Leia nesta edição
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Morre o homem, nasce o mito
Cientistas e autoridades
   lamentam perda
Sucessão: administração no
   centro do debate
Principais pontos do programa
Dicas e normas para a escolha
 


3


Cientistas e autoridades
lamentam perda



Carlos Henrique de Brito Cruz,
físico e reitor da Unicamp

“César Lattes foi um dos maiores cientistas que o Brasil já teve. Reconhecido internacionalmente, sua contribuição foi fundamental para o desenvolvimento da física das partículas elementares. Dominou uma técnica experimental de identificação de partículas subatômicas como nenhum outro cientista soube fazer, e com isso sua presença foi decisiva nos experimentos que identificaram pela primeira vez o méson pi. Modelo para toda uma geração de físicos, sua contribuição para o desenvolvimento da Física no Brasil foi importantíssima, tendo sido um dos criadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e do Instituto de Física da Unicamp. A Unicamp sentirá muito sua falta.”

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Geraldo Alckmin,
governador de São Paulo

“Sua contribuição para a pesquisa científica ficará marcada na história do Brasil e do Estado de São Paulo, em especial por seu envolvimento na fundação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Como um dos responsáveis pelo reconhecimento internacional da qualidade de nossos pesquisadores, Lattes será sempre lembrado por seu talento e dedicação ao desenvolvimento da ciência no País”.

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Enio Candotti,
presidente da SBPC

Sem dúvida é uma grande perda de um símbolo da ciência. Sua contribuição marcou o desenvolvimento científico brasileiro, tanto na criação do CNPq quanto nas pesquisas reconhecidamente importantes. Eu tive o prazer de estar pessoalmente com o professor Lattes em Pizza, na Itália, quando eu ainda era estudante e ele atuava em um grupo de pesquisas. A morte do professor Lattes é um acontecimento que acresce a nossa responsabilidade de prosseguir no desenvolvimento das pesquisas sem o exemplo e a presença carismática desse grande pesquisador.”

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José Leite Lopes,
físico e co-fundador do CBPF

“É uma grande perda para o Brasil. Nós dois juntos fundamos o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Era um grande físico, uma grande pessoa e um grande homem. Estou muito triste. Sua contribuição para a ciência foi muito importante. Conheci o César em 1943, éramos alunos de pós-graduação da Universidade de São Paulo. Discutíamos muito sobre a física no Brasil. Depois, quando ele foi para Bristol, trocamos correspondência. Como a Universidade Federal do Rio de Janeiro não tinha dinheiro para a pesquisa de física nuclear, surgiu a idéia de fazermos um centro privado. Então criamos o CBPF (em 1949). Ele poderia ter ganho o Prêmio Nobel, mas os físicos do Terceiro Mundo são sempre muito desprezados. Além disso, na época ele era muito moço, tinha vinte e poucos anos”.

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Rogério Cezar de Cerqueira Leite,
físico e professor emérito da Unicamp

“Ele teve a importância emblemática pela primeira grande conquista intelectual de um brasileiro na ciência. Certamente mereceria o Nobel se não fossem algumas questões políticas. Foi graças a esse sucesso que o Brasil começou a investir em ciência, com a fundação do CBPF e do Conselho Nacional de Pesquisa”.


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Erney Camargo,
presidente do CNPq

“Numa época em que fazer ciência era uma das coisas mais difíceis no Brasil, a inteligência de César Lattes fez a diferença e conseguiu transpor os obstáculos”.




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Alfredo Marques,
físico e membro do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas

“Foi um ícone de grande dimensão. A moderna ciência brasileira nasceu da semente lançada por César Lattes. O fato dele permanecer no país e desprezar toda a glória internacional que poderia ter desfrutado, para trabalhar e enfrentar a realidade brasileira, é algo que não pode ser esquecido. Só mesmo com muita crença no país e muito amor aos brasileiros”.

