Edição nº 669

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 19 de setembro de 2016 a 25 de setembro de 2016 – ANO 2016 – Nº 669

Pesquisa revela que fumantes são
passíveis de alterações que podem
desencadear a insuficiência cardíaca

Pesquisadores avaliaram dados de 4.580 participantes com
idade média de 75,7 anos, de quatro comunidades dos Estados Unidos

Um estudo conduzido por pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e da Faculdade de Medicina de Harvard mostrou que a exposição ao fumo provoca o espessamento das paredes cardíacas e reduz a capacidade do coração em bombear sangue, elevando o risco de insuficiência cardíaca. A pesquisa também mostrou que quanto maior a exposição cumulativa ao cigarro, maior o dano cardíaco. O estudo acaba de ser publicado na revista Circulation Cardiovascular Imaging e divulgado pela American Heart Association.

“Os dados da pesquisa sugerem que o tabagismo pode provocar alterações diretas na estrutura e função do coração, o que pode levar a um maior risco de insuficiência cardíaca, mesmo em indivíduos que não tiveram infarto do miocárdio”, disse Wilson Nadruz Junior, professor do Departamento de Clínica Médica da FCM e autor da pesquisa.

Estudos prévios mostraram que o tabagismo está associado ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca, mesmo em indivíduos sem doenças cardíacas. Além disto, estudos realizados em modelos animais têm sugerido que a fumaça do cigarro pode provocar danos ao coração. Contudo, os mecanismos exatos pelos quais o tabagismo pode aumentar o risco de insuficiência cardíaca ainda são incertos.

A pesquisa avaliou dados de 4.580 participantes com idade média de 75,7 anos e sem sinais de doenças cardíacas de quatro comunidades americanas. Os participantes do estudo realizaram um ecocardiograma para avaliar a estrutura e função do coração e, a partir disso, foram divididos em três grupos: fumantes ativos, ex-fumantes e não-fumantes.

De acordo com a pesquisa, mesmo após levar em conta diversos fatores, como idade, raça, índice de massa corpórea, pressão arterial, diabetes, rigidez arterial e consumo de álcool, fumantes ativos tiveram paredes cardíacas mais espessas e pior função cardíaca quando comparados com não-fumantes e ex-fumantes.

“Um dado interessante foi o de que os ex-fumantes apresentaram estrutura e função cardíacas similares às do não-fumantes. Isso sugere que os efeitos potenciais do tabaco podem ser revertidos após a cessação do tabagismo. Além disso, quanto mais as pessoas fumaram, maior foi o dano ao coração, o que reforça as recomendações de que o tabagismo faz mal à saúde e deve ser evitado”, complementou Nadruz, que desenvolveu a pesquisa com apoio do CNPq durante seu período de pós-doutorado no Brigham and Women’s Hospital e Harvard Medical School. A supervisão foi de Scott D. Solomon.

Artigo

Título: Smoking and Cardiac Structure and Function in the Elderly: The ARIC Study (Atherosclerosis Risk in Communities)
Autores: Wilson Nadruz, Jr, Brian Claggett, Alexandra Gonçalves, Gabriela Querejeta-Roca, Miguel M. Fernandes-Silva, Amil M. Shah, Susan Cheng, Hirofumi Tanaka, Gerardo Heiss, Dalane W. Kitzman, and Scott D. Solomon
Publicação: Circulation Cardiovascular Imaging. 2016;9:e004950, originally published September 13, 2016, doi:10.1161/CIRCIMAGING.116.004950
Unidades: Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e Harvard Medical School
Apoio: CNPq