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Laboratório da FCM ganha
1º Prêmio Saúde Oncológica

José Barreto Campello Carvalheira e Josenilson Campos de Oliveira: corrigindo e neutralizando o efeito danoso nas células cancerígenas (Foto: Antoninho Perri)O Laboratório de Oncologia Molecular do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp foi vencedor do Primeiro Prêmio Saúde Oncologia América Latina, na categoria de trabalhos científicos em oncologia, promovido pela Aguilla Saúde Brasil. A entidade é especializada no desenvolvimento de ações de valor agregado na área da saúde, meio ambiente e cidadania, estando presente há mais de 15 anos no mercado. Em solenidade realizada no dia 4 de maio, em São Paulo, o prêmio foi entregue ao vencedor e a outros quatro finalistas, que receberam um troféu e 5 mil dólares cada. O concurso teve 174 trabalhos inscritos e contou com a participação de pesquisadores de toda América Latina.

O artigo intitulado “Efeitos Antineoplásicos da Rapamicina são Potencializados pela Inibição do IRS-1 em Câncer de Próstata que não Expressa PTEN” é parte da pesquisa orientada pelo professor José Barreto Campello Carvalheira e desenvolvida pelo mestrando em clínica médica Josenilson Campos de Oliveira, autor principal, e contou com a colaboração de outros pesquisadores do Departamento que desenvolvem estudos afins.

Segundo Josenilson de Oliveira, algumas proteínas existentes em todas as células exercem funções que controlam sua sobrevivência e proliferação. O câncer pode ser resultado da atividade anormal dessas proteínas, levando à proliferação descontrolada e à imortalidade das células, características da doença. “Dentro dessa rede responsável pelos sinais que determinam o comportamento das células, podemos identificar vias que apontam as seis principais características dos tumores. Trabalhamos com algumas das possíveis vias que conduzem à auto-suficiência de fator de crescimento, o que gera um crescimento celular descontrolado e ininterrupto. Inicialmente, identificamos qual via protéica tem maior impacto nesse efeito em câncer de próstata e em que ponto ocorre e como é a anomalia, ou seja: determinamos com precisão o fator que originou e mantinha o câncer vivo”, explica.

Em seguida, os pesquisadores buscaram corrigir e neutralizar o efeito danoso nas células cancerígenas. Nesse sentido, utilizaram um bloqueador da via, mas observaram que as células ainda resistiam, em parte, à morte. “Descobrimos então, na rede de vias de sinalização, qual era o mecanismo ativado nessa resistência e o bloqueamos. Tais conclusões foram aplicadas em modelo animal com câncer de próstata, obtendo-se inibição completa do crescimento tumoral e, em 20% dos casos, cura completa. A associação desse duplo bloqueio alvo-dirigido com a quimioterapia convencional pode ser o empurrão final para a morte do tumor”, acrescenta Oliveira.

O professor José Barreto Cavalheira esclarece que o tratamento do câncer vem passando por modificações nos últimos anos, com a utilização de drogas especificas para cada tipo de câncer, minimizando sobremaneira os efeitos colaterais provocadas pelas drogas que atacam indiscriminadamente células sadias e doentes. “Hoje se usam substâncias que atuam dentro das células em alvos específicos, que são as proteínas responsáveis pelo comportamento cancerígeno. Cada câncer ostenta um alvo especifico e é ele que deve ser atacado. Com isso diminuem os efeitos colaterais do uso de drogas inespecíficas na quimioterapia”, afirma.

Ocorre que em determinadas situações é necessário atirar em dois alvos ao mesmo tempo para que o efeito cancerígeno seja eliminado. “Foi o que fizemos. O problema é achar esses alvos. Atacar alvo único é até o momento a melhor estratégia desenvolvida no tratamento de alguns cânceres intestinais e leucemias. Contudo, não se mostra eficiente no câncer do colo do útero e da próstata, dentre outros, que apresentam incidência muito grande e que levam à morte parte significativa da população pela freqüência com que aparecem. Estas constatações nos levaram a estes estudos, realizados em camundongos e em células isoladas”, diz o professor.

O mesmo trabalho também foi vencedor do I Prêmio Cristiano Varella, no III Congresso Internacional de Oncologia e Cirurgia Onco-reparadora (III CIONCO) promovido pelo Centro Brasileiro de Oncologia, pela Sociedade Brasileira de Cancerologia e pela Sociedade Brasileira de Mastologia, em Muriaé (MG).

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