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Unicamp aprimora seletividade do vestibular

Mudanças vigorarão no próximo exame e vão promover
a atualização acadêmica eprogramática

MANUEL ALVES FILHO

Renato Pedrosa, coordenador da Comvest: medidas foram exaustivamente analisadas e amplamente debatidas (Foto: Antoninho Perri) A Universidade fará mudanças no Vestibular Nacional Unicamp (VNU) com o objetivo de promover a atualização acadêmica e programática e aprimorar a seletividade do certame. As alterações, que valerão para o próximo exame, voltado aos ingressantes de 2011, incluem a substituição das questões dissertativas pelas de múltipla escolha e a ampliação de um para três textos referentes à redação, provas que constituem a primeira fase. Na segunda fase, os candidatos responderão a 24 questões dissertativas em cada um dos três dias, relativas a três áreas do conhecimento: Matemática (12) e Língua Portuguesa e Literatura (12), Ciências da Natureza (8 de Física, 8 de Química e 8 de Ciências Biológicas) e Ciências Humanas e Artes (pelo menos 8 de História e 8 de Geografia, 6 de Língua Inglesa e até 2 entre Filosofia, Sociologia e Artes). “Estamos convencidos de que essas modificações aprimorarão o nosso processo de seleção, cuja qualidade sempre foi muito elevada”, afirma o coordenador da Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest), Renato Pedrosa.

De acordo com ele, a revisão do vestibular vinha sendo discutida pelo menos desde 2005, dentro de um processo permanente de avaliação instituído pela Universidade. Há questão de um ano, porém, as propostas começaram a evoluir. Até aprovação, esta semana, pela Câmara Deliberativa do Vestibular, instância responsável por esse tipo de medida, as sugestões de modificações foram exaustivamente analisadas e submetidas a um amplo debate nas unidades de ensino e pesquisa da instituição. Os dois principais pontos motivadores da revisão do certame, assinala Pedrosa, foram a necessidade de promover a atualização acadêmica e programática e de aprimorar a seletividade do exame, notadamente na primeira fase. Em relação ao primeiro aspecto, o coordenador da Comvest explica que o vestibular da Unicamp foi formulado originalmente em uma época em que o ensino médio era dividido em disciplinas tradicionais como matemática, física, química e história, entre outras. Estas, segundo Pedrosa, constituíam a estrutura das duas fases do exame.

Com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação e com o advento das novas orientações dos parâmetros curriculares, nos âmbitos estaduais e federal, ocorreu a reestruturação da educação básica. Como consequência, foram definidas três grandes áreas do conhecimento, assim divididas: Linguagem e Códigos, Ciências da Natureza e Ciências Humanas e Artes. “Havia a necessidade de adequar o vestibular da Unicamp a essa nova realidade. Além disso, nós já vínhamos discutindo a necessidade de introduzir mudanças que pudessem estimular a integração do conhecimento e a busca pela interdisciplinaridade, metas originais do nosso exame”, justifica o coordenador da Comvest. O segundo fator motivador da revisão, diz, foi a constatação de que seria preciso aperfeiçoar a seletividade do certame.

Pedrosa observa que a Universidade havia adotado algumas providências nesse sentido anteriormente, principalmente em razão do crescimento significativo do número de candidatos ao longo dos anos. “Inicialmente, todos os vestibulandos que auferiam 50% dos pontos eram automaticamente classificados para a segunda fase. Esse critério foi abandonado em 1998, pois ele nos criava um problema de logística, visto que, com a ampliação do contingente de candidatos a cada ano, nós éramos obrigados a corrigir cada vez mais provas. Assim, nós limitamos os aprovados para a segunda fase em 25 candidatos por vaga, o que na prática atingia dois ou três cursos. Depois, reduzimos ainda mais esse número, estabelecendo um teto de oito candidatos por vaga. Ainda assim, tínhamos claro que era indispensável avançar em relação ao aperfeiçoamento do modelo”, relata.

