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Diário da Cátedra
Simpósio: produção científica
Um salto qualitativo
Modelagem corporal
Análise da tiróide
Fábio Wanderley Reis
Serragem na construção civil
Mandioca no refino de petróleo
Seminário: reforma universitária
Painel da semana
Teses da semana
Dom Quixote Gordo
Mulheres invisíveis
 

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Um salto qualitativo



CLAYTON LEVY


A produção científica brasileira não melhorou apenas na quantidade. Segundo o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Eduardo Moacyr Krieger, também houve um importante salto qualitativo. Para ele, um dos fatores que contribuíram para a evolução brasileira foi o crescimento do número de doutores formados a cada ano. Outro aspecto que, segundo Krieger, ajudou o país a deslanchar foi a constituição de um moderno sistema de CT&I, tanto em nível federal como estadual. Na entrevista que segue, o presidente da ABC detalha um pouco do cenário brasileiro e antecipa alguns aspectos que serão abordados durante o Simpósio de Produção Científica promovido pela Unicamp.

Jornal da Unicamp – Como o senhor avalia a evolução da produção científica no Brasil nos últimos anos?

Krieger – Houve um progresso notável no número de trabalhos publicados, especialmente nos últimos vinte anos, quando partimos de um patamar de cerca de 2.000 trabalhos por ano para ultrapassarmos, já há algum tempo, a marca dos 10.000 trabalhos indexados publicados por ano.

Jornal da Unicamp – Quais os aspectos que mais se destacaram nessa evolução?

Krieger – Evidentemente, o maior destaque se dá ao fato de que a quantidade aumentada foi acompanhada também pela melhoria da qualidade, o que pode ser verificado no nível de impacto dos trabalhos brasileiros comparáveis com o de outros países.

Jornal da Unicamp – Quais as áreas do conhecimento que mais se destacam? Por quê?

Krieger – Houve um crescimento equilibrado entre as diferentes áreas, mantendo-se na produção brasileira um perfil semelhante àquele verificado nos trabalhos do resto do mundo. Um exemplo é que os trabalhos correspondentes a Ciências da Vida representam mais de 50% da literatura internacional e também da brasileira. Pode ser destacado igualmente que os trabalhos relacionados com a Biologia Molecular são um dos setores que tem o melhor índice de impacto entre os trabalhos brasileiros.

Jornal da Unicamp – Quais os trabalhos brasileiros que mais se destacaram no contexto mundial?

Krieger – O destaque dos trabalhos é normalmente avaliado pelo impacto que tem, isto é, pelo número de vezes que é citado e há nas diferentes áreas da Ciência brasileira muitos trabalhos que atingiram elevado número de citações.

Jornal da Unicamp – Quais os fatores que mais contribuíram para o avanço da produção científica no Brasil?

Krieger – Um primeiro fato que deve ser mencionado é a correlação entre o aumento da produção científica e o número dos doutores formados no país. Consta no livro de indicadores da Fapesp uma tabela em que há uma boa correlação nos diferentes estados brasileiros entre a porcentagem da produção científica naquele estado e a porcentagem de doutores existentes no local.

Jornal da Unicamp – Como o senhor avalia as políticas de Estado para a ciência e tecnologia nos últimos anos?

Krieger – O primeiro elemento a ser destacado e que coloca o nosso país em relativa vantagem com outros países em desenvolvimento é que aqui se constituiu um moderno sistema de CT&I tanto em nível federal, como estadual e até mesmo com organização de secretarias de CT&I em municípios. O Ministério de Ciência e Tecnologia criado em 1985 coordena as políticas de CT&I, auxiliado mais recentemente pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia onde existe a representação governamental da comunidade científica e tecnológica e também dos empresários. Destaque também deve ser dado à criação dos Fundos Setoriais, visando alavancar o desenvolvimento em diferentes setores de atividade no país. Infelizmente, grande parte dos recursos desses fundos estão retidos sob a rubrica de Reserva de Contingenciamento e que já atinge cerca de 3 bilhões de reais.

Jornal da Unicamp – Quais as perspectivas no médio e no longo prazo?

Krieger – De maneira geral, são favoráveis. Espera-se uma maior participação do setor privado para o desenvolvimento nacional realizar-se com a intensificação da inovação nas empresas. Poder-se-ia sintetizar dizendo que o nosso grande desafio é transformar o conhecimento e os recursos humanos qualificados que estamos formando em aplicação que assegure o desenvolvimento socioeconômico por todos esperado.

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