Edição nº 551

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Jornal da Unicamp

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Campinas, 25 de fevereiro de 2013 a 03 de março de 2013 – ANO 2013 – Nº 551

ENSINO





Embora não seja o único, a mobilidade de estudantes e professores é um dos principais aspectos no processo de internacionalização das universidades. Quais os seus planos para ampliar a experiência internacional de estudantes e professores da Unicamp, bem como para receber professores e estudantes do exterior?

Edgar Salvadori De Decca – Acreditamos que deve ser a partir de um patamar de exigência interno à comunidade, e não ditado por agências ou instituições externas, que devemos redefinir nossa política acadêmica de internacionalização, atualmente à mercê de ações pontuais e dispersas, caudatárias de mentalidade ainda subalterna, para não dizer colonizada.

Participar mais ativa e criativamente do programa Ciência Sem Fronteiras deve ser um alvo complementar. Sem prejuízo de todos os convênios vigentes e efetivos, em particular com a Europa e América do Norte, propomos uma internacionalização soberana e independente, que seja proativa em relação a parcerias em projetos de desenvolvimento com justiça social, na Ásia, África e América Latina, valendo-se de acordos e cooperações já vigentes, mas criando novos eixos, em parceria com o Estado brasileiro, mediante as agências nacionais de fomento e os ministérios pertinentes, além de instituições internacionais.

A ideia básica é propor em breve tempo ao Consu a abertura de campi avançados da Unicamp em áreas estratégicas no exterior, com a participação efetiva de nossos docentes, funcionários e estudantes.

A mobilidade de professores e estudantes é parte indissociável do desenvolvimento da Universidade, mas para que ocorra e fortaleça o processo de internacionalização, ela necessita ter suporte um institucional amplo. Temos ampliado a mobilidade de estudantes para fora, mas ainda é restrito o números de estudantes recebidos pela Unicamp. Quanto aos professores, a mobilidade tem crescido, mas é pequena a parcela dos professores mais jovens com realização de pós-doutorado no exterior e a chegada de estrangeiros para realização de estágio na Unicamp.

O intercâmbio, em especial de professores, é extremamente importante para a consolidação de uma base de acordos associados a projetos de cooperação internacional. Somente com a realização destes pontos se efetivará uma internacionalização robusta da Universidade.

Visando ampliar a mobilidade, propomos a reorganização da Cori estabelecendo duas subcoordenadorias: uma, orientada para o encaminhamento dos processos administrativos de intercâmbio, tarefa que atualmente domina as atividades da instância; e outra, com foco no desenvolvimento das relações institucionais para a realização e suporte dos acordos internacionais e de atividades conjuntas entre Universidades conveniadas.

José Cláudio Geromel – De fato, o trabalho realizado no exterior oferece ao docente e ao aluno uma percepção mais ampla de como se ensina, se aprende e se faz ciência fora dos nossos muros. Nos dias atuais, ter uma visão global dessas atividades e de suas implicações é essencial para a formação e consolidação de lideranças científicas. Nesse sentido, é preciso dar prioridade a essa atividade que consideramos estratégica. Propomos as seguintes ações: a) Expandir as atividades do Centro de Ensino de Línguas com a contratação de mais professores. Priorizar esforços para desenvolver uma estrutura moderna e eficiente que promova o ensino a distância de línguas inclusive para os estrangeiros que aqui chegam para trabalhar e estudar; b) Desenvolver dentro da Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais uma estrutura eficaz dedicada a dar suporte para os alunos e professores, brasileiros ou estrangeiros, que vise facilitar o início da estadia seja no Brasil, seja no exterior; c) Estabelecer um programa eficaz para a realização de eventos internacionais na Universidade bem como para a visita de professores estrangeiros com inquestionável liderança científica nas suas áreas de atuação; e d) Facilitar a equivalência de disciplinas cursadas no âmbito de convênios de intercâmbio estudantil.

