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Agroecologia capacita mulheres
de assentamento em Mogi Mirim

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A pesquisadora Ana Paula Pegorer de Siqueira: maior visibilidade e participação econômica (Foto: Antoninho Perri)Aumento da renda não-agrícola, melhor oferta de alimentos saudáveis, maior participação econômica e social e visibilidade para a atividade desenvolvida foram alguns dos principais impactos que a inserção de programas de capacitação em agroecologia possibilitaram para um grupo de mulheres do assentamento do Vergel, em Mogi Mirim, no Estado de São Paulo. “A experiência trouxe um crescimento na participação feminina dentro do assentamento, além de valorizar seus conhecimentos e sua produção. Muitas comentaram que o processo alimentou o sonho de crescer e viver na terra”, explica a autora da pesquisa, Ana Paula Pegorer de Siqueira.

Durante três anos, Ana Paula acompanhou as reuniões quinzenais sobre quatro temas escolhidos pelas próprias mulheres. Elas não só receberam informações sobre manejo de horta, plantas medicinais, artesanato e processamento de alimentos, como também puderam externar os conhecimentos da cultura local. “O conhecimento dos agricultores não pode ser desprezado”, argumentou Ana Paula.

A dissertação de mestrado que analisou a experiência foi orientada pela professora Sonia Maria P. P. Bergamasso e apresentada na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri). A motivação para o estudo, conta a engenheira agrônoma Ana Paula Siqueira, partiu da constatação de que as mulheres, mesmo com uma participação ativa na agricultura, sofrem com a falta de oportunidades. A pesquisa apurou que elas são responsáveis por 48%, em média, da renda familiar. O percentual é considerado bastante significativo.

“Mesmo assim o trabalho das mulheres não é valorizado, pois é classificado como ajuda. Ademais, o dinheiro auferido geralmente é controlado pelos maridos. Também possuem pouca autonomia nas decisões e ainda sofrem com a falta de capacitação. Enfrentam barreiras na busca do reconhecimento, o que muitas vezes resulta na evasão das mulheres que atuam no campo”, pondera a engenheira.

A experiência, desta forma, possibilitou um impacto positivo levando as mulheres a fundar a Associação de Mulheres Agroecológicas – AMA. A Associação não só trouxe inúmeros benefícios como ajudou na criação de um ambiente propício para participação política e social. “Ganharam mais atividades, mas o crescimento foi visível. Elas criaram, por exemplo, um banco de sementes para servir de suporte para as próximas plantações. Além de possibilitar a inserção na Rede de Agroecologia coordenada pela Embrapa Meio Ambiente. Participaram de mais de 20 eventos da área em universidades e institutos de pesquisa e, o que é melhor, a comunidade passou a respeitá-las”, comemora.

Ana Paula explica que o conceito de agroecologia – a ciência que dá embasamento teórico e metodológico para a transição da agricultura convencional para uma agricultura de base ecológica – foi criado na década de 1930 e ganhou força nos anos de 1980, com as diversas conseqüências do modelo de agricultura convencional – que privilegia o uso de agrotóxicos – para o meio ambiente. “O conceito de sustentabilidade acabou evidenciando a Agroecologia como um novo paradigma na agricultura”, esclarece.

A experiência de capacitação das mulheres teve o envolvimento do Centro de Pesquisa Mokiti Okda, de Ipeúna, no Estado de São Paulo, onde Ana Paula era responsável pelo Setor de Ecologia Agrícola. A pesquisa teve apoio financeiro do CNPq.

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