Candidatos fazem prova da primeira fase, realizada no último dia 15 de novembro: Universidade registrou número recorde de inscritos (Foto: Antoninho Perri) Tendo em vista as análises conduzidas por uma comissão designada pela Câmara Deliberativa da Comvest, atualizada duas vezes ao longo dos últimos quatro anos, a Universidade chegou finalmente a uma proposta de revisão do vestibular que contemplasse os objetivos estabelecidos. Conforme Pedrosa, os estudos indicaram a necessidade de se ampliar a primeira fase. Assim, decidiu-se por aumentar o número e a abrangência das questões e alterar o modelo de redação, que agora passará a ser composta por três textos, em diferentes gêneros. “Os vestibulandos terão cinco em vez de quatro horas para fazer a prova, com pelo menos 50 minutos para cada texto e 3 minutos para cada questão. Essas alterações somente seriam possíveis se adotássemos o formato de múltipla escolha, o que acabou sendo aprovado pela Câmara Deliberativa. Do contrário, seríamos obrigados a realizar a primeira fase em dois dias distintos, alternativa que não seria boa nem para os candidatos e nem para a Universidade”, esclarece Pedrosa.

Sobre a adoção das questões de múltipla escolha, o coordenador da Comvest assegura que o modelo não trará, como alguns podem pensar a princípio, qualquer prejuízo à avaliação dos concorrentes a uma vaga na Unicamp. “Ao contrário, dentro da proposta que formulamos, a alteração ajudará a aperfeiçoar a seleção”. De acordo com ele, do ponto de vista da análise do conhecimento e dos aspectos cognitivos demonstrados pelos vestibulandos, as questões dissertativas e de múltipla escolha se aproximam muito em termos de eficácia. “Há uma particular habilidade, que é a da escrita, que obviamente deixa de ser considerada numa prova de múltipla escolha. Entretanto, esse tipo de avaliação será feita, de maneira ainda mais efetiva, por meio da redação, que exigirá do candidato excelente domínio da língua portuguesa e elevada habilidade para formular argumentos e concatenar ideias”, pondera.

Ainda em relação à adoção do modelo de múltipla escolha, Pedrosa argumenta que, graças à ampliação do número de questões, será possível alargar a abrangência dos temas abordados e promover a interação entre as três grandes áreas do conhecimento, o que certamente permitirá uma avaliação mais aprofundada das competências dos vestibulandos. O coordenador do vestibular da Unicamp descarta a possibilidade de o “exame de cruzinhas”, como é popularmente chamado, dar maiores chances aos candidatos com grande “desenvoltura” para o chute. Segundo ele, a qualidade das questões não está associada diretamente ao formato da prova. O dirigente da Comvest reforça que está comprovado que exames de múltipla escola, desde que bem formulados, podem atingir o mesmo objetivo dos dissertativos. “O estudante que não estiver bem preparado continuará tendo dificuldades para passar à fase seguinte. Mesmo assim, na hipótese de o candidato promover uma loteria e se dar bem, ele dificilmente obterá aprovação na segunda etapa do exame, que exigirá dele mais do que ‘sorte’”, prevê.

Sobre esse aspecto, Pedrosa tranquiliza os aspirantes a uma vaga na Unicamp. Ele considera que as mudanças não tornarão o vestibular mais difícil e nem exigirá uma preparação diferenciada por parte dos candidatos. “De maneira geral, o estudante que teve um bom desempenho no ensino médio continuará tendo boas chances de ser aprovado”. Ainda em relação às novidades que serão introduzidas no certame de 2011, o coordenador da Comvest destaca que as disciplinas – e consequentemente as áreas - passarão a ter peso diferente do atual na nota final, desconsiderado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e as provas prioritárias. Nessa condição, o peso da redação, por exemplo, passa de 10% para 12,5%, o mesmo ocorrendo com Língua Portuguesa e Literatura. Já o peso da Matemática subirá de 11,7% para 15,6% (confira tabela). “Essas mudanças demonstram que o vestibular da Unicamp valorizará ainda mais habilidades como a leitura, o domínio da escrita e a capacidade analítica dos vestibulandos”, resume Pedrosa.

No que toca ao Enem, antecipa o coordenador da Comvest, o resultado do exame será usado da mesma forma como ocorre atualmente, ou seja, 20% na primeira fase. A tendência, de acordo com ele, é que a utilização desse indicador seja obrigatória para todas as instituições de ensino superior. A decisão final deverá sair em janeiro próximo. “A prova do Enem tem boa qualidade seletiva. São 180 itens de todas as áreas do conhecimento, que permitem uma boa comparabilidade nacional. Quanto mais se avalia com boa qualidade, melhor o resultado”, considera Pedrosa.

 

 
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