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NAS BANCAS

João Bosco: um cavaleiro com seu violão

RAQUEL DO CARMO SANTOS

O músico Marcus Vinicius Scanavez Ramasotti Medeiros de Almeida: investigando a trajetória de João Bosco (destaque) (Fotos: Divulgação/Reprodução)A parceria João Bosco e Vinícius de Moraes pode não ter decolado, mas foi o autor de Garota de Ipanema que plantou no então estudante de engenharia a semente da função social da arte, semente esta que viria a frutificar no projeto artístico construído ao lado de Aldir Blanc, na década de 1970. Esta foi uma das conclusões a que chegou o músico Marcus Vinicius Scanavez Ramasotti Medeiros de Almeida em sua dissertação de mestrado apresentada no Instituto de Artes (IA).

O foco da pesquisa foi entender como um músico sem formação musical conseguiu desenvolver uma técnica violonística tão surpreendente. “Minha resposta é que, para viabilizar um projeto artístico engajado, construído em parceria com Aldir Blanc, João Bosco se viu obrigado a tocar violão de uma maneira que pudesse abrir mão de outros instrumentos acompanhantes”, acredita Marcus Almeida. “João Bosco, sozinho, consegue levar sua arte para todos os cantos, sem abrir mão da qualidade musical”.

Orientado pelo professor Marcos Siqueira Cavalcante e co-orientado pelo professor Ricardo Goldemberg, Almeida fez sua pesquisa a partir de dados bibliográficos, análise musical e entrevistas concedidas pelo músico e compositor, principalmente nos anos 1970. Na opinião do autor da dissertação, João Bosco é o que se chama de cancionista, aquele que trabalha música e letra, sem a possibilidade de dissociar um elemento do outro. Sua musicalidade é complexa e expressiva mesmo sem estar acompanhado por banda. “Para ilustrar, basta ouvir os dois primeiros discos gravados ao vivo, que, não por coincidência, apresentam João Bosco sozinho no palco, como um cavaleiro com seu violão”, afirma Almeida. 
 
João Bosco buscou referências nos músicos de bossa nova e de jazz, mas não passou por nenhuma escola formal de música. Seu início foi marcado por muitas dificuldades, queria divulgar o seu trabalho, atingir maior número de pessoas, fazendo shows, gravando discos e participando de programas de rádio e televisão, ainda como estudante de engenharia. Foi com Aldir Blanc que a perfeição chegou aos versos e melodias e a marca da preocupação social aparece em todo projeto artístico até 1986, quando se desfaz a parceria. Depois disso, João Bosco produziu muita coisa, mas segundo Marcus Almeida, do ponto de vista estético nada tão inovador.

Muitos trabalhos já foram feitos tendo como foco a obra de João Bosco, sendo que a maioria analisou, principalmente, as letras. A preocupação de Almeida, no entanto, foi com a música, particularmente a técnica violonística. O saldo musical do compositor é considerável. Foram quase 200 músicas gravadas, 23 discos e um DVD, tendo sido interpretado por cantores como Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Djavan, Milton Nascimento, além de Elis Regina, que foi a primeira a gravá-lo. “Não é para qualquer um ter uma primeira canção registrada em disco por Elis Regina. João concluiu o último semestre do curso de engenharia ouvindo Bala com bala no rádio, na voz da cantora”.

 
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