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Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 240 - de 8 a 23 de dezembro de 2003
Leia nessa edição
Capa
Artigo: crer ou não crer
HC: hospital terciário
Do ofício à experiência
C&T: qualidade de vida
Pesquisa: destilador molecular
Discussão: tecnociência
Cooperunicamp: estímulo
Altec: unicamp é destaque
Estudo: maturação sexual
Painel da semana
Oportunidades
Teses da semana
Idosos: retratos da velhice
Sensoriamento remoto
 


 

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Unicamp é destaque no Altec 2003

MARIA BETARIZ BONACELLI (*)

Quais os elementos que a globalização dos mercados vem impondo à gestão do conhecimento e da inovação? Como ela afeta as estratégias de competitividade e as decisões em empresas de base tecnológica? Como tratar o local e o regional num contexto de mercados mais amplos? E como orientar políticas de ciência e tecnologia em ambientes de rápida mudança tecnológica? Essas são algumas das perguntas que nortearam os debates ocorridos no X Seminário Latino Iberoamericano de Gestão Tecnológica – Altec 2003, na Cidade do México, entre os dias 22 e 24 de outubro último.

Alguns fatos merecem registro. A Altec demonstrou claramente que o campo do conhecimento da política e da gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) vem se ampliando e abrindo fronteiras, fato bastante positivo, pois um número cada vez maior de interessados, militantes, curiosos e acadêmicos é atraído para essa área do conhecimento. Percebe-se também que, pouco a pouco, o tema se consolida nas agendas políticas dos mais variados atores sociais.

O evento cumpriu, com sucesso, o trabalho de divulgação desse campo de conhecimento, reunindo 530 participantes de 20 países – a grande maioria da Iberoamérica, mas também dos Estados Unidos, Canadá, França, Itália, Grécia, Holanda e Austrália. O Brasil predominou, com quase a metade dos trabalhos apresentados (45%): 121 foram aceitos para apresentação, contra 54 do México, país-sede que ficou em segundo lugar. Os 82 trabalhos efetivamente exibidos envolveram 112 pesquisadores brasileiros de diversas instituições do país.
Quanto aos temas que mais atraíram o interesse dos participantes, sobressaíram o de “aprendizagem e acumulação de capacitação” (com 20 apresentações e mais de 100 participantes) e o da “relação entre universidade-empresa” (também com 20 apresentações e mais de 70 assistentes).

A Unicamp marcou forte presença no Seminário da Altec, principalmente com professores e alunos do Departamento de Política Científica e Tecnológica – DPCT/IG. Foram nove artigos e cinco pôsteres, referentes a projetos em andamento ou já finalizados. Na premiação dos alunos de pós-graduação, o DPCT amealhou dois dos três prêmios oferecidos. Em primeiro lugar, o trabalho “Incubadora tecnológica de cooperativas – ITCP e IEBT, diferenças e semelhanças no processo de incubação”, de Alessandra Azevedo e Luiz Rodrigues de Oliveira, doutorandos do DPCT, e Nguyen Tufino Baldeón e Maria Carolina de Souza, do IE.

Existem atualmente 21 universidades no Brasil que possuem incubadoras tecnológicas de cooperativas populares. Estas incubadoras surgiram no Brasil a partir de 1996, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, com o objetivo de transferir conhecimentos tecnológicos, seja de gestão, produto ou processo para a população excluída econômica e socialmente. As semelhanças e diferenças entre as incubadoras de bases tecnológicas – que em sua maioria também estão instaladas em universidades –, permitem um campo vasto para debates. O trabalho premiado compara ferramentas de incubação de cooperativas populares e de empresas, identificando especificidades e possíveis intersecções, além do papel exercido por elas na universidade. Foram apresentados os casos das incubadoras da Unicamp.

A doutoranda Maria Ester dal Poz ficou em terceiro lugar, com um projeto de tese no DPCT: “Relações entre agrobiotecnologias genômicas e direitos de propriedade intelectual: rationale e agenda”. O trabalho tem a co-autoria de sua orientadora, professora Sandra Brisolla. O artigo analisa as relações entre agrobiotecnologias genômicas e as questões de direitos de propriedade intelectual no âmbito das economias globalizadas, a partir de uma análise comparativa entre as leis nacionais e os Agreement on Trade Related Intellectual Property Rights (TRIPS), da OMC.

O modus operandi e a internacionalização das redes de genômica reforçam um mesmo padrão, já que os resultados de pesquisa estão disponíveis para a P&D em bancos internacionais de genômica. Segundo as autoras, o Brasil tem daplicado esforços em pesquisa genômica sem que, em contrapartida, sejam consideradas as condições relativas ao comércio internacional. A implementação de regimes de regulação e a participação ativa do Brasil nestas discussões podem favorecer a competitividade agrícola nacional, evitando que a jurisprudência internacional seja consolidada somente a partir da evidência empírica apresentada pelos países desenvolvidos.

Enfim, o importante a ressaltar é que em eventos dessa natureza pode-se perceber o estágio do estado-da-arte de disciplinas científicas e os temas que mais vêm sendo debatidos na atualidade. No caso do Seminário Altec 2003, a presença de professores e alunos da Unicamp demonstrou a importância que vem sendo dada aos estudos e à difusão das discussões que cercam a questão da política e da gestão da CT&I no país e na região.

(*) Maria Beatriz Bonacelli é professora do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT), do Instituto de Geociências da Unicamp.

 

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