Estudantes são premiados com pesquisa sobre celulose bacteriana para uso na indústria e biomedicina

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Um projeto do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, que desenvolve celulose a partir de resíduos da indústria de suco de laranja, foi premiado com medalha de ouro no International Genetically Engineered Machine Foundation (IGEM), em Paris, na França. O resultado da pesquisa, defendido por uma equipe multidisciplinar, teve a orientação e coordenação da professora Elizabeth Bilsland, do IB, e o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec). O evento, que acontece desde 2004, neste ano foi sediado em Paris, na França, onde a equipe brasileira teve êxito, no final de outubro.

Segundo a professora, o IGEM é uma competição de biologia sintética, que teve início em Boston, com 5 equipes e 31 participantes. A Unicamp foi a primeira universidade brasileira a participar do evento, em 2009, junto com 113 equipes e um total de 1840 pessoas; ela retornou em 2011, conquistando ouro em ambas as competições. “Infelizmente, não participamos do evento desde então, mas inspiramos equipes de diversas universidades brasileiras, como a Universidade de São Paulo, a Universidade Estadual Paulista, a Universidade Federal do Amazonas, a Universidade Federal da Bahia e a Universidade Federal de Minas Gerais”, avalia.

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O evento, que acontece desde 2004, neste ano foi sediado em Paris, na França, onde a equipe brasileira teve êxito, no final de outubro

A coordenadora do projeto da Unicamp explica que o grande foco do IGEM é mostrar que a biologia sintética não se restringe à disciplina. Segundo ela, um dos pontos centrais da competição é a prática humana integrada. “Isso significa que os projetos devem ser baseados nas necessidades da comunidade local e desenvolvidos em colaboração com a sociedade. Essa troca deve ocorrer ao longo de todo o projeto, com atividades de extensão e projetos educacionais no final”, comentou.

O projeto da Unicamp conseguiu o apoio da Proec destinado a iniciativas de extensão, o que, segundo a professora, foi fundamental para que pudessem participar do evento. Ela explica que a ideia inicial sofreu várias adaptações para atrair interesses de alunos. “No início da nossa jornada, tivemos muitas dificuldades em despertar a atenção de professores das áreas de humanas e exatas para o IGEM, pois muitos consideram que a competição é restrita à biologia”, disse ela.

“Para contornar esse obstáculo, decidimos atrair alunos de humanas e exatas criando o ‘Clube de Biologia Sintética’ e a disciplina EX011. São as competições em biologia sintética que atraíram alunos dos cursos de filosofia, computação, química e engenharia química”, explica. Para a professora, ainda há um longo caminho a ser aprimorado nas participações futuras da equipe denominada “Unicamp Brazil”, mas a conquista da medalha de ouro abriu esse espaço.

Produto puro e versátil

A professora está otimista quanto à utilização do produto premiado para a população. Ela explica que a celulose bacteriana é um produto extremamente puro e versátil, com aplicações na área da construção civil, de vestuário, embalagens, aditivo em alimentos e na biomedicina e área médica – neste último caso, ele é utilizado no tratamento de queimaduras ou feridas profundas e no cultivo de células da pele.

O projeto sofreu uma readaptação, tendo sido redirecionado para estudos com a bactéria chamada Kombucha para a produção de celulose a partir de resíduos da indústria de suco de laranja. “Nossa ideia é, no futuro usar, a celulose bacteriana como arcabouço para o cultivo de órgãos”, aponta ela.

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A celulose bacteriana é um produto extremamente puro e versátil, com aplicações na área da construção civil, de vestuário, embalagens, aditivo em alimentos e na biomedicina

Projeção internacional

Para o pró-reitor de Extensão e Cultura, Fernando Antônio dos Santos Coelho, é extremamente importante o apoio da Proec para iniciativas como a do IGEM. “Esse apoio é importante não só por projetar a Universidade no cenário internacional com essa medalha de ouro, mas como forma de levar nossos alunos a realizarem atividades com interações externas à universidade", comemora.

