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Sistema escolar de ciclos tem desempenho
equivalente ao de séries, aponta pesquisa

Levantamento feito para fundamentar
doutorado abrangeu 110 unidades em 3 estados

MARIA ALICE DA CRUZ

A educadora Ivanete Bellucci Pires de Almeida: “Observamos que o professor é participante e entende que seu trabalho deve fazer diferença na escola” (Foto: Antoninho Perri) A Pesquisa desenvolvida para a tese de doutorado “Análise do desempenho do ensino fundamental de escolas cicladas e não-cicladas (sistema de séries)”, da educadora Ivanete Bellucci Pires de Almeida, mostra que o sistema de ciclos ensina tanto quanto o de séries. A autora analisou 110 unidades escolares públicas de Campinas (SP), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ), a partir de dados de proficiência média em leitura e matemática, trabalho pedagógico do professor e nível socioeconômico das escolas avaliadas contidos do Projeto Geres 2005. A utilização do modelo matemático Análise por Envoltória de Dados (DEA) permitiu o cruzamento de dados de aplicações de testes de leitura e matemática em 12.678 alunos do ensino fundamental dos três polos – 10.201 de escolas cicladas e 2.477 de não-cicladas. A pesquisa envolveu também 416 professores.

A tese, orientada pelo docente Luiz Carlos Freitas, da Faculdade de Educação da Unicamp, mostra que o desempenho do aluno é altamente influenciado por três características dos professores avaliados: a participação ativa do educador na concepção do projeto pedagógico da escola; a manutenção do professor na escola por mais de três anos; e a experiência de mais de três anos do professor em uma determinada série. “Observamos que entre as que se apresentaram eficientes, o professor é participante e entende que seu trabalho deve fazer diferença na escola”, acrescenta Ivanete. Ela acredita que quanto mais tempo o professor passar em uma determinada série, maior será a oportunidade de se aprimorar e isso reflete no desempenho das crianças. “É como acontece em qualquer área”, explica.

Para Ivanete, os resultados da pesquisa têm contribuição significativa na avaliação de desempenho das escolas públicas ao unir técnicas multivariadas de dados e selecionar as variáveis mais significativas para a aplicação da metodologia DEA. Essa metodologia, segundo ela, tem sido justificada pelas várias possibilidades de análise de dados que a apresenta. “Tanto a facilidade de uso como a de elaboração de cenários podem ser consideradas alguns dos motivos que fizeram com que a técnica fosse cada vez mais aplicada em diferentes áreas do conhecimento”, explica.

O modelo DEA, segundo ela, facilitou a identificação de escolas eficientes e não eficientes ao mesmo tempo em que permitiu trabalhar com múltiplos recursos e possibilitou melhores resultados para o estudo entre as cicladas e não-cicladas. “Ressaltamos que esses resultados não podem extrapolar além do conjunto de escolas pesquisadas”.

Resultados
Para chegar aos resultados de desempenho, Ivanete realizou três tomadas. A primeira, realizada em março de 2005, fase considerada como diagnóstica com aplicação das provas, foi realizada para conhecer as condições das crianças que iniciavam no sistema escolar. A segunda tomada, realizada em novembro de 2005, revelou o processo de aprendizagem que foi desenvolvido em cada escola durante o ano. Em novembro de 2006, aconteceu a avaliação dos resultados obtidos no período pesquisado.

Uma das razões dos avanços, na opinião de Ivanete, foi o incentivo à leitura. “Verifica-se salto qualitativo em relação à leitura. Isso mostra que a escola fez diferença para aluno. É uma mostra de eficiência”, explica.
Para Ivanete, a iniciativa de realizar a prova diagnóstica na implantação dos ciclos foi importante para a avaliação dos resultados e para a comparação dos dois sistemas. “É importante saber como essas crianças e como as escolas de adaptaram ao ciclo. A prova diagnóstica traçou um perfil das crianças iniciantes, pois muitas delas nunca tinham freqüentado escola”, explica.

 

Dados podem ser usados em pesquisa qualitativa

“As escolas eficientes precisam ser analisadas por especialistas em qualidade de ensino”, disse Ivanete. A pesquisadora salientou a necessidade de investigar profundamente os elementos que conduzem essas unidades à eficiência para que sejam aplicados em outras escolas.

A eficiência das escolas independe do nível socieconômico médio, segundo Ivanete. “Algumas escolas consideradas eficientes estão em lugares periféricos de seus municípios. O que pode dizer é que é possível na periferia, com condições adversas, fazer trabalho significativo com os alunos, desenvolver um trabalho que faça diferença na vida do aluno”, enfatiza.

Quanto à estrutura, as escolas também se igualam nos Estados pesquisados. “Observamos que a escola pública é muito parecida no que diz respeito à estrutura física: tem os professores, um coordenador pedagógico, um diretor, um vice-diretor e os alunos em média com a mesma idade. Não existe marca que indique superação entre uma ou outra”, acentua.

 

 

 
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