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Jornal da Unicamp - Maio de 2000


Página 8

EXTENSÃO
Cotuca estende as mãos

Colégio Técnico abriga iniciativas que causam impacto positivo na sociedade

RAQUEL DO CARMO SANTOS

Escola de formação que há muitas décadas se dedica à qualificação de profissionais para a indústria, o Colégio Técnico de Campinas (Cotuca), da Unicamp, agora se volta para a socialização de sua infra-estrutura. Projetos voltados para a aproximação com a sociedade de maneira geral, desenvolvidos nas dependências do Colégio, têm alcançado grande repercussão e causado um impacto positivo junto à comunidade. "Estamos em consonância com a política atual da Universidade de reforçar sua importância junto à sociedade", explica o diretor do Cotuca, professor Michel Sadalla Filho. Para ele, esta vocação é algo natural e desejável para todos os setores da instituição.

Os projetos abrigados pelo Cotuca vão desde cursos oferecidos por entidades sem fins lucrativos até trabalhos desenvolvidos por professores da própria Universidade. No ano passado, por exemplo, o Cotuca acolheu um curso de qualificação para cerca de 345 jovens e desempregados promovido pela Secretaria de Estado e Relações do Trabalho (Sert) e coordenado pelo professor do Instituto de Geociências, Ruy Quadros. Tendo o Colégio como executor da parte educacional e envolvendo outras instituições, foram oferecidos cursos rápidos de Informática Básica e Instalações Elétricas. Cursos realizados pela Fundacentro, órgão ligado ao Ministério do Trabalho, no ano passado e também neste ano, em parceria com o Serviço de Segurança do Trabalho da Unicamp também constam do cronograma de atividades.

Há pelo menos dois semestres, os Colóquios de Atualização – organizados pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários e pela Comissão Brasil 500 anos – também se constitui um exemplo claro do repasse do conhecimento para a população. Um público de 250 professores da rede pública de ensino assistem a palestras com renomados especialistas da Universidade.

Outro trabalho que está em seu segundo ano de atividades no Cotuca é o Projeto Educativo de Integração Social (PEIS) (ver box abaixo). Aprovada a sua instalação no Colégio por unanimidade na Congregação e coordenado pela professora da Faculdade de Educação, Sônia Giubilei, o PEIS envolve 120 alunos na faixa etária de 18 a 82 anos, que estão se preparando para prestar exames nos supletivos do Estado.

A campanha "Cultivando a Alegria", que a Organização Não-Governamental (ONG) Gira Sonhos realiza (ver box ao lado) em convênio com a Unicamp e a Secretaria Municipal de Educação, também está entre as atividades desenvolvidas nas dependências do Cotuca. Trata-se de um projeto para formação de "professores da alegria", termo proposto pelo escritor Rubem Alves. O curso é voltado para profissionais da rede pública de ensino e a idéia é despertar, nos alunos desses professores, reflexões sobre os valores humanos e o reconhecimento da importância da alegria e da auto-estima. No total, representantes de 25 escolas de educação infantil participam do curso de formação. Como o evento tem efeito multiplicador, equivale dizer que a campanha atinge cerca de 400 professores, alcançando, durante todo o ano cerca de 5.000 crianças na faixa etária entre 4 e 6 anos.

O PEIS - no currículo, dignidade
O Projeto Educativo de Integração Social (PEIS) há cinco anos vem trabalhando não só com classes de alfabetização de jovens e adultos – parcela pouco lembrada pelas autoridades e mesmo pelos currículos das instituições de ensino superior – como também preparando-os para os exames supletivos de 5a a 8a série do ensino fundamental e para os exames do ensino médio. O PEIS é coordenado pela professora Sônia Giubilei, da Faculdade de Educação, que há 18 anos trabalha com o tema. "A ênfase nas atividades é para que o jovem e adulto entenda-se como ser pensante e mobilize-se na luta por seus direitos, permeando o trabalho nas disciplinas-objeto dos exames: Português, Matemática, Biologia, História e outras", diz.

O projeto, que recebe alunos de várias cidades da região de Campinas, como Jaguariúna, Itatiba, Bragança Paulista, Vinhedo e Hortolândia, busca atender o aluno jovem/adulto em sala de aula. Assim, o professor pode dialogar com o educando numa troca constante do conhecimento, "uma vez que ambos aprendem e ensinam", comenta.

