Consu aprova dois novos Professores Eméritos

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O Conselho Universitário (Consu) da Unicamp aprovou, em 30 de novembro, a concessão do título de Professor Emérito a Bernardino Ribeiro de Figueiredo, ex-diretor e pesquisador do Instituto de Geociências (IG), e a Carlos Alfredo Joly, professor titular aposentado e pesquisador do Instituto de Biologia (IB).

O reitor Antonio José de Almeida Meirelles parabenizou os agraciados. “É muito importante que o órgão maior da Universidade reconheça o trabalho, a dedicação e a relevância do trabalho dos dois novos eméritos em favor da ciência e em benefício da sociedade”,afirmou. O reitor aproveitou para elogiar os relatórios produzidos pelas comissões de análises.

O primeiro relatório analisado era dedicado ao professor Bernardino. Feita a votação, a recomendação foi aprovada. A comissão de análise foi presidida pelo professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) Júlio Hadler (IF). Na sequência, foi lido o relatório sobre o professor Joly pelo presidente da comissão, professor do IFGW Carlos Henrique de Brito Cruz

Bernardino Figueiredo coordenou projeto de grande envergadura, financiado pela Fapesp, denominado “Paisagens Geoquímicas e Ambientais do Vale do Ribeira”
Bernardino Figueiredo coordenou projeto de grande envergadura, financiado pela Fapesp, denominado “Paisagens Geoquímicas e Ambientais do Vale do Ribeira”

O geólogo Bernardino

O professor Bernardino Ribeiro de Figueiredo foi o segundo diretor do Instituto de Geociências (IG), cargo que ocupou entre 1989 a 1993. Tranquilo, generoso e compreensivo, assim o descrevem colegas e ex-alunos, sem ignorar o currículo nada modesto do docente.

Tendo iniciado seus estudos em geologia na USP, viu-se obrigado a se exilar no Chile, em 1969, em função de sua participação no movimento estudantil, foco de resistência contra a ditadura no Brasil. Impossibilitado de concluir o curso na Universidade de São Paulo (USP), retomou os estudos na Universidade do Chile. Ali deu início à carreira profissional na área de Geologia Econômica e Metalogênese. Com o golpe militar do general Pinochet em 1973, ele, sua esposa Leda Gitahy e seu filho de 5 meses foram presos. Sob a proteção do Comissariado de Refugiados das Nações Unidas (ACNUR), foram transferidos para um campo de refugiados na Suécia. A família se estabeleceu em seguida em Uppsala, onde residiram até 1980.

Nos períodos de férias, Bernardino trabalhava para o Serviço Geológico da Suécia e para a empresa de mineração Boliden AB. Com a aprovação da Lei de Anistia em 1980, regressa ao Brasil, já contratado pela Unicamp, após contatos iniciais com Amílcar Herrera. Posteriormente, colaborou também com a implantação da Universidade Federal do Oeste do Pará e no Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica da UFPA.

Como pesquisador, empenhou-se para que os resultados de suas pesquisas se transformassem em políticas públicas em nível nacional e internacional, notadamente na área de Geoquímica Ambiental e Geologia Médica. Em 2001, sua obra Minérios e Ambiente foi indicada ao Prêmio Jabuti e classificada entre os dez melhores livros na categoria Ciências Exatas, Tecnologia e Informação. Bernardino aborda ali a importância do conhecimento detalhado das fontes de metais para uma gestão dos recursos minerais com responsabilidade ambiental e social, visão até então pouco comum entre geocientistas.

Na Unicamp, coordenou um projeto de grande envergadura, financiado pela Fapesp, denominado “Paisagens Geoquímicas e Ambientais do Vale do Ribeira”, integrado por quinze pesquisadores das áreas de Geologia, Química, Saúde e Comunicação, de várias instituições, entre as quais o Instituto de Geociências e a Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Iniciado em 2002 e com duração de três anos, esse projeto originou outros de temática similar, financiados por Fapesp, CNPq e Capes, e aos quais se dedicou até 2019.

Bernardino dedicou 39 anos de sua carreira acadêmica à Unicamp, mesmo após sua aposentadoria, em 2014. A preocupação com a interdisciplinaridade, a cooperação e a relação com a sociedade é uma constante em sua trajetória. Contribuiu para a formação de 22 mestres, nove doutores e dois pesquisadores pós-doutores. Apresentou dezenas de trabalhos em eventos científicos nacionais e internacionais. Suas pesquisas resultaram em 60 artigos, 4 livros e 23 capítulos de livros. Por sua contribuição acadêmica na Unicamp, recebeu duas vezes o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico “Zeferino Vaz”, em 1997 e em 2006. Foi diretor do IG entre 1989 e 1993, Diretor Presidente da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp) e Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) da Unicamp.