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Daniel Pereira,
diretor do Instituto de Física Gleb Wataghin da Unicamp

“A morte do professor Lattes é uma perda irreparável para um país carente de ídolos associados à ciência e a cultura. As contribuições do professor Lattes para o país foram superlativas. De fato, ele é reconhecido internacionalmente pelas suas contribuições na área de Física das Partículas Elementares, tendo sido um dos descobridores do méson pi, com apenas 23 anos. Foi um líder acadêmico com uma visão invejável sobre política científica. Ainda bastante jovem, foi um dos criadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas no Rio de Janeiro, com contribuições marcantes para que se criasse no Brasil uma nova estrutura de política científica e tecnológica da qual o próprio CNPq é um exemplo. Na Unicamp, foi pioneiro no Instituto de Física e líder de um grupo que se constituiu no Departamento de Raios Cósmicos e Cronologia. Foi um referencial de excelência para inúmeros jovens, muitos dos quais são docentes do departamento. Em qualquer evento onde se apontem as contribuições e excelência do IFGW, o nome do professor Lattes é presença obrigatória. A Unicamp e o Brasil devem orgulhar-se de um filho tão ilustre e o IFGW lamenta profundamente sua perda”.

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José Antonio Brum,
diretor geral do Laboratório Nacional Luz Síncroton

“Sem dúvida foi uma perda para todos, principalmente, para os estudantes de física que vêem na pessoa de Lattes uma simbologia. Ele é e sempre será uma inspiração para quem deseja ser um pesquisador criativo. Seus trabalhos são motivadores e instigantes. Infelizmente não poderemos contar com o brilhante físico no lançamento da pedra fundamental do edifício que abrigará novos equipamentos de microscopia eletrônica do Laboratório Luz Síncroton e que terá o seu nome. Por diversas vezes tentamos fazer a cerimônia, mas fomos impedidos pelos motivos de saúde que o acometiam. No próximo mês deveremos fazer o lançamento, mas sem a presença daquele que inspirou as ciências físicas”.

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Eduardo Campos,
ministro da Ciência e Tecnologia

“A ciência perde um grande gênio brasileiro. Lattes teve uma passagem na vida nacional das mais destacadas. Ele viveu intensamente o início da estruturação do sistema de tecnologia que o Brasil possui. Ele esteve na origem do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e da Unicamp. Recebi um pedido pessoal do presidente Lula para transmitir à família e aos companheiros de trabalho de César Lattes um tributo do governo a um dos brasileiros que mais fez pela cultura e pela ciência do país. Não é por acaso que a primeira plataforma de apresentação de cientistas da América Latina, produzida pelo CNPq, tem o nome de um brasileiro: César Lattes. Nós devemos pensar como ele, que pensou grande no seu tempo”.

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José Fernando Perez,
diretor-científico da Fapesp

“César Lattes é um símbolo para a ciência pelo que representa de pioneiro. Além da contribuição científica propriamente dita, seu trabalho encaminhou muitos jovens para o estudo da física. Sendo brasileiro, isso não pode ser relativizado, pois tem um impacto muito forte em várias gerações de físicos, inspirando a ambição na área da pesquisa. A comunidade científica e a sociedade serão sempre devedoras a César Lattes. Tinha uma forma contida e comedida de fazer ciência, era um cientista na acepção da palavra. Ele tinha um projeto no qual poucos falam que era a análise de raios cósmicos na Bolívia, projeto pioneiro que criou raiz. A própria Unicamp tem uma liderança nessa área. Tinha uma visão multidimensional, era uma excelência na visibilidade que confira aos programas. Devemos muito a ele.”

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Iuda Dawid Goldman,
físico e professor aposentado da USP

“Foi a maior figura da física brasileira. Sua intuição foi fundamental para a descoberta do méson pi. Ele foi injustiçado ao não ter compartilhado do prêmio Nobel. Ele efetivamente era merecedor. Sempre foi um extremo defensor de seus pontos de vista, era uma pessoa extremamente convicta de suas idéias e de seus objetivos”.

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