Nosso objetivo é prover condições para que todos os participantes de intercâmbios se dediquem e se integrem o mais rapidamente possível às atividades acadêmicas e científicas que devem desenvolver e se insiram, de fato, na nossa cultura e costumes.

José Tadeu Jorge – Apesar de ser uma das mais importantes universidades do mundo, a Unicamp não tem uma estratégia clara de atuação na esfera internacional. É preciso construir uma estratégia audaciosa e compatível com a importância da Unicamp.

Por meio da internacionalização, desejamos criar alunos com comportamento participante, visão diferenciada e crítica, capazes de ponderar valores e de exercer suas atividades e influências como cidadãos do Brasil e do mundo. Queremos ampliar a prática do intercâmbio internacional de forma a que todos os que têm interesse em usufruir dessa oportunidade, façam parte da formação no exterior, orientada para temas e instituições que compartilhem da nossa estratégia de internacionalização. Promoveremos discussões permanentes sobre os destinos mais adequados para nossos alunos, de acordo com as características de cada área.

Pretendemos ainda estender a possibilidade de estágio no exterior para o aprimoramento de funcionários de apoio técnico e administrativo.

Para tanto, é necessário um grande programa de línguas que envolva o ensino das línguas estrangeiras aos nossos alunos e o ensino de português para estrangeiros. Há que se dar apoio continuado aos pós-graduandos vindos do exterior para que possam aprender e dominar nossa língua e cultura, de forma a atuarem como embaixadores do Brasil quando do seu regresso ao país de origem.

A pertinência deve também estar presente nas relações de pesquisa com instituições no exterior. Nesse sentido, há que se dar mais autonomia às unidades para que elas mesmas construam e formalizem suas colaborações, apoiando a contratação de profissionais capazes de auxiliar os docentes nos contatos e trâmites internacionais.

A Unicamp não deve se limitar a promover as relações acadêmicas com universidades estrangeiras mais destacadas do que ela própria. Muitas universidades com menos recursos nos veem com admiração, mas recebem relativamente pouca atenção. Propomos que a Unicamp tenha uma postura internacional pró-ativa, construindo relações sólidas com universidades de todos os tipos e em várias regiões do mundo.

Mario José Abdalla Saad – A internacionalização é condição essencial para que uma Universidade tenha, de fato, expressão mundial. Assim, incentivaremos de todas as formas a assinatura de acordos entre as unidades da Unicamp e instituições de ensino e fomento à pesquisa de vários países, para desenvolver ações que contribuam para a formação internacional dos seus alunos e para o avanço da pesquisa. Com relação especificamente à pós-graduação, nossa proposta é selecionar, no exterior, instituições e/ou programas mais adequados à cooperação com a Unicamp e estimular a intensificação da cooperação, por meio da dupla titulação e cotutela, bem como da criação de Overlapping Programs, nos quais parte dos créditos pode ser obtida nas instituições parceiras.

Para gerir os assuntos relativos à internacionalização da Unicamp, vamos consolidar o Comitê Assessor de Internacionalização. E para melhor atender às demandas dos brasileiros que viajam para o exterior e dos estrangeiros que pretendem vir ou já estão no Brasil, é urgente reformular a estrutura administrativa da Cori, tornando-a mais ágil e eficaz.

Entendemos também que é necessário desenvolver ferramentas computacionais que permitam matrícula antecipada e gerenciamento de vagas para estrangeiros nas turmas de disciplinas, bem como, complementarmente, ampliar a oferta de cursos de idiomas aos alunos, funcionários e professores da Unicamp, para estimular e facilitar a interação da comunidade com os visitantes.

Um ponto que merece atenção é a recepção e apoio aos estrangeiros, seja para orientá-los quanto à sua instalação no país, seja para propiciar a sua integração, por meio do aprendizado da língua e do conhecimento da nossa cultura.

Para oferecer apoio a todo esse leque de atividades, criaremos uma linha específica de financiamento a ações que visem à internacionalização, como realização de workshops e a missões de docentes para estabelecimento de programas de cooperação de interesse das unidades e da Universidade.