicional de cunho previdenciário para honrar o pagamento dos aposentados. É preciso buscar tais recursos junto ao governo do Estado para garantir aos servidores da Unicamp, docentes e não-docentes, seus proventos”

Celso Arruda


“O comprometimento de 90% dos recursos financeiros com a folha de pagamento não é o melhor dos mundos. É algo que pensamos ser transitório. Entretanto, o que era para ser transitório vem se prolongando mais que o desejado, acenando inclusive para uma continuidade. Sempre falamos em 85% como uma situação limite e 75% como uma situação ótima”

Edson Moschim


“Com ou sem injunções econômicas, a preservação do poder de compra dos salários e, quando possível, sua recuperação, devem ser claramente colocados como um princípio e um objetivo a ser cumprido. Isso está claro no programa de 2002 e continua a ser um ponto importante no programa Unicamp sempre melhor”

José Tadeu Jorge


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