Estão abertas as inscrições para curso sobre escrita de textos memoriais

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Estão abertas as inscrições para o curso “Construindo a memória através da escrita – Método Inumeráveis”, que visa a formar escritores para homenagearem vítimas da Covid-19 com algum tipo de relação com a Universidade. São 40 vagas gratuitas oferecidas pela Escola de Extensão da Unicamp (Extecamp). O curso terá 15 encontros, realizados às terças-feiras, das 14h às 17h, em que serão abordados temas como o luto, o trabalho com a memória e a valorização da diversidade nas memórias escritas, técnicas de apuração, redação e edição de memoriais. As inscrições podem ser feitas em www.memorialcovid19.unicamp.br/CursoInumeraveis. As aulas começam em 23 de agosto.

O curso é uma das estratégias elaboradas pela Universidade visando à construção do Memorial Unicamp Covid-19, projeto iniciado no fim de 2021 com a finalidade de preservar a memória dos que sofreram as consequências da pandemia. Ele será realizado em parceria com o Projeto Inumeráveis, memorial que registra histórias de vítimas da Covid-19 em todo o país, criado por voluntários movidos pela ânsia de impedir que essas histórias fossem ignoradas. 

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Marcelo Terra Cunha e Gabriela Veiga explicam que o objetivo do curso é formar voluntários para implementar o projeto Inumeráveis na Unicamp (foto: Antoninho Perri)

"Percebemos que as pessoas estavam sendo tratadas como números e quisemos fazer um contraponto a isso. A solução foi escrever as histórias de quem havia falecido", explica Gabriela Veiga, uma das idealizadoras do projeto. O grupo se estrutura em frentes de trabalho, desde o contato com famílias enlutadas, apuração das histórias, redação e edição dos textos. Milhares de histórias estão reunidas no site do projeto, que já contou com mais de 600 voluntários. Segundo Gabriela, além de prestar homenagens às vidas perdidas, a ação é positiva para os familiares e para os voluntários. "Logo no início, entramos em contato com Ana Quintana, que se tornou nossa especialista em luto, e ela nos explicou que a fala e a escuta fazem parte da elaboração desse processo. Entendemos, então, nosso trabalho como uma cura social, coletiva, de que também estávamos precisando". 

A ideia é que os participantes do curso reproduzam na Unicamp a prática da escrita de memoriais de membros da comunidade acadêmica ou de pessoas com alguma relação com a Universidade. "O Inumeráveis vem fazendo isso com a excelência que buscamos, com respeito e cuidado baseados no mote de que 'ninguém é apenas um número'. Não podemos esquecer que, por trás de cada número, há uma pessoa e uma história, existem amigos, famílias. Contar essas histórias é algo que o Inumeráveis faz de forma brilhante, além de desenvolver técnicas para dar continuidade a isso", analisa Marcelo Terra Cunha, professor do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) e organizador do projeto. 

Para que erros não se repitam

Formado por uma série de iniciativas, o Memorial Unicamp Covid-19 busca desenvolver projetos com foco em três metas principais: prestar tributos aos que faleceram vítimas da Covid-19 e possuíam alguma ligação com a Unicamp; homenagear os que trabalharam e continuam atuando no combate à doença; e preservar essa memória para que novas gerações não repitam os erros cometidos na gestão da pandemia. 

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Marcelo Terra Cunha: "É uma obrigação da Universidade estabelecer essa interação, ser um lugar de respeito à ciência e à memória" (foto: Antoninho Perri)

"Praticamente toda a sociedade brasileira concorda que houve muitos erros ao longo da pandemia. Se, por um lado, ela envolve aspectos naturais, por outro, a reação a ela é uma questão social. É uma obrigação da Universidade estabelecer essa interação, ser um lugar de respeito à ciência e à memória. Isso é o que queremos construir com esse memorial. As próximas gerações precisam ter acesso ao que foi esse período da história, no qual aconteceram várias coisas que precisam ser trabalhadas", reflete Marcelo. 

Após mais de dois anos de pandemia, o avanço da vacinação, a melhora nos índices de saúde e a flexibilização de medidas sanitárias, tanto o Memorial Unicamp quanto o Inumeráveis identificam a necessidade de evitar que tantas histórias sejam esquecidas. "A sociedade está se descolando do tema. Por isso, focamos em outro ponto, produzir essas memórias como forma de protesto e de cura. Não é mais uma ação que diz 'não são apenas números', mas também 'nós não vamos esquecer'. É um ato político, aspecto que gerou uma grande sinergia com a Unicamp", lembra Gabriela. 

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"Entendemos nosso trabalho como uma cura social, coletiva, de que também estávamos precisando", comenta Gabriela Veiga (foto: Antoninho Perri)

O curso é aberto a todos os interessados em contribuir com a construção do Memorial Unicamp Covid-19. No ato da inscrição, os candidatos deverão redigir um texto breve explicando suas motivações e seu interesse pelo projeto. "Queremos que os inscritos estejam dispostos a se juntar a nós na etapa seguinte ao curso, que será criar o Inumeráveis Unicamp e sermos capazes de identificar cada história de pessoas da comunidade acadêmica que perdemos e que precisa ser resgatada, no sentido mais amplo possível", detalha Marcelo. 

Memórias que são de todos 

As memórias e experiências que o Memorial Unicamp Covid-19 busca homenagear são diversas. Desde o sofrimento dos que contraíram a doença e a angústia de familiares e amigos, até o sentimento de impotência frente ao vírus desconhecido, a pandemia mostrou o quanto o respeito, a empatia e a memória são sentimentos valiosos para superar a tristeza e a dor. Com o desejo de aplacar esse sofrimento logo no início da pandemia, as enfermeiras do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp Márcia Candura e Bruna Dias criaram um projeto em que familiares podiam escrever cartas aos pacientes internados na UTI Covid do hospital. Elas eram recolhidas pelas equipes de saúde da unidade que, respeitando os cuidados para evitar contaminações, liam as mensagens aos internados. “Independentemente de estarem sedados ou não, as cartas poderiam ser um consolo para ambos e uma forma desses pacientes sentirem que não foram esquecidos pelos seus familiares”, relata Márcia. 

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Bruna Dias e Márcia Candura, enfermeiras do HC Unicamp. Iniciativa de ler cartas aos pacientes levou conforto a quem estava internado e aos familiares (foto: divulgação HC Unicamp)

As profissionais refletem que a iniciativa surgiu com a ideia de contribuir para o bem-estar de pacientes e familiares, mas teve também como resultado um consolo para os momentos difíceis vividos pelos profissionais do hospital. “Era uma forma de os familiares ressignificarem aquele momento difícil através das palavras. Quando nos demos conta, profissionais não só da enfermagem, mas os fisioterapeutas e médicos, também já estavam lendo as cartas para os pacientes. Foi uma motivação para nós da UTI. A partir das cartas, dávamos conta da luta que não podíamos perder, pois aquelas famílias eram como as nossas”, lembra Bruna. 

Para elas, a pandemia continua deixando marcas. No entanto, as lições trazidas podem nos orientar para o futuro. "Aprendemos a buscar por conhecimentos, a trabalhar em equipe, ouvir e prestar mais atenção ao outro", reflete Márcia. "Ainda temos muito a aprender porque essa pandemia ainda não acabou e outras podem vir. Espero que nós, profissionais da saúde, estejamos mais preparados para cuidar do ser humano. Como família, como parte da sociedade e de todo o universo".

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Bruna Dias: "A partir das cartas, dávamos conta da luta que não podíamos perder, pois aquelas famílias eram como as nossas" (foto: divulgação HC Unicamp)

 

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