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Alberto Rojo conta sua trajetória

30/8/2011 – “Dedico-me diariamente às duas atividades. Eu marco no timer: vinte minutos praticando violão, uma hora e meia pesquisando e escrevendo sobre física, mais vinte minutos de violão... Há que ter muita disciplina”, brincou o físico e músico argentino Alberto Rojo, pouco antes de participar do projeto Trajetórias promovido pela Pró-Reitoria de Graduação. “Acho que existe um forte vínculo entre ciência e arte, no sentido de que vejo em ambas um processo criativo. Também procuro fazer coincidir os eventos acadêmicos com os musicais, como por exemplo, mesclando palestras e concertos nas universidades”.

Rojo faria exatamente isso na segunda-feira: falaria sobre sua trajetória de vida no horário de almoço e, às 19 horas, se apresentaria no projeto Concertos Adunicamp, no auditório da Associação dos Docentes da Unicamp. “Já estive por várias vezes em Brasília e no Rio de Janeiro para compromissos acadêmicos, mas é a primeira vez que venho a Campinas e que faço apresentações musicais no Brasil. Dei um pequeno show no sábado, no lançamento do meu livro [Borges e a mecânica quântica, publicado pela Editora da Unicamp], com gente muito entusiasmada, incluindo argentinos. Esta noite dou um concerto”.

O professor Marcelo Knobel, pró-reitor de Graduação, foi quem apresentou Alberto Rojo ao público. “É um físico argentino que tem uma trajetória muito interessante e por isso está aqui para participar desta série de palestras. Trabalha nos Estados Unidos [Oakland University, Michigan] com teoria física quântica do estado sólido e, nos últimos anos tem se dedicado muito à divulgação científica, escrevendo colunas em jornais como Crítica de la Argentina, Clarín e La Nacion. É autor de um livro muito conhecido na Argentina, Física na vida cotidiana [Siglo XXI, 2003], que já vendeu cerca de 45 mil exemplares”.

Knobel também ressaltou o reconhecimento que Rojo possui como músico em seu país. Ele estreou em 2006 como compositor sinfônico com uma peça breve no Teatro Colon, de Buenos Aires, e já tem três discos gravados como solista, sendo que Para mi sombra (Acqua Records) foi indicado pela revista Rolling Stone como um dos cinco melhores álbuns populares de 2003. Participou como violonista e compositor nos dois últimos discos de Mercedes Sosa – Corazón libre e Cantora 2.

Dono de um repertório que mistura o popular argentino tradicional com o clássico, Alberto Rojo se diz bom conhecedor da música brasileira, que influencia músicos em todo o mundo e especialmente da Argentina. “Sempre escutamos muitíssimo. Quando Vinicius foi com Toquinho à La Fusa [templo da bossa nova em Buenos Aires], em 1970, foi uma explosão musical. Tenho interesse particular por Egberto Gismonti e Villa-Lobos, que junto com Jobim são gigantes da música universal. Além disso, toquei com Mercedes Sosa, que tinha grande vínculo com os brasileiros, como Milton e Chico”.

Ao público do projeto Trajetórias, Rojo contou que foi criado em San Miguel de Tucumán, norte da Argentina, sempre escutando música e estudando ciências. “Meu pai era filósofo da ciência (um epistemólogo) e minha mãe, professora de didática da ciência. Eles me expuseram à ciência e também à música muito precocemente, daí minha afinidade. Na adolescência, lia com paixão e intensidade os grandes divulgadores científicos, como Asimov e Martin Gardner, e já maduro como cientista e intelectual, me coloquei a missão de escrever minhas próprias histórias”.

Alberto Rojo é um autodidata no violão e chegou a estudar flauta e piano em Tucumán. Depois da graduação e do doutorado em física, foi aos Estados Unidos para o pós-doc. “Simultaneamente com minha pesquisa, segui compondo músicas e estudando harmonia, composição, contraponto. Creio que para crescer intelectualmente é preciso ter estratégias políticas e humanas, como a de se relacionar com o mundo e com seus mentores. Acabei me relacionando com gente muito importante em cada campo, como Mahan e Leggett (Nobel de Física), que me valoraram muito intelectualmente”.

Rojo afirma que aprendeu desde pequeno a nunca parar de estudar e que este continua sendo seu modo de trabalhar. “Escrevendo papers ou compondo, estudo na maior parte do tempo, a fim de ter uma visão histórica da ciência e da música. Com esse trabalho simultâneo em duas disciplinas, fui decantando a ideia de que há uma profunda conexão entre arte e ciência. A ideia de que são duas visões antagônicas da realidade – uma que serve às emoções e a outra que serve à razão – me parece um tanto equivocada e superficial. E tenho muitos exemplos para refutar essa ideia”.

A propósito, a sinopse do livro Borges e a mecânica quântica traz que se trata de uma coleção de ensaios a respeito de encontros entre a ciência e a arte: “antecipações literárias de avanços científicos e instâncias nas quais o critério estético marcou o caminho de descobertas científicas. O protagonista é Jorge Luis Borges, o poeta mais citado por cientistas, que, em seu conto ‘O jardim dos caminhos se bifurcam’, antecipa de modo quase literal uma teoria científica que seria formulada anos depois: a interpretação dos muitos mundos da mecânica quântica. Os breves textos deste livro revelam conexões inesperadas e reconciliam o antagonismo superficial entre a razão e as emoções”. (Luiz Sugimoto)



 
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