Lançado projeto voltado para a saúde, doença e cuidado na perspectiva dos estudantes indígenas da Unicamp

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Na última semana de novembro, o Laboratório de Práticas Alternativas, Complementares e Integrativas em Saúde (Lapacis) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp lançou o projeto de pesquisa Saúde, doença e cuidado na perspectiva dxs alunxs indígenas ingressantes nos cursos de graduação da Universidade Estadual de Campinas. A iniciativa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi anunciada em encontro remoto transmitido ao vivo pelo Canal da FCM no Youtube.

Assista o evento na íntegra 

O encontro foi conduzido pelo coordenador do Lapacis, Nelson Felice de Barros. Participaram o diretor da FCM, Luiz Carlos Zeferino; o doutor em Antropologia Indígena e fundador do Centro de Medicina Indígena de Manaus, João Paulo de Lima Barreto Tucano; a coordenadora do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) da Unicamp, Mariana de Freitas Neri; a representante da Comissão Assessora para Inclusão Acadêmica e Participação dos Povos Indígenas da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (Caiapi-DEDH), Joceli Rimoli, e a estudante do segundo ano em Ciências Sociais da Unicamp e representante do Diretório Central dos Estudantes Indígenas, Marcela Torres Pankararu.

Segundo Nelson de Barros, com as primeiras edições do vestibular indígena da Unicamp, em 2018, as fronteiras interculturais do meio acadêmico foram expandidas. O confronto nos modelos de pensar, vivenciar, significar e ressignificar os sentidos atribuídos à saúde, à doença e ao cuidado trouxe à tona a necessidade de compreender tais processos a partir da perspectiva indígena, tendo em vista o acesso integral dessa população à Saúde, garantida pela Política Nacional de Atenção dos Povos Indígenas.

Desde 2018, passamos a discutir a diáspora indígena na Unicamp, com a reunião de etnias provenientes de diferentes lugares do país, aldeados ou não, hoje vivendo e compartilhando suas experiências na Universidade”. Esses foram, segundo Barros, os pilares de sustentação de seu estudo.

O antropólogo Paulo de Lima Barreto Tucano falou sobre a importância da oralidade para os indígenas. “Construímos nosso conhecimento e nossas relações pela palavra. Palavra para nós é objetivo. Como o bisturi serve ao médico para cortar o corpo, assim é a palavra para o indígena - a palavra corta o corpo. O corpo é microcosmo, a síntese de todos os elementos que existem, e que, com ele, estabelecem uma teia de relações cosmopolíticas, políticas, econômicas e sociais”, disse.

Barreto destacou o importante papel da Unicamp, de valorizar a contribuição dos acadêmicos indígenas ao incorporar seus conceitos na Universidade. “Os povos indígenas sempre foram vistos como desprovidos de conhecimento, de ciência e de tecnologia. Como outros povos, os indígenas foram julgados pela falta das coisas, pelo ponto de vista do colonizador”, apontou.

A coordenadora do SAE, Mariana Neri, descreveu as dificuldades da instituição frente a esse intercâmbio. “A maioria dos professores, infelizmente, espera que os indígenas se adaptem à academia. Poucos estão abertos à flexibilização. A interação cultural ainda é mais teórica do que prática”, observou. Ela vê a atuação do serviço de assistência social como fundamental à permanência dos estudantes indígenas. “Os assistentes sociais do SAE realizam um trabalho muito próximo a esses estudantes e acabam se tornando seus verdadeiros ponto de apoio na instituição”, comentou.

Joceli Rimoli, representante da Caiapi, enalteceu o trabalho das redes de apoio aos acadêmicos indígenas na Unicamp. “O que me encanta nesta causa, de acolher e contribuir para o acesso do estudante indígena, é saber que foram constituídas redes muito solidárias. Existem redes nos campi de Campinas e Limeira, e redes que se conectam com movimentos sociais indígenas”, destacou.

Uma luta travada na caneta! ” Assim definiu a estudante do curso de Ciências Sociais e representante do Diretório Central dos Estudantes Indígenas da Unicamp, Marcela Panakararu, o acesso dos estudantes indígenas à Universidade. “A gente se prepara muito. E a universidade também deve se preparar para nos receber. São alunos indígenas oriundos de diversas etnias e diversas partes do Brasil”, frisou.

O lançamento desse projeto é o início de um novo ciclo. Teremos a oportunidade de transferir conhecimento e também aprender com os povos indígenas”, disse o diretor da FCM, Luiz Carlos Zeferino, em apoio à iniciativa coordenada pelo professor Nelson de Barros através do Lapacis.

Matéria original publicada no site da FCM da Unicamp.

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Iniciativa do Laboratório de Práticas Alternativas, Complementares e Integrativas em Saúde (Lapacis) da FCM será financiada pela Fapesp

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