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Recém-patenteado, produto é mais eficiente e mais barato do que os convencionais

Reagente 'verde' limpa áreas contaminadas por compostos

RAQUEL DO CARMO SANTOS

O professor Wilson Jardim: "Queremos produzir o Fentox em larga escala, mas para isso dependemos de negociações para a transferência da tecnologia" (Foto: Antoninho Perri) Um novo reagente desenvolvido nos laboratórios do Instituto de Química para destruição de compostos tóxicos demonstrou ser pelo menos dez vezes mais eficiente na remediação de áreas contaminadas, principalmente naquelas atingidas por derivados de petróleo. Recém-patenteado e batizado com o nome fantasia de Fentox, o produto aumenta o poder destrutivo do peróxido de hidrogênio – substância convencional utilizada para a descontaminação dessas áreas. Um dos autores da invenção, o professor Wilson Jardim, do Instituto de Química, acredita que a tecnologia também abre a possibilidade de diversificação de usos potenciais em segmentos ainda não pesquisados, como por exemplo os efluentes industriais líquidos e gasosos. “Até então, a única opção de remediação desses contaminantes consistia na sua incineração”, explica.

Produto não deixa rastros e é biodegradável

O Fentox, aliado ao peróxido de hidrogênio, foi testado e aprovado pela equipe do Instituto de Química quanto ao poder de destruição dos contaminantes de água e solo. Foi comprovada a diminuição no tempo de descontaminação em até dez vezes. O composto pode atuar de 12 a 24 horas. Além da eficácia, as vantagens são inúmeras. É biodegradável e não deixa rastros de aplicação por causa da sua decomposição, favorecendo desta forma a sua aceitação pelas agências de proteção ambiental. O custo da inovação é barato frente à economia que pode oferecer; além do mais, o produto não precisa ser utilizado em grandes quantidades. Quando se utiliza o composto, evita-se o gasto extra do peróxido de hidrogênio.

No caso das contaminações por derivados de petróleo, o principal problema está nos vazamentos em tanques subterrâneos dos postos de gasolina. Quando muito antigos, os tanques sofrem corrosão que acabam por contaminar os aqüíferos. O ideal, segundo Jardim, é que a remediação seja feita em espaço curto de tempo e a um custo acessível para que se mantenha a rotina de operação, sobretudo em centros urbanos.

Ponta do iceberg – Para entender a dimensão do problema dos solos contaminados, dados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) indicam que, no Estado de São Paulo, as áreas já somam mais de mil. Na opinião de Jardim, este número é ainda maior. “Grande parte refere-se a domínios inventariados em que a maioria é identificada por auto-denúncia. Além disso, o passivo oficial tem como base os levantamentos das décadas de 60, 70 e 80. Por isso, acredito que os números da Cetesb são, apenas, a ponta do iceberg”, avalia. Todas essas áreas demandam uma intervenção do Ministério da Saúde quando os níveis atingem índices que colocam em risco a população do entorno.

Antes, explica Jardim, eram feitas escavações em uma determinada área e as porções contaminadas eram removidas e, conseqüentemente, incineradas. Esse processo é chamado de ex-situ. “O aumento do risco é maior, uma vez que, durante o transporte, os contaminantes podem ser perdidos no caminho”, explica. Desta forma, cresce cada vez mais o desenvolvimento de tecnologias chamadas oxidativas e in-situ. A oxidação química in-situ consiste na injeção do composto para a destruição dos bolsões com derivados de petróleo. Ele esclarece que essas técnicas não são paliativas, mas sim destroem por completo os contaminantes do solo, transformando-os em água ou gás carbônico, sem gerar subprodutos. Existem no mercado, por exemplo, tecnologias convencionais que transferem a contaminação do solo para a atmosfera. “As oxidativas são tecnologias alternativas emergentes que diminuem os riscos à vida humana”, afirma.

Transferência de tecnologia – A idéia dos autores da patente – também assina com Jardim o estudante Juliano de Almeida Andrade – é conseguir parceria com produtores de peróxido de hidrogênio para que se coloque o reagente no mercado. Segundo o pesquisador, há oito anos o Laboratório de Química Ambiental desenvolve tecnologias avançadas de oxidação para contaminantes de difícil destruição para tentar minimizar a problemática dos efeitos tóxicos. “Queremos produzir o Fentox em larga escala, mas para isso dependemos de negociações para a transferência da tecnologia”, destaca.

Fenton – O nome do reagente Fentox é na verdade uma homenagem ao químico Fenton, que iniciou os primeiros trabalhos com tecnologias oxidantes. Ele publicou seus trabalho pioneiro no uso do peróxido de hidrogênio como oxidante em 1894 e sua obra continua viva. “São mais de cem anos de conhecimento que foram resgatados”, declara Jardim. Na década de 80, os estudos na área foram retomados e suas fórmulas foram utilizadas para remediação na Europa, Estados Unidos e Canadá. São tecnologias emergentes de dois séculos atrás que facilitaram muito as experiências para a remediação.

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