| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 401 - 30 de junho a 13 de julho de 2008
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Pesquisa mostra como a crítica
forjou imagem de Carlos Gomes

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A historiadora Denise Scandarolli Inácio: apanhado da trajetória do compositor a partir do contexto profissional (Foto: Antoninho Perri)Uma releitura das óperas compostas pelo compositor Antonio Carlos Gomes, feita pela historiadora Denise Scandarolli Inácio, aponta para a influência da crítica musical na construção da imagem do maestro. Segundo a historiadora, as referências às suas obras nos países europeus afastam a idéia de que Carlos Gomes fosse um compositor que descrevesse a sua terra. “Na Europa mantinha-se uma imagem cosmopolita em contrapartida à crítica brasileira que defendia a idéia do caráter nacional”, revela a historiadora, que apresentou dissertação de mestrado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH).

O estudo, orientado pelo professor Edgard Salvadori De Decca, tomou como base textos críticos publicados nos jornais da Corte brasileira, no Rio de Janeiro, e das correspondências deixadas pelo artista, muitas inclusive, de caráter inédito. “O objetivo era realizar um apanhado da trajetória do compositor a partir de um contexto profissional. As análises que se faz de Carlos Gomes, em geral, apenas fornecem elementos para uma interpretação musical separada das compreensões e significações do meio em que ele viveu”, explica Denise.

Sua primeira ópera, composta em 1861, Noite do Castelo nasceu a partir da proposta de estruturação de uma Ópera Nacional, tendo como idealizadores Machado de Assis, José de Alencar e Martins Pena, que pretendia a criação de um teatro lírico com língua nacional, em busca da construção de elementos de um caráter. Joana de Flanders, outro trabalho do compositor, embora com a perspectiva de ser nacional, trazia elementos da música apresentada na Europa. “A base era italiana, a exemplo das grandes composições famosas com elementos musicais semelhantes”, destaca.

Enquanto em 1870, na Europa, acontecia a apresentação da ópera O Guarani, no Teatro alla Scala, em Milão, na Itália – feito que o consagrou mundialmente – o projeto Ópera Nacional, no Brasil, encontrava-se sucateado e sem força devido a conflitos internos. Outro tema, O Escravo, não foi uma produção rápida, pois levou aproximadamente seis anos para ficar pronta. “Ele constrói a obra sem a intenção que tivesse algum tipo de ligação ao sistema escravagista brasileiro, mas a divulgação do trabalho foi baseada no fim da escravidão e aponta para uma ligação estreita com o período”, defende Denise.

Com todos esses aspectos, a imagem nacionalista acaba tomando uma perspectiva mais efetiva após a morte do compositor. Mesmo tendo passado por um período de afastamento da crítica brasileira, seu falecimento suscita homenagens e diversos festejos em comemoração ao brasileiro que representava o “nacional”. “Não há uma definição clara do que seja o termo nacional no que diz respeito aos elementos musicais, fato que permeia a análise das obras de Carlos Gomes até os dias atuais. No período de sua morte, muito se falava da sua trajetória, sendo inclusive aclamado como ícone da arte brasileira”, afirma. (R.C.S.)

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