Alunos da Unicamp ajudam a erguer nova sede de ocupação

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O material usado na construção permite que a edificação seja transportada e erguida em outro local, caso a ocupação mude de endereço
Com o devido acompanhamento jurídico, a obra foi erguida com madeira de eucalipto, MDF resistente à água e ao sol e telhas cimentícias

Estudantes de coletivos de dois cursos da Unicamp – o Móbile (Arquitetura e Urbanismo) e o Dínamo de Engenharia Popular (dos cursos de Engenharia) – participaram da construção da nova sede da Ocupação Nelson Mandela, no Distrito Industrial, em Campinas. Representantes da Arquidiocese de Campinas e de outros grupos da sociedade civil também integraram o projeto, coordenado pela comunidade local.

Espetáculos de dança e de música, além de exposição de fotos retratando as etapas da obra, marcaram a inauguração da nova sede, no último dia 25. O material usado na construção permite que a edificação seja transportada e erguida em outro local, caso a ocupação mude de endereço. A antiga sede veio abaixo há nove meses após um temporal.

Phamela Rocha, coordenadora da ocupação, destacou que a materialização do projeto só foi possível graças aos esforços conjuntos. “O pessoal de fora se organizava aos finais de semana e revezávamos na obra. Os almoços foram coletivos, os grupos organizados e movimentos populares ajudaram na mão de obra e na vaquinha. Houve muita ajuda para tirarmos esse sonho do papel”, comemorou.

Segundo Tamires Baptista, também coordenadora da ocupação, os recursos para a obra foram arrecadados por meio de uma vaquinha online iniciada em novembro do ano passado. Paralelamente, integrantes do coletivo Brigadas Populares contataram os alunos da Unicamp, responsáveis pela elaboração do projeto. 

“A sede sempre foi o coração da comunidade. Reerguê-la era nossa prioridade”, diz Tamires, cujo envolvimento com a ocupação data de 2016. Ao longo de seis anos, a coordenadora testemunhou uma reintegração de posse, em 2017, e a subsequente mudança para uma nova área. 

Foram arrecadados R$ 20 mil com a vaquinha. Participaram entidades, movimentos populares e parceiros já atuantes na ocupação, entre os quais o Núcleo de Economia de Francisco e Clara, da Arquidiocese de Campinas, que também organizou bazares para a obtenção de recursos. “Pretendíamos fazer uma padaria, mas, por falta de local adequado, destinamos o dinheiro para a sede. Nossa prioridade é o desenvolvimento”, conta Márcia Molina, coordenadora do núcleo arquidiocesano.

Mutirão realiza intervenção artística na parede frontal da nova sede
Comunidade se mobiliza para realizar intervenção artística na parede frontal da nova sede

Projeto de extensão universitária

De posse dos recursos para a compra do material, os alunos da Unicamp iniciaram os trabalhos. Luana Costa, do quarto ano do curso de Arquitetura e Urbanismo e integrante do Coletivo Móbile, explica que a entidade adota o modelo de projeto participativo, cuja estrutura é horizontal, sem liderança.

Formado por alunos da graduação, o grupo reúne docentes e arquitetos experimentados entre os apoiadores. “Atuamos de forma independente em comunidades sem acesso a serviços de arquitetura. Trata-se de um projeto de extensão da Universidade”, afirma a estudante.

Colega de Luana no Móbile, a também quartanista Nayara Reis entusiasmou-se com a oportunidade de colocar em prática, pela primeira vez e em mutirão, conceitos aprendidos na sala de aula. “Adquirimos muito conhecimento”, revela. “Foi uma experiência desafiadora e empolgante”. 

No sentido horário, Lucas Soltermann, professor de box olímpico; Nayara e Luana, do Móbile; Tamires Baptista e Phamela Rocha, coordenadoras da Ocupação Nelson Mandela e Márcia Molina (ao centro) do Núcleo Economia de Francisco e Clara  
No sentido horário, Lucas Soltermann, professor de box olímpico; Nayara e Luana, do Móbile; Tamires Baptista e Phamela Rocha, coordenadoras da Ocupação Nelson Mandela e Márcia Molina (ao centro) do Núcleo Economia de Francisco e Clara  

Embora estimulante, Luana ressalva que o processo foi complexo e, não raro, difícil. “Não dá para romantizar”, assevera, lembrando que, a despeito de seu conhecimento teórico, os dez alunos que participaram do projeto não tinham experiência prática.

A troca de informações com membros da comunidade foi fundamental para que soluções consensuais fossem alcançadas . “O conhecimento de muitos moradores foi essencial para deixar o projeto em pé. A construção foi coletiva”, lembra.

Segundo Luana, o projeto inicial do Móbile, depois de contato feito em 2020 pelo Coletivo Dínamo, dos cursos de Engenharia, previa uma horta e um parque infantil. Porém, constatou-se que a construção da nova sede era prioritária para os moradores da ocupação.

Com o devido acompanhamento jurídico, a obra foi erguida com madeira de eucalipto, MDF resistente à água e ao sol e telhas cimentícias. O piso foi elevado, para evitar alagamentos e atenuar os efeitos da deterioração causada pelas enxurradas.

Nayara revela que o projeto foi sendo adaptado segundo as necessidades da comunidade. “Os moradores queriam uma brinquedoteca, dado o grande número de crianças na ocupação, e uma cozinha para que as mulheres pudessem fazer pães e promover oficinas. Assim foi feito”, afirma a estudante da Unicamp.

A inauguração do novo centro comunitário foi festejada por Lucas Soltermann, professor de boxe olímpico e membro do Brigadas Populares. Segundo ele, as aulas do esporte para crianças eram ministradas em local descoberto e sem iluminação. “Com a nova sede, os alunos ficarão protegidos. Será possível também guardar os equipamentos e promover rodas de conversas”, comemora.

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Coletivos de dois cursos – o Móbile (Arquitetura e Urbanismo) e o Dínamo (Engenharia Civil) – participaram da construção 

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