Unicamp aprova título de Professor Emérito Post Mortem a Mohamed Habib

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foto mostra auditório do conselho universitário
Concessão do título foi aprovada pelo Conselho Universitário nesta terça-feira (29/3) (foto: Antoninho Perri)

O Conselho Universitário (Consu) da Unicamp aprovou nessa terça-feira (29/3) a concessão do título de Professor Emérito Post Mortem a Mohamed Ezz El-Din Mostafa Habib. O docente aposentado do Instituto de Biologia (IB) faleceu em 26 de janeiro de 2022, em decorrência de um câncer. 

"O histórico acadêmico, profissional e pessoal do professor Mohamed Habib, sua dedicação ímpar ao nosso país, à Unicamp, à docência, à investigação científica e a atividades de extensão, em especial, seu comprometimento com a qualidade científica, com a ética nas relações humanas, com as causas sociais e humanitárias e seu comportamento como cidadão brasileiro, fazem dele um exemplo a ser seguido por nossa universidade e por nossos jovens colegas", ressaltou o parecer emitido pela Comissão Especial que analisou a proposta. Ela foi composta pelos professores Ítala D'Ottaviano, Christiano Lyra Filho e Guilherme Henriques, e presidida pelo professor Julio Hadler Neto. 

Ao longo de sua carreira nas ciências biológicas, Habib destacou-se nas áreas de preservação ambiental, agroecologia e desenvolvimento sustentável. Na gestão universitária, trouxe inovações na  extensão universitária, aproximando-se das causas sociais. Fernando Coelho, pró-reitor de Extensão e Cultura, salientou seu protagonismo na criação do Fórum dos Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Ensino Superior Brasileiras (Forproex). "Ele teve uma liderança muito grande na formação do grupo que hoje discute e formula as principais políticas de extensão do país", comentou. 

O reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, recordou a entrega recente do diploma de Professor Emérito a Carlos Joly, também docente do IB, e destacou o compromisso de ambos com a preservação ambiental e com a sociedade. "Existem elos interessantes nas carreiras dessas pessoas. Além de excelentes professores, pesquisadores, formadores de pessoas, tiveram a capacidade de falar para a sociedade, de representarem nossas conexões civilizatórias com o Brasil", pontuou. 

Carreira de destaque em causas humanas e ambientais

Mohamed Habib nasceu em Port Said, no Egito, em 25 de janeiro de 1942. Quinto dos nove filhos de Faika Bohran e Mostafa Mostafa Habib, ingressou aos 17 anos na Universidade de Alexandria para cursar Engenharia Agronômica. Pela mesma instituição, obteve o título de Mestre em Entomologia em 1968, com ênfase em controle biológico. Entre 1965 e 1971, foi pesquisador do National Research Centre na cidade do Cairo. 

foto mostra professor mohamed habib
Mohamed Habib (1942-2022) trouxe contribuições para diversas áreas da vida universitária na Unicamp

Após a morte do líder egípcio Gamal Abdel Nasser, em 1970, o país viveu uma sucessão de crises políticas que fizeram com que Habib, então com 31 anos, decidisse sair do Egito. A nova pátria escolhida foi o Brasil, onde chegou em agosto de 1972 em busca de uma oportunidade junto às universidades brasileiras. Acolhido na Unicamp por Zeferino Vaz em outubro do mesmo ano, Mohamed Habib foi admitido como professor de Entomologia do IB em março de 1973. Pela Universidade, concluiu o Doutorado em Ciências Biológicas em 1976 e obteve o título de Livre-docente em 1982, tornando-se Professor Titular em 1986. 

Ao longo de sua carreira no IB, destacou-se nas áreas de entomologia, ecologia aplicada, controle biológico, pragas agrícolas, agroecologia e educação ambiental. Teve também importante atuação em órgãos nacionais e internacionais, como a Secretaria Estadual de Agricultura de São Paulo, Conselho Estadual do Meio Ambiente, Ministério da Agricultura, Embrapa, Instituto de Pesquisas da Amazônia, CTNBio e Organização Mundial da Saúde. Ainda no IB, foi chefe do Departamento de Zoologia e Diretor da Unidade nas gestões 1990-1994 e 2002-2005. Formou mais de 40 mestres e doutores e sua produção científica reúne mais de 200 trabalhos publicados em todo o mundo. 

Habib teve uma atuação importante na institucionalização da extensão universitária na Unicamp e na ampliação da visibilidade dos projetos desenvolvidos junto à comunidade. Esteve à frente da então Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (PREAC) entre 2005 e 2012. Como pró-reitor, foi responsável pela condução de projetos que contribuíram para a integração da Unicamp com a sociedade e incentivaram a cultura extensionista entre docentes e pesquisadores, por meio de congressos e fóruns e com a busca de apoio em editais da Capes e dos Ministérios da Educação (MEC) e da Cultura (MinC). 

Em sua gestão na PREAC, foi inaugurado o CIS-Guanabara (Centro Cultural de Integração e Inclusão Social), espaço de preservação da memória ferroviária de Campinas e palco de diversas atividades de extensão e cultura da cidade. Também ampliou o diálogo entre as universidades do Estado de São Paulo em prol da extensão e incentivou diversos programas de inclusão social e economia solidária. 

Mohamed Habib foi Coordenador de Relações Internacionais da Unicamp entre 1998 e 2002. Sua defesa da cultura de paz e do diálogo inter-religioso foram importantes nos debates sobre o Oriente Médio nos anos 1990 e 2000. Ele teve presença constante na mídia analisando os conflitos árabe-israelenses, os eventos de 11 de setembro de 2001 e a chamada "Primavera Árabe", entre 2010 e 2011. Na busca por ampliar o diálogo intercultural, esteve à frente do Instituto de Cultura Árabe do Brasil como vice-presidente (2008-2012) e presidente (2015-2019). 

Entre os diversos prêmios e homenagens que recebeu ao longo de sua vida, foi reconhecido pelo Município de Campinas com os títulos de "Grande Defensor da Ecologia", em 1984, e "Cidadão Campineiro", em 1999. Em 2000, recebeu o prêmio "Personalidade Brasil 500 Anos", concedido pelo Centro Empresarial Cultural do Estado de São Paulo. Foi homenageado também, em 1998, pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos da Presidência da República, com a medalha "Direitos Humanos, o Novo Nome da Liberdade".

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foto mostra sala do conselho universitário com a mesa diretora ao fundo

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Atualidades

A honraria foi aprovada por unanimidade pelo plenário da Câmara Municipal de Campinas 

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Cultura & Sociedade

Antonio Meirelles: "O jovem Apollo nunca andará por estas calçadas, e não sei se ele – como o nome indicava – iria gostar de esportes e ser um grande atleta ..."

O coral leva um repertório de música popular brasileira, com as canções da parceria Toquinho e Vinícius, e o samba paulista de Adoniran Barbosa