Apresentação de projetos marca encerramento do Ciência e Arte ‘Povos da Amazônia’

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Encerrou-se ontem (16), com uma cerimônia no Espaço Cultural Casa do Lago, a segunda edição do Programa Ciência e Arte “Povos da Amazônia” (Capam). A iniciativa, que teve início no dia 17 de janeiro, trouxe para a Unicamp estudantes de graduação da Universidade Federal do Pará (UFPA) para um mês de atividades científicas e culturais promovidas pelos pesquisadores e alunos da Unicamp. Os participantes do Capam são membros de comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e extrativistas que vieram para Campinas por meio de uma parceria entre a Pró-Reitoria de Pesquisa da Unicamp, a UFPA e o Banco Santander, que financiou as passagens aéreas, entre outros gastos.

No sentido horário:
No sentido horário: O pró-reitor de Pesquisa, João Marcos Travassos Romano; o professor Gildo Girotto, do Instituto de Química; a superintendente de Universidades do Banco Santander, Jennifer Neander e o assessor da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Unicamp Marco Aurélio Cremasco

O pró-reitor de Pesquisa da Unicamp, João Marcos Travassos Romano, que participou da mesa de encerramento representando o reitor Antonio José de Almeida Meirelles, enfatizou a importância do Capam por oferecer um momento de troca de saberes, em que foi possível tanto mostrar muito do que ocorre na Unicamp em termos de atividades científicas e culturais, como também aprender com os povos da Amazônia sobre suas práticas. “É isso o que pode fazer da Unicamp de fato uma universidade verdadeiramente inclusiva, que significa uma universidade vocacionada para ser uma instituição profundamente brasileira”, comentou.

Além do professor Romano, também participaram da cerimônia o assessor da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Unicamp Marco Aurélio Cremasco, representando o pró-reitor de Extensão e Cultura, Fernando Coelho; a professora da UFPA Jane Felipe Beltrão, que preside o comitê de seleção do edital Capam; a superintendente de Universidades do Banco Santander, Jennifer Neander; e a pró-reitora de Pesquisa e de Pós-Graduação da UFPA, Maria Iracilda da Cunha Sampaio.

De acordo com a professora Maria Iracilda Sampaio, todos os alunos selecionados para o Programa Ciência e Arte “Povos da Amazônia” têm um excelente histórico escolar. A docente relata que, como parte do processo seletivo, os estudantes escreveram cartas – que irão se transformar em um livro, futuramente –, demonstrando o desejo de participar do Programa, além de relatos acerca das dificuldades enfrentadas para a permanência na Universidade. “Cerca de 80% dos nossos estudantes são alunos de baixa renda, mas eles não representam alunos de baixa renda e, sim, suas respectivas ancestralidades. A UFPA tem essa característica de ser uma universidade pública do povo paraense e da região amazônica. Temos muito orgulho de sermos uma universidade muito inclusiva.”

Após a mesa de abertura, os participantes apresentaram os projetos desenvolvidos ao longo das cinco semanas do Programa.  Ao todo, foram 20 estudantes oriundos de cursos das áreas de exatas, humanas, biológicas e saúde, de oito campi da UFPA.  

A cerimônia de encerramento da segunda edição do Capam ocorreu no Espaço Cultural Casa do Lago
A cerimônia de encerramento da segunda edição do Capam ocorreu no Espaço Cultural Casa do Lago

Troca de saberes

Ao longo desse pouco mais de um mês de atividades, os 20 alunos selecionados para o Programa Ciência e Arte “Povos da Amazônia” participaram de atividades ligadas a quatro projetos de pesquisa, cada um com cinco participantes, o que incluiu oficinas científicas e culturais. Uma dessas atividades foi a Oficina de Experimentação em Química e Saberes Tradicionais, ministrada pelo professor Gildo Girotto, do Instituto de Química (IQ) da Unicamp. As atividades promoveram troca de experiências sobre as formas com que cada comunidade aplica produtos de uso comum.

“Foi muito rica essa troca, porque muitas vezes a gente tem uma visão de que está fazendo uso de um conhecimento ressaltando a cultura tradicional, mas está na verdade silenciando essa cultura”, afirma o docente. “Por exemplo, a gente trabalhou com o urucum, que tem substâncias utilizadas na química de cosméticos como protetores solares. Mas, para alguns desses povos, o urucum é uma planta sagrada, que sobrevive a diferentes intempéries. Eles têm uma relação diferente [com a planta], utilizando o urucum como uma planta que previne doenças. E isso não é para falar que um está certo e o outro, errado, mas para entender que são métodos e objetivos diferentes no uso desses conhecimentos”, diz.

Entre os estudantes selecionados para o Programa, estavam Gabriel Braga, do quarto ano de Odontologia, que participou de um projeto sobre Saúde, e Jamile de Souza Costa, do terceiro ano de Licenciatura em Dança, que esteve em um projeto sobre Geociências. Eles relatam que o Capam foi uma experiência incrível, que permitiu adquirir novos conhecimentos e ter contato com outras culturas. “O intuito agora é ampliar um pouco mais meus horizontes e levar o que conheci para dentro da minha comunidade quilombola, Gibriés de São Lourenço, algo que eu acho que vai ser muito válido. Quero me formar e voltar para a Unicamp para, quem sabe, fazer um mestrado aqui”, conta Jamille.

No sentido horário: estudantes participam da cerimônia de encerramento; a professora da UFPA Jane Felipe Beltrão, que preside o comitê de seleção do edital Capam;    
No sentido horário: o estudante do quarto ano de Odontologia da UFPA, Gabriel Braga; a presidente do comitê de seleção do edital Capam, Jane Felipe Beltrão; a aluna do terceiro ano de Licenciatura em Dança da UFPA, Jamile de Souza Costa e a pró-reitora de Pesquisa e de Pós-Graduação da UFPA, Maria Iracilda da Cunha Sampaio 

Já Gabriel, que é indígena da etnia Baré, de São Gabriel da Cachoeira (AM), conseguiu estabelecer parcerias entre as universidades para pesquisas futuras e espera conseguir levar alunos da Unicamp, especialmente indígenas, para conhecerem a UFPA. “O nosso projeto foi no laboratório de biologia molecular do câncer, com a doutora Laura Sterian Ward. Foi algo bem voltado para nossa região, com projetos de pesquisa em plantas medicinais e doenças tropicais, que afetam muito a Amazônia. Foi possível fazer uma grande parceria com as doutorandas dela, que abriram grandes portas", revela.

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Audiodescrição: imagem colorida, a esquerda o pró-reitor de Pesquisa, João Romano, falando ao microfone, a ao centro está uma mesa com quatro participantes do evento (Foto: Antonio Scarpinetti)

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