As aulas acontecem aos sábados, das 8 às 13h15. Todos os professores são voluntários e guardam vínculo com a Universidade – ou são formados, ou alunos de graduação e de pós. Eles são unânimes em afirmar que não se trata de filantropia. Para o doutorando em Física Júlio Crigimski Cezar, por exemplo, que leciona Matemática no PEIS há cinco anos, é uma forma de suprir necessidades tanto dele como de outras pessoas. "É obrigação", diz. Fernanda Keila Marinho, aluna do mestrado do Instituto de Geociências e professora de biologia no PEIS, concorda. "Um trabalho como este faz parte de um compromisso que se estabelece dentro da Universidade", reforça.

Quanto aos alunos, a aprovação é geral. Maria das Dores dos Santos, de 54 anos, procurou o curso pois sentia dificuldades básicas como, por exemplo, pegar ônibus. Mas o curso lhe deu muito mais: ela ganhou segurança e firmeza em suas atitudes. "Estudar faz toda a diferença para uma pessoa", diz. No caso de Maria Soares Romualdo, 80 anos, a situação é peculiar. Dificuldades financeiras fizeram com que ela parasse de estudar aos 12 anos de idade e não tivesse mais condições de voltar aos bancos escolares. O principal incentivo, agora, veio da neta de 18 anos. "Gosto demais de aprender. Lamento não ter podido fazer isto antes".

Já Roberto Benedito de Oliveira, 45 anos, casado e dois filhos, encontrou no PEIS uma oportunidade de renovar seus conhecimentos. Ele já tinha o segundo grau, mas possui dificuldades em muitas questões de matemática e português. "Gosto do método. Sentimo-nos motivados a não faltar", explica. Em sua opinião, os professores possuem uma didática toda especial, que prende a atenção. O projeto tem também total aprovação do meio acadêmico. O ex-secretário de Educação de Campinas e também professor da Unicamp, Newton Bryan, considera que a proposta do PEIS representa uma forma inteligente de resolver o "grande nó" que se estabelece na Universidade: aliar o trabalho acadêmico com a contribuição social de forma ampla. "Não só refletir, mas atuar diretamente, é um grande feito", elogia

Gira Sonhos
A cada ano a ONG Gira Sonhos escolhe um tema para sua campanha "Cultivando Valores". Para este ano foi selecionado o tema Alegria. Estas campanhas visam facilitar e orientar educadores no desenvolvimento de atividades que promovam a vivência dos valores humanos dentro e fora da escola. Desde 1998, a ONG, formada por alunos, ex-alunos e professores da Unicamp e coordenada pelo professor da Unicamp Arnoldo De Hoyos, do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica, vem desenvolvendo projetos na área social de "Desenvolvimento de Espirito Comunitário " e na área educacional enfocando com temas que tenham como premissa cultivar valores, utilizando técnicas de sensibilização e conscientização. "São experiências muito compensadoras e percebemos o crescimento que isso produz nas crianças", comenta a educadora Claudia Pellegrino. Em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, a ONG irá realizar ainda este semestre mais quatro encontros com professores da Rede Pública de Ensino de Campinas e Região.

Nesta primeira etapa da campanha, o tema a ser abordado é "Cultivando a Alegria com a Natureza". A partir disto, os professores aplicam o tema em sala de aula com os alunos. Dentro deste contexto, existe o chamado Grupo de Multiplicadores Arco-Íris ou de Apoio, que, como o próprio nome já diz, apóia as atividades do projeto. Em geral, são professoras que já participaram de outras campanhas e por isso fazem a ponte entre a escola e a ONG.

Semanalmente, elas se reúnem para discutir os próximos passos a serem implantados. No encontro, elas relatam as experiências vividas na semana e como isso está se refletindo no trabalho em sala de aula. Maria Inez Cardoso Petreca, do Emei do Bairro do Cafezinho, conta que as crianças se envolvem com muito com o tema. "Procuramos inserir o programa na matéria a ser dada".

"Este projeto complementa, interage e dá qualidade ao trabalho que desenvolvemos em sala de aula", defende Magda Lima Coelho, professora do Emei do Cambuí. Ela percebe que os valores, o respeito e a harmonia são rapidamente absorvidos pelos alunos.


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