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Professora usa bingo como ferramenta de ensino

ANTONIO ROBERTO FAVA

O popular bingo, jogo semelhante ao loto, deixa de ser diversão exclusiva dos clubes e salões para ser também objeto de aprendizagem nas escolas de ensino fundamental. Pelo menos foi essa a idéia da professora Maria Aparecida Mezzalira Gomes, cujo principal propósito é discutir a necessidade de propostas de estudos alternativos para melhorar a qualidade do desempenho do aluno na aprendizagem.
Maria Aparecida, que acaba de apresentar dissertação de mestrado na Faculdade de Educação (FE) da Unicamp (Aprendizagem auto-regulada em leitura numa perspectiva de jogos de regras), sob orientação da professora Evely Boruchovitch, desenvolveu sua investigação científica com 29 alunos, com idade entre 9 e 11 anos.

Foram feitas a adaptação e a avaliação do jogo “Bingo Melhor Estudante”, inicialmente num estudo exploratório para testar e adequar os instrumentos e, numa segunda etapa, a sua aplicação no Grupo Experimental. Entre os procedimentos da pesquisa, destaca-se a elaboração de questões a partir de conceitos relacionados aos processos cognitivos e metacognitivos envolvidos na aprendizagem em geral e, em especial, em leitura.

O que a pesquisadora fez foi adaptar um jogo para avaliar as estratégias de aprendizagem (tomar notas, elaborar esquemas, por exemplo), partindo da concepção da Psicologia Cognitiva, especialmente da teoria do processamento da informação, que auxiliam no desempenho escolar do aluno. Muitos alunos utilizam essas estratégias de modo espontâneo. Outros já se beneficiam de um ensino direto dessas estratégias – daí a importância do professor ou de um psicopedagogo que o ajude a se reconhecer e se conscientizar da necessidade de assumir a própria capacidade de aprender. Explica a professora.

“O jogo escolhido, ao acaso, foi o popular bingo, porque possui regras muito simples, e permite ao estudante focar a atenção nos desafios a serem vencidos para fazer mais pontos”, diz a pesquisadora. Para se ter uma idéia do tipo de conteúdo da questão, bastar citar um exemplo: a) Você faz anotações, tenta fazer um esquema ou resumo e, se tiver dúvida, pede ao professor para verificar; b) Você lê rapidamente a matéria e vai se ocupar de outras atividades; e c) Você fica tenso e preocupado, cansado ou distraído.

Um questionário, constituído de 20 questões desse tipo, com três alternativas, enfocando atenção e concentração, hábitos de estudo, metacognição, aspectos afetivos, crenças relativas ao sucesso ou fracasso escolar e motivação, entre outros fatores, foi mostrado aos alunos em uma sala de aula, por meio de projeção de transparências; eles teriam que escolher uma letra (a, b ou c), marcando-as ao lado do número de cada questão que constava em cada cartela. Numa segunda etapa, foram assinaladas com um círculo as alternativas corretas e computados os pontos.
Segundo a pesquisadora, 50% admitiram ter tido prazer pelas atividades de aprendizagem por meio do jogo enquanto que os outros 50% restantes dos alunos reconheceram os benefícios do jogo por meio de expressões como: “Nós aprendemos o que é ser um bom estudante”, “Ajuda a ir melhor na escola”, ou ainda

“Me faz ficar mais atento”, entre tantas outras.
Uma outra proposta do trabalho de Maria Aparecida foi relacionar o desempenho dos alunos na compreensão da leitura, que tem sido apontada como um ponto fraco dos estudantes brasileiros, com o seu desempenho nos outros instrumentos utilizados.
“Procurei verificar a existência de relações entre a compreensão de leitura e o desempenho no jogo. Há ainda um terceiro objetivo: comparar os dados obtidos entre as estratégias de aprendizagem, os resultados obtidos nos testes de compreensão de leitura e seu desempenho no jogo”, diz a pesquisadora. Revela ainda que pôde verificar que aqueles alunos que apresentaram melhor desempenho no jogo, mostraram-se também melhor sucedidos na resposta à escala de aprendizagem e nos testes de compreensão em leitura.

Os procedimentos de análise qualitativos e quantitativos dos dados e resultados obtidos permitiram reconhecer que o jogo se constitui em um instrumento de diagnóstico útil aos educadores para conhecer melhor os pontos fortes e fracos dos estudantes. Além disso, é possível ao professor, utilizando as mais diversas estratégias e recursos, inclusive o Bingo Melhor Estudante, ensinar aos alunos como utilizar essas mesmas estratégias de aprendizagem e, dessa forma, ajudá-los a superar as suas dificuldades e a desenvolver melhor o seu potencial.

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