Varredura não encontra carrapatos na Praça da Paz da Unicamp

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Análise feita nesta quarta-feira (27) por técnicos da Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) do Departamento de Vigilância Sanitária (Devisa), da Prefeitura de Campinas, não detectou a presença de carrapatos na Praça da Paz (campus de Barão Geraldo da Unicamp). O trabalho de coleta de exemplares do parasita ocorreu pela manhã, com a instalação de armadilhas em diversos pontos da praça – uma área verde de 53.000 m2.

Os técnicos informaram, no entanto, que vão repetir a varredura do local ao longo de um período que pode variar de três a seis meses, tempo indicado quando não há captura de carrapatos.

A ação da UVZ ocorre depois da confirmação da morte de uma pessoa de 30 anos de idade, no final de junho, em decorrência da febre maculosa. De acordo com um laudo do Devisa, a Praça da Paz seria o “local provável de infecção”. Campinas registrou neste ano cinco casos positivos da doença, com três mortes.

A varredura foi realizada na manhã desta quarta (27). Dois métodos de captura foram usados pelos técnicos. Em um deles, o grupo da vigilância espalhou cubos de gelo seco (gás carbônico congelado) em uma determinada área e cobriu essa área com um pano branco.

Análise feita por técnicos da Prefeitura de Campinas não detectou a presença de carrapatos na Praça da Paz
Análise feita por técnicos da Prefeitura de Campinas não detectou a presença de carrapatos na Praça da Paz

Segundo a bióloga da UVZ Angela Santicialli, ao ser colocado no ambiente, o material passa ao estado gasoso, o que simula a presença de respiração animal. “É como se simulássemos a eliminação do gás carbônico pela respiração. O carrapato percebe esse processo e vai buscar a fonte, pois entende que se trata de um hospedeiro”, explica a bióloga.

Os parasitas acabam subindo no pano e são capturados. O gelo seco demora cerca de duas horas até evaporar por completo e, por conta disso, o pano é retirado depois de uma hora e meia de exposição.

Foram seis armadilhas desse tipo instaladas em diferentes pontos da Praça, em sua maioria, em áreas de sombra. “Os carrapatos não gostam muito de sol, porque desidratam”, explica a especialista.

A segunda técnica é a do arrasto – que consiste numa operação simples de arrastar um pano branco pelo chão, amarrado a uma haste ou corda. “Essa armadilha é a mais adequada para capturar formas imaturas do carrapato – casos do micuim e do vermelhinho”, explica a bióloga. “Em geral, conseguimos capturar os carrapatos que estão nas pontas das folhas.”

Terminada a fase de coleta, os técnicos fazem a contagem e a identificação, para determinar o grau de infestação. Santicialli lembra, no entanto, que se trata de um retrato do momento, já que a população pode variar muito conforme a época do ano e os estágios de vida dos parasitas.

Febre maculosa – Nessa fase do processo, não se determina a presença, nos carrapatos, da bactéria que provoca a febre maculosa; determina-se apenas a presença ou não dos vetores da doença (os carrapatos). Segundo a bióloga, aquela avaliação ocorre posteriormente e de outras maneiras. Ela explica que, se os testes para identificar a presença da bactéria derem negativo, isso significa que o causador da febre maculosa não está em circulação. Tal fato ocorre porque, no tipo de coleta feita hoje na Unicamp, a amostragem é imprecisa, considerando que menos de 1% dos carrapatos estão infectados. “Por isso essa atividade (a verificação da presença da bactéria) nem é prevista na Vigilância Acarológica. A detecção das bactérias é feita por outros meios: por meio do monitoramento dos casos em seres humanos e por meio da sorologia em animais, geralmente em capivaras e em cavalos”, explica ela.

Cuidados - A Prefeitura do Campus da Unicamp garante que continuarão em vigor os alertas para que os frequentadores da praça e de outras áreas verdes adotem medidas de prevenção e para que tenham cuidado.

O médico infectologista Plinio Trabasso, assessor da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU), lembra que os sintomas iniciais da febre maculosa são muito parecidos com os de várias outras doenças e que, por conta disso, é importante que as pessoas que procurem as unidades de saúde informem se estiveram ou não em zonas de risco, como áreas de mata ou outras áreas verdes.

Além disso, os profissionais do Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) e do Hospital de Clínicas (HC) foram orientados a redobrarem a atenção no caso dos protocolos de avaliação para o diagnóstico da doença. “O quadro é inespecífico”, afirma. “Por isso, a equipe precisa estar atenta ao fato de que estamos na época de ocorrência da febre maculosa de modo a incluir essa possibilidade nas hipóteses diagnósticas.”

Segundo Trabasso, as equipes devem perguntar objetivamente, ao levantar o histórico clínico do paciente, se ele esteve em algum local reconhecido como de risco para a presença de carrapatos – como matas e acampamentos – ou em áreas em que já tenha sido registrada a ocorrência da doença.

A Divisão de Meio Ambiente da Prefeitura do campus, por sua vez, irá ampliar a campanha de orientação voltada a funcionários, docentes, estudantes e visitantes, espalhando faixas e cartazes de alerta pelo campus e divulgando informações sobre como proceder ao frequentar as áreas verdes da Universidade.

Sintomas - Os sintomas da febre maculosa aparecem de forma repentina de dois a 15 dias depois de a pessoa ter sido mordida por um carrapato infectado. O mais comum é que surjam em um prazo de sete a dez dias.

Os sinais mais frequentes são febre alta, dor de cabeça e no corpo, mal-estar, diarreia e, posteriormente, manchas avermelhadas na pele. Na evolução da doença, podem ocorrer hemorragias e vômitos.

O tratamento deve ser iniciado em no máximo cinco dias contados a partir do surgimento dos primeiros sintomas. Passado esse período, o quadro clínico tende a agravar-se, e há risco de que os medicamentos não surtam mais efeito.

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Prefeitura do Campus da Unicamp seguirá com alertas para que os frequentadores da praça e de outras áreas verdes adotem medidas de prevenção

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