O que mais me deu prazer na implantação do IG foi selecionar pessoas, porque o sucesso de uma instituição está nas pessoas. Precisamos formar o geólogo do século 21. E para isso a questão ambiental é fundamental. Optei por trabalhar com geociências e meio ambiente, uma preocupação vem desde a origem do IG. Uma linha ambiental que sirva à população foi uma constante na minha vida”, disse Bernardino. Como mensagem aos alunos da Unicamp, propõe: “Vamos resistir. Precisamos ser resilientes”.

Alvaro Crósta, docente do Departamento de Geologia e Recursos Naturais e vice-reitor da Unicamp entre 2013 e 2017, ressalta a personalidade inovadora de Bernardino, e seu pioneirismo em áreas como a geologia médica. O agora professor emérito foi responsável pela sua implantação no Brasil, com um projeto da Fapesp voltado para o estudo da contaminação de chumbo de populações locais em função de antigas minas que operaram no Vale do Ribeira. “Foi um projeto modelar, com grande impacto na sociedade. Essa era a marca do Bernardino – pensar a geologia e as ciências da terra e seus impactos para o ser humano”, define Crósta.

Sérgio Queiroz, docente do DPCT, lembra que Bernardino assumiu a direção do IG em um momento delicado, tendo conduzido muito bem o Instituto naquele período. “Sempre que havia discussões importantes sobre o futuro da Universidade, buscava-se saber o que o Bernardino pensava”, conta Queiroz.

Carlos Joly editou 12 livros, fez o inventário florestal da vegetação do Estado de São Paulo e criou as diretrizes para conservação e recuperação da biodiversidade no Estado
Carlos Joly editou 12 livros, fez o inventário florestal da vegetação do Estado de São Paulo e criou as diretrizes para conservação e recuperação da biodiversidade no Estado

Carlos Joly e a criação de um dos maiores programas sobre biodiversidade do mundo  

O Professor Emérito Carlos Alfredo Joly, professor titular aposentado do Instituto de Biologia, é um dos criadores do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (Biota-Fapesp).

Joly se graduou em Ciências Biológicas na Universidade de São Paulo (USP) em 1976, fez mestrado na Unicamp em 1979, ano em que se tornou professor na universidade. Concluiu seu doutorado em 1982 na área de ecofisiologia vegetal, na University of St. Andrews, na Escócia. Atuou como professor e pesquisador de ecofisiologia vegetal e conservação da biodiversidade. Professor titular na Unicamp desde 1997, Joly aposentou-se em 2017 pelo Departamento de Biologia Vegetal. Editou 12 livros, fez o inventário florestal da vegetação do Estado de São Paulo e criou as diretrizes para conservação e recuperação da biodiversidade no Estado.

Várias obras do professor Joly têm não só impacto científico e acadêmico, como influenciaram políticas públicas para conservação ambiental no país. Sua atividade como professor trouxe uma contribuição excepcional para os estudantes, mas a atividade de maior impacto intelectual, científico e social que ele liderou foi a consolidação do Programa Biota, um dos mais bem-sucedidos da Fapesp e um dos maiores programas de pesquisa sobre biodiversidade do mundo”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, ex-diretor científico da Fapesp, durante a defesa do parecer no Consu.

Em 1999, juntamente com o Naercio Menezes, Joly propôs ao Conselho Superior da Fapesp a criação de um programa de pesquisa para mapear a biodiversidade do Estado de São Paulo. Era o começo do Programa Biota-Fapesp. Em meio a compromissos com o projeto, Joly foi informado da decisão do Consu, e se disse muito feliz em receber a honraria. “Foi uma grande alegria”, disse Joly à Agência Fapesp. “Produzir ciência também se reflete em fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas. O Programa Biota tem conseguido transitar entre a geração do conhecimento e sua aplicação. Em nosso Estado, felizmente, isso tem evoluído muito desde 2008, quando foi produzido um guia de áreas prioritárias de conservação. Desde essa época há uma parceria muito forte com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, que evoluiu para lançarmos editais de pesquisa em conjunto”, explicou Joly.

Ex-aluno e diretor do Instituto de Biologia, André Freitas não poupou elogios a Joly. “Ele foi decisivo para o sucesso alcançado pelo Biota. Isso se deve a uma atuação fora dos muros da universidade. É o reconhecimento da carreira de um acadêmico que também reflete fora da academia, com atuação decisiva em benefício da qualidade de vida dos cidadãos”, finalizou Freitas.

A professora do Instituto de Computação, Claudia Bauzer-Medeiros, destacou a aprovação unânime do nome de Joly. Em seus 26 nos de atuação no Consu, foram poucas as vezes, segundo ela, em que um nome foi aprovado dessa forma. “Também gostaria de ressaltar que, mesmo aposentado, ele continua muito ativo na formulação de projetos de reconhecimento mundial. É um prêmio mais do que merecido”, elogiou a professora Claudia.

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Carlos Joly (Instituto de Biologia) e Bernardino Figueiredo (Instituto de Geociências) receberão o título em data a ser definida

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