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Jornal da Unicamp - Julho/agosto de 2000

Página 10

PESQUISA

O novo mundo rural

Livro retrata, com números, o aumento das atividades não-agrícolas no campo

LUIZ SUGIMOTO

A população rural do Brasil é de 14 milhões de pessoas e aproximadamente 4,5 milhões (30%) não sobrevivem mais da produção no campo. As atividades agrícolas vêm reduzindo sistematicamente o nível de empregos e gerando um volume de renda cada vez menor, enquanto as atividades não-agrícolas no meio rural, principalmente no interior paulista, proporcionam maior número de pessoas ocupadas e com remuneração bem melhor que as oferecidas pela agropecuária tradicional. Esta é uma tendência unânime em todos os estados do País.

A transformação do cenário agrícola está retratada por meio de números em O Novo Rural Brasileiro, coleção de quatro volumes recém-lançada por José Graziano da Silva, professor do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, e Clayton Campanhola, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente. De acordo com os autores, a prestação de serviços (pessoais, lazer ou auxiliares das atividades econômicas), o comércio e a indústria respondem cada vez mais pela nova dinâmica populacional do meio rural, que deixou de se caracterizar como estritamente agrícola.

"O principal elemento desestimulador das atividades rurais é a queda da renda agrícola, que está levando famílias a procurarem outras formas de sobrevivência", afirma José Graziano. Segundo ele, nos últimos 30 anos, culturas fundamentais para exportação apresentaram reduções drásticas, citando como exemplos o trigo (75%), o arroz em casca (50%) e o suco de laranja (50%).

Por outro lado, o economista enumera alguns dentre a série de elementos dinamizadores das atividades não-agrícolas: a facilidade encontrada por indústrias para se instalar na área rural (a economia com terrenos e impostos e a pouca fiscalização), a proliferação de condomínios de luxo ao longo de eixos rodoviários e a formação de um cinturão "periurbano" por famílias carentes que procuram moradias mais baratas. Eles não são os únicos, mas representam três fatores importantes que fazem aumentar a demanda por serviços públicos (educação e saúde), serviços domésticos, comércio de mercadorias, comércio de alimentos, construção civil, transporte, lazer etc.

Dados minuciosos – Durante a cerimônia de lançamento do livro, Clayton Campanhola expôs estatísticas minuciosas sobre ramos, setores e ocupações das atividades não-agrícolas no meio rural, levantadas até meados de 1997. "O setor de restaurantes registrava na época 171 mil empregados e esta oferta é possibilitada, em boa parte, pela disseminação do turismo ambiental", exemplifica.

Outra causa apontada por José Graziano para o abandono crescente das atividades agrícolas é a eterna falta de políticas públicas voltadas essencialmente para o setor. "Não temos sequer um programa de habitação rural, embora metade do déficit de moradias do Brasil (5 milhões) esteja ali. A Caixa Econômica Federal recusa-se a financiar imóveis no campo. Para obter eletricidade, luz ou água, o morador precisa comprovar que o benefício será para a produção agrícola. Não é à toa que relacionamos, automaticamente, a cidadania com a cidade", critica.

Atividades não-agrícolas na zona rural
média no Brasil (Ano 1997 - pessoas x 1000)

Ramos

Prestação de serviço - 1.207
Indústria de transformação - 780
Comércio de mercadorias - 532
Serviço social - 506
Construção civil - 446
Administração pública - 212
Transporte/Comunicação - 173

Setores

Empregos domésticos - 680
Construção civil - 446
Atividades de ensino - 347
Comércio de alimentos - 203
Restaurantes - 171
Indústria de alimentos - 165
Indústria de transformação - 153
Administração municipal - 141

Ocupações

Serviços domésticos - 537
Pedreiros - 246
Conta própria (bicos) - 207
Balconistas - 174
Professores de 1º grau - 162
Motoristas - 158

Projeto Rurbano

"O Novo Rural Brasileiro" traz informações extraídas do Projeto Rurbano, que reúne 25 pesquisadores de 11 estados brasileiros. Desde 1996, esses pesquisadores estão dedicados, parcial ou totalmente, à análise das novas relações entre o rural e o urbano.

O Projeto já resultou em seis livros, quatro teses de doutorado, duas de mestrado, 15 orientações de tese em andamento e 12 trabalhos de iniciação científica. A coleção engloba o resultado das duas primeiras fases do Rurbano, estando planejada uma terceira, relativa aos impactos desta transformação na área rural ao meio ambiente.

Para comprar - Cada um dos quatro volumes da coleção custa R$ 15,00 e podem ser adquiridos no Instituto de Economia pelo telefone (19) 788-5700, através da home page www.eco.unicamp.br ou e-mail public@eco.unicamp.br.

Detalhes sobre o tema estão em http://www.eco.unicamp.br/projetos/rurbano.html


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