Coelho considera que esse tipo de projeto reúne pesquisa, ensino e aplicação social com clareza e exatidão acerca da extensão universitária. Ele ressalta que a Unicamp tem dado importância a esses tipos de apoios sistemáticos da Proec, como no caso das Olimpíadas de Matemática e de História. “Contribui de uma forma eficaz não só para melhorar a qualidade da formação dos alunos, mas também interagir efetivamente com o aprendizado e resultados na comunidade do entorno da Unicamp”, concluiu Coelho.

A integrante da equipe Unicamp Brazil Michele De Vuono Geismar Petineli, do IB, enaltece a conquista. “Após muitos anos sem marcar presença, é significativo poder trazer um projeto de tamanha magnitude para representar a Universidade. O time Unicamp Brazil nasceu com a motivação de fazer a diferença, encontrando soluções possíveis para problemas reais”, comentou a graduanda. Para a estudante, ter um grupo variado permitiu um maior intercâmbio de conhecimentos e refletiu no impacto final do projeto.

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Foto ilustrativa da aplicação do produto na pele; estudos com uma bactéria chamada Kombucha para a produção de celulose a partir de resíduos da indústria de suco de laranja

Popularizar a biologia sintética

Outro integrante da equipe, Eduardo Menoti Silva, explicou que a competição internacional anual, além de explorar as possibilidades dessa área de pesquisa, surgiu no contexto de expandir e popularizar a biologia sintética, evoluindo com a avaliação e humanização dos projetos desenvolvidos. “Isso vai desde a comunicação transparente do que está sendo feito, dos impactos para as comunidades-alvo e como as equipes incorporaram no seu trabalho as necessidades dessas comunidades, até possíveis implementações dos resultados finais”, define ele.

Menoti informou que a competição acontece em ambiente virtual, mas todas as equipes apresentam seus resultados no “Grand Jamboree”, evento sediado pela organização em Paris, em que as equipes têm a oportunidade de conversar umas com as outras e com grandes empresas de biotecnologia que utilizam a biologia sintética em suas rotinas.

Segundo Menoti, o projeto defendido pela Unicamp surgiu das recém-descobertas propriedades de biopolímero na confecção de curativos eficientes no tratamento de queimaduras. Ele explica que a equipe Unicamp Brazil se propôs a oferecer uma solução através de um biorreator simples que, quando expõe as bactérias à luz, produz celulose para confecção de curativos em centros médicos que atendem pacientes com queimaduras graves.

“Além do mérito acadêmico para a universidade, essa conquista representa a capacidade dos estudantes, que não deixaram a desejar frente às universidades de maior prestígio do mundo e demonstraram que muito pode ser feito no país caso a ciência receba a prioridade que deveria”, contextualizou Menoti.

Os estudantes interessados em compor a equipe Unicamp Brazil ou em ter informações sobre a competição e sobre Biologia Sintética podem entrar em contato com Michele pelo e-mail da medalhista Michele (m242048@dac.unicamp.br).

Equipe Unicamp Brazil:

Michele De Vuono Geismar Petineli - Ciências Biologias (IB)

João Eduardo Levandoski - Mestrando em Engenharia Química (FEQ)

Brenda Cristina de Souza - Ciências Biológicas (IB)

Eduardo Menoti Silva - Ciências Biológicas (IB)

Larissa Fernandes Monteiro - Mestrando em Genética e Biologia Molecular (IB)

Brena Thays Amorim Menezes - Mestrado em Química Orgânica (IQ)

Marina Ferreira Maximo - Bacharelado em Química (IQ)

Yugo Mafra Kuno - Doutorando em Engenharia Elétrica (FEEC)

Gabriel Silva Pires - Mestrado em Biologia Vegetal (IB)

Christiane de Paula Ribeiro Silva Campos - Mestrado em Genética e Biologia

Molecular (IB)

Ninón Melany Flores Barrios - Mestrado em Biologia molecular e morfofuncional (IB)

Katherine B. Marchesan - Ensino Médio

Lucas Miguel de Carvalho - pós-doutorando (IC)

Professora Elizabeth Bilsland – Instituto de Biologia

Veja o vídeo sobre o projeto que foi apresentado no IGEM:

 

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Grupo foi premiado com medalha de ouro no International Genetically Engineered Machine Foundation (IGEM), em Paris